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2008/05/26

Re: uma dúvida liberal

À dúvida liberal de Paulo Ferreira na câmara dos comuns apenas podem existir respostas baseadas em conjunturas dado que o mercado é demasiado complexo para ser explicado e antecipado.

Chamo a atenção para alguns factores que são pouco levados em atenção.

Em primeiro lugar há que colocar em questão as premissas do problema. Uma premissa é o facto de que o indicador de reservas estar no seu ponto máximo.

  1. O nível de reservas é calculado colocando no numerador as reservas conhecidas e economicamente viáveis e no numerador o consumo actual.
    O valor do petróleo tem a ver muito mais com o consumo futuro do que com o consumo passado. Factores como o crescimento cada vez mais confirmado da Índia e da China e o "não Aquecimento global" são levados em conta.
  2. Existe um factor conjuntural nos mercados financeiros. Existe uma deslocação de capitais dos mercados imobiliários. Uma das alternativas são as commodities. Investimentos neste mercado tornaram-se relativamente mais atractivos.
  3. O entorno político e regulatório à escala global. O movimento político e regulatório associado ao aquecimento global está a arrefecer acompanhando a tendência das temperaturas. Menos penalizações para o mercado e menos subsídios políticos para mercados alternativos, maior valor do petróleo. Mais consumo e menos concorrência de alternativas.
  4. A sustentabilidade do mercado continua a ser confirmada com a contínua descoberta de novas reservas, desenvolvimentos tecnológicos que permitem maior eficiência na extracção e transformação e a falta de competitividade das alternativas. A falta de credibilidade das alternativas é aqui um factor muito importante e que pode alterar todo o jogo no sentido contrário. O que aconteceu neste último ano com a subida do preço de bens usados para a produção de etanol apenas reforça o valor do petróleo.
De qualquer forma a resposta liberal no mercado é deixar o mercado funcionar com o mínimo de intervenção. Escassez relativa trará preços altos que por sua vez trarão alternativas e/ou redução de consumo. É como o mercado funciona, não há excepções à realidade.

2008/05/21

Taxiconomics (2)

Seguindo o mote de Joaquim no Portugal contemporãneo...

Dentro do paradigma actual o problema do mercado de serviço a Táxi é complexo. Podia ser de muito simples resolução, mas com o actual paradigma não é.

Hoje a estrutura de custos dos taxistas está em mercado aberto e concorrencial (tanto quanto é possível em Portugal), porém a estrutura de receitas é completamente regulada. Adicionalmente existem barreiras legais à entrada na oferta, que tanto quanto sei são fracas e poucas barreiras à saída dado que o activo principal é bastante transaccionável.

Dentro do paradigma actual o Estado tem de facto de ter em atenção à estrutra de custos do sector já que regula aos preços. Se a estrutura de custos se altera significativamente tem duas soluções. Ou repercute nos preços regulados ou tenta mitigar o impacto na estrutura de custos. Isto assumindo que quer manter o status quo de rentabilidade e de volume de oferta no sector.

Se não mexer nas variáveis de custos que controla(IA, IVA, ISP, PEC, IRC) nem nas tabelas de preços o que irá acontecer naturalmente será que o volume de oferta irá diminuir. Menos táxis e menos taxistas nas ruas.

Diminui receitas, aumenta preços de Táxis ou vê o sector a contrair. Nenhuma alternativa simpática.

A alteração de paradigma é simples. Porque não liberalizar os preços? Até pode deixar uma agência certificadora pública, a que cujos aderentes se comprometem a determinado nível de serviço e preços. Mas opcional. Os taxistas podem optar e os clientes também poderão optar. Se a estrutura de custos se altera-se o mercado adaptarse-ia, sem necessidade de intervenção do estado.

Nada disto é revolucionário e simplifica todo o problema. Basta mudar de paradigma. Em vez de perguntarmos o que é que o Estado deve fazer, devemos perguntar o que é que o Estado deve deixar de fazer.

2008/05/06

Passos Coelho?

Volto de férias e ouvi falar da candidatura de Passos Coelho. Passei de revista os blogs favoritos.

Depois de ler os excertos da entrevista de Passos Coelho referenciados pelo Adolfo no A Arte da Fuga e por ver o apoio declarado por mais nem menos do que o Rui Albuquerque o mínimo que tenho de fazer é tentar saber mais sobre este candidato. Saber muito mais e rápido.

Ainda é desta que me filio em um partido...

2008/04/09

Cotovelo



There is a lot of self-congratulatory compliments of ex-Atlântico members going on today in the blogosphere. I was one of the few bloggers who wrote about the end of Atlântico and did not have a good word about the project. I still don't. I cannot accept people who run campaigns against other people and insult them simply because they disagree about ideas.

(...)

These people were not merely anonymous commentators of the blogosphere. (...) Without discussion they thought they had the truth and I was wrong and they considered this difference to be a good reason to call me all the names coming to their minds. I find such behaviour unacceptable. Thumbs down to them.

As for who is wrong or right, one thing is certain. The market has already produced its verdict about them and the verdict is: they were wrong. As for me, it remains to be seen.
Pedro Arroja atirou-se vorazmente ao prato frio da vingança contra alguns membros do colectivo do blog de suporte à revista Atlântico que ousaram dirigir-se-lhe (1, 2, 3) em termos que não passaram o seu crivo (que, como sabemos, é particularmente fino).

A vingança é, contudo, totalmente compreensível (e até previsível), mesmo que se possa estranhar de um propalado liberal a confusão do todo de uma revista com alguns dos responsáveis e colaboradores. Afinal, Pedro Arroja nunca escreveu para a dita publicação, e há certamente derrotas argumentativas e comentários duros e acintosos que devem ser bastante duros de engolir. Assim, mais uma vez, a ânsia de aproveitar a oportunidade e disparar sobre alguns elementos da lista dos que lhe fizeram a vida difícil no passado toldaram-se o discernimento.

Pedro Arroja afirma que o "mercado" escrutinou quem estava certo, se ele ou a dita revista. Deixou para si o julgamento de tal ainda não lhe ter ainda acontecido.

Estará concerteza esquecido. Afinal, todos nos lembramos que, ainda não há muito tempo, o mesmo Pedro Arroja foi corrido sem apelo nem agravo do blog colectivo onde participava, que acumula mais visitas e tem os artigos lidos por mais olhos do que os que passaram por todas as edições somadas da referida revista.

Ficamos então esclarecidos (e tranquilos). O mercado decidiu, e podemos estar certos que, por aplicação do próprio critério Arroja, Pedro Arroja está errado.

2008/03/28

Momento de solidariedade com o Miguel Duarte

Há quem nos acuse de sermos menos que simpáticos para com o MLS por estas paragens.

Não pude contudo deixar de ficar estarrecido e chocado com as palavras (com negritos meus) do Hugo Garcia para com o Miguel Duarte, respectivamente vice-presidente responsável pela política do movimento e o seu presidente:

Miguel,
O que tu estás a fazer não tem nada a ver com opiniões políticas.

Tem simplesmente a ver com incentivar o ódio.


Tu não mostras todos os lados do Islão. Tu nunca colocas textos a mostrar coisas boas ou o mal que existe contra eles.

A tua posição é simplesmente de ódio, que tenta encontrar um argumento para a destruição do islamismo fomentando o ódio que já existe.

Se existe alguma forma de acabar com violência e ódio é através do diálogo, que é o oposto daquilo que tu fazes constantemente.

Podes vir com argumentos de Liberdade de comunicação ou liberdade de expressão, mas primeiro tinhas que saber o que palavras como comunicação ou expressão querem dizer.

Se no congresso sobre democracia e desenvolvimento tivesses ouvido o discurso do Lord Alderdice, em vez de estares a fazer lobby, tinhas percebido que:

1- a violência é a comunicação dos que não têm voz
2- a única forma de acabar com a violência é abrindo os canais de comunicação
3- que nunca se deve gerar o ódio dentro do nosso grupo contra o outro, porque isso apenas conseguirá aumentar o ódio de ambos os lados.

Experimenta ler um livro de Amin Maalouf, como as identidades assassinas ou as cruzadas vistas pelos árabes e depois vem me dizer que não és racista.
Já agora, tenta ler o Mein Kampf ou a bibliografia do Hitler para perceberes como essa tua estratégia tem muito mais a ver com a dos nazis.

Porque também eles tinham muitos argumentos contra os judeus, tal como tu tens hoje.
A diferença é que o Hitler era um líder e conseguiu espalhar o seu ódio.
Basicamente (e apropriadamente ao assunto em questão), o que Maomé não disse do toucinho.

Fica a dúvida sobre o que é que Hugo Garcia está a fazer na direcção do movimento, quando acha que o seu líder e principal face é merecedor dos adjectivos e representável da forma como o descreve.

Ou está a candidatar-se, de forma consequente com as suas palavras, ao lugar de Goebbels?

2008/03/17

Vénia

Vénia a quem merece.

A democracia não sendo um fim, é um meio incontornável.

2008/02/29

4 anos de Blasfémias

O Blasfémias foi um dos blogues que me ensinou a gostar da blogosfera e que, ainda hoje, apesar da falta de tempo disponível, continua como leitura diária (bidiária, tridiária,..) obrigatória. Entre o anarco-capitalismo e o liberal-socialismo, foi nas discussões com o João Miranda, e nas leituras que ia fazendo para me manter ao seu nível, que me fui formando ideologicamente. Porque ainda há muitas mentalidades a mudar, porque a formação ideológica é, e deve ser, um processo contínuo (quem nunca muda ideologicamente, ou está absolutamente certo ou é muito estúpido), os meus desejos hoje, em dia de aniversário, é que continuem por muitos anos. Nós, os leitores, cá estaremos para os desafiar, para aprender e para nos mantermos todos mais informados.

2008/01/29

9 em cada 10 estrelas da política roubam ideias políticas ao MLS

Já não é novidade nenhuma que tudo o que é políticos de renome vem a este blog buscar ideias políticas, mas agora também vão procurar às moções que são chumbadas na nossa Assembleia Geral.

Hugo Garcia.

2008/01/25

Blasfémias MkII

Após semanas de bloqueio injustificado e autista por parte do Blogger, os blasfemos encheram-se e, exercendo a sua mui liberal liberdade de expressão e o seu "voto com a carteira", mudaram de armas e bagagens de casa, agora para domínio inteiramente dedicado e abraçando o Wordpress como plataforma.

Fica aqui o alerta àqueles que, como eu, não dispensam a sua consulta diária e que, em grande parte, nasceram para a Blogosfera por seu intermédio, para actualizarem link e feed para blasfemias.net.

2008/01/20

Confusões à esquerda

Quando se dá o monopólio da força ao estado, está-se, em boa verdade, a atacar uma liberdade negativa, e a defender uma liberdade positiva. Os cidadãos são impedidos de coagir, agredir, usar a força. São também impedidos de furtar. Em nome da sua segurança - a liberdade positiva de saber que não pode chegar um indivíduo mais forte no meio da rua e bater-me porque lhe apetece.

Note-se bem: promove-se uma liberdade positiva à custa da violação de liberdades negativas.
Assim de vez em quando, a esquerda-utilitarista-socialista-republicana-laicista lembra-se dos liberais, e decide por produzir uma ou outra falácia ou entreter-se em experiências pensadas políticas no planeta Kashyyyk, demonstrando que o esforço de pedagogia encetado pela blogosfera liberal lusa ainda tem muito por onde prosseguir.

Apesar das conclusões do passado, às vezes vale a pena não ficar calado, e expor o que deve ser exposto. Como por exemplo, o que é anunciado no excerto acima. A grande confusão feita pelo João Vasco, em primeiro lugar, é a de que nenhum liberal considera que cada indivíduo "dá" o monopólio da força ao estado, duma forma que limita as suas liberdades negativas em nome de algum exercício de liberdades positivas. Por duas razões: a primeira, a de que um indivíduo não "dá" nada ao estado, antes delega, no exercício da sua autonomia e da da sua liberdade, essa competência no estado, aceitando de sua iniciativa um conjunto de regras que regem essa delegação; a segunda, o facto de essas liberdades serem, em termos liberais, por definição inalienáveis.

Os cidadãos não são "impedidos de coagir, agredir, usar a força" (o que seria, segundo a minha leitura das palavras do João Vasco, na sua opinião uma limitação de liberdades negativas em prol de uma liberdade positiva) porque, por definição, esses comportamentos não são liberdades negativas! Já qualquer liberal aceitará que, em certas situações, esses comportamentos sejam legítimos como mecanismo de defesa dessas suas liberdades negativas do exercício positivo da liberdade de um terceiro.

O entendimento que esse processo de delegação é uma limitação de liberdades negativas é, portanto, tão absurdo como defender que o arrendamento de uma propriedade é uma limitação ao direito de propriedade. Que quando alguém arrenda uma casa (e por conseguinte, exprime o compromisso de lá não entrar, por exemplo), está de alguma forma a ficar limitado no seu direito absoluto sobre essa propriedade.

Quanto ao cenário apresentado, por pouco interessante e útil que eu possa considerar esse género de exemplos - o liberalismo não é, para mim, nenhuma teoria universal, é um sistema para humanos no planeta Terra - tem uma resposta para mim simples em termos liberais. Espero que o próprio João Vasco partilhe da noção de que a "via A" que propõe não têm nada a ver com liberalismo.

Quanto à segunda opção, aceito perfeitamente que seja a resposta liberal ao problema.

Mas mais interessante do que responder ao problema, seria avaliar o que seria apresentado como solução alternativa pelo João Vasco. Deixe-me a mim, desta vez, contar a história do Carrafeu convertido em esquerda-utilitarista-socialista:
Passados vários meses de Ordem liberal, os prejuízos nas lojas dos 29 acumulam-se. Depois de Laura ter aberto a sua casa de strip, e de ter conseguido aliciar alguns 29 a perderem a cabeça e aceitarem pagar o preço obsceno da admissão ao estabelecimento da Laura, o negócio vai mau, e alguns lojistas até acabaram por ceder os seus negócios a Laura como pagamento pelos seus serviços.

Mas de entre os 29, há um tipo que é mais esperto que os outros. Eskerdov, conhecido subscritor do feed da Esquerda Republicana, convoca os outros e propõe o seguinte: que se juntassem todos e convocassem eleições para uma assembleia constituinte. Nessa assembleia, por maioria qualificada, foi posteriormente aprovado como artigo da constituição de Carrafeu um artigo que conferia ao estado de Carrageu, agora criado, o direito de legislar em questões de sexualidade, estritamente para a promoção do bem comum e da igualdade entre sexos.

A nova constituição foi aprovada com grande júbilo, apesar dos veementes protestos de Laura na campanha para a formação da constituinte, e durante a discussão do artigo em causa.

Passada uma semana, houve eleições. Eskerdov, entretanto caído no goto dos 28, assumiu a liderança da lista vencedora, elegendo os 5 membros do conselho legislativo, e presidindo como novo presidente da república aos destinos de Carrafeu, em estrito cumprimento da sua constituição. Como primeira medida, Esquerdov e o conselho proibiram as armas, e confiscaram as existentes para uso do estado e da sua polícia, para a qual foram escolhidos 8 cidadãos.

Apesar de o sucesso de Laura já ter entretanto mudado a opinião de 15 pessoas, o conselho delibera democraticamente, por maioria e no cumprimento da constituição, que é permitido aos cidadão ver o corpo dos outros.

Entrada em vigor a nova lei, e recusando-se Laura a aceitá-la, é arrastada para a praça dos actos públicos pela polícia, sendo forçada em estrito cumprimento da lei e da ordem a despir-se.

2008/01/08

O que tu queres sei eu

Em política doméstica, para além das balbúrdias conspiracionistas em que a seita virtual dele se mete, temos que o principal mecanismo de operação política «Paulina» é o constitucionalismo literal. Para ele se uma medida não for explícita e previamente autorizada pela constituição como ele a interpreta não só se manifesta contra, como crê que o governo não tem sequer autorização para o fazer. Ora seguir uma constituição às cegas não é por si só «co-terminus» com uma liderança ética ou uma boa governação. Um bom líder executivo requer uma visão mais abrangente.

Filipe Brás Almeida.

2008/01/07

O poder democrático do meu clube foi ignorado

O liberalismo tuga começou o novo ano de 2008 confundido.

Enquanto no próprio primeiro dia do ano proclamava o Dia da Liberdade, e louvava a canção do amanhã feito presente, bastaram quatro dias para proclamar solenemente a morte da Democracia.

Afinal, a tal de democracia que ainda há tantos dias prestava serviços e préstimos tão úteis e defensáveis na causa do aborto e na causa materializada na nova lei do tabaco, deixou de agradar.

Aparentemente a tal da democracia, a boa, que permitia determinar o que era vida humana com direito a personalidade jurídica e protecção pela lei, e que era boa para determinar o que é que cada um pode ou não deixar fazer na sua propriedade a pessoas que avisadamente lá entram, agora, aqui d'el-Rei porque decidiu determinar por lei o que é um partido político e as regras verificáveis da continuidade da sua existência e reconhecimento legal.

Está o caldo todo entornado.

Parece que por um lado, aprovar uma lei que viola a opinião e os interesses legítimos de milhões de fumadores e proprietários de estabelecimentos comerciais, não tem problema. Impor por via da fiscalidade (e do peso da Lei) a uma larga faixa dos portugueses o patrocínio dos seus impostos a uma prática que consideram imoral e/ou socialmente irresponsável, não fez desviar uma linha os tais liberais tugas das suas causas de eleição. Mas agora, uma decisão também ela democrática e seguindo aparentemente todas as regras instituídas, e que afecta na prática pequenos partidos, alguns dos quais com existência puramente fictícia e dificilmente distinguível de um grupo de carolas que se juntam de vez em quando para uma almoçarada, e que no cômputo geral dos afectados atingirá menos pessoas do que as que caberão num estádio de futebol em jogo importante, isso sim, já é grave.

O que me parece é que afinal são estes auto-proclamados democratas que não percebem a Democracia.

Eu compreendo a dificuldade que o MLS, ao longo dos quase três anos da sua existência, tem tido para demonstrar níveis mínimos de credibilidade, relevância e substância política. Compreendo que, devido a esse facto, os números de filiados e simpatizantes não abundem, e que a perspectiva de sequer formalizar a associação como partido, quanto mais garantir a sobrevivência de acordo com a lei actual, pareça aterradoramente distante. Mas, face à conduta adoptada no passado, não me parece viável que a causa agora descoberta venha a granjear grande simpatia, por mais que possa ser defensável em termos de Liberalismo. É que cheira a oportunismo de causa própria, e tresanda a hipocrisia face aos exemplos dados num passado bem recente, alguns até frescos de alguns dias.

Hipocrisia que transparece na transcrição no referido artigo do poema do pastor Martin Niemöller. É que, como bem ironizou o "nosso" Carlos nos seus comentários, faltam lá as primeiras estrofes:

Quando vieram para os fumadores,
permaneci em silêncio,
não era fumador

2008/01/03

Salários injustificados e desproporcionados

Cavaco Silva, como presidente da República, ganhará nesta altura, 7.262,77 euros ( o primeiro-ministro aufere 5.360,58 euros) de salário bruto, sem contar as despesas de representação, que são mais 40% dos respectivos vencimentos.
A este rendimento mensal que pode muito bem ser mantido intocável, na continha de banco, pois o transporte, alimentação, viagens e outras regalias sociais, são por conta da casa que é de todos nós, Cavaco Silva, ainda junta uns euros mais, arredondando o seu pecúlio mensalmente auferido como servidor do Estado e desde sempre ligado ao Estado.

Por força de lei oportuna, o regime de pensões e subvenções destinadas aos sacrificados titulares de cargos públicos ( deputados, membros do governo, governadores civis, etc) deixou de fora o presidente.
Assim, Cavaco Silva, enquanto PR, acumula legalmente o respectivo salário com duas pensões de reforma, fruto de descontos sacrificados ao longo de anos de trabalho exclusivo e em part-time ( os professores podem sempre acumular as aulas, com outras coisas, como toda a gente sabe) : do Banco de Portugal, onde entrou em 1977, atingindo o nível 18 e aí permaneceu ligado durante toda a sua vida pública e política que vem desde 1979, pelo menos; e também da Universidade Nova, onde leccionou. Ao todo, por contas de há dois anos, o valor da acumulação ultrapassava os 5000 euros ( líquidos), pagos pela CGA e pelo próprio fundo de pensões do Banco de Portugal.

[...]

Portanto, temos um PR, que acumula duas reformas, já de si elevadas, para a média de reformas em Portugal, com o vencimento de presidente da República. Agora, critica os salários elevados dos gestores.
Será dos gestores públicos? Será dos privados? Parece que será destes. Que autoridade lhe terá subido à cabeça para se entreter com os salários de gestores privados que pouco dizem à coisa pública?

josé, na Grande Loja do Queijo Limiano
.

2008/01/01

Inebriações legislativas II

A minha mulher, grávida do nosso primeiro filho, teve que suportar no seu trabalho, numa grande empresa portuguesa, reuniões de trabalho que se prolongavam por várias horas, numa pequena sala fechada, com três ou quatro pessoas a fumar. Se se queixava, era desprezada.

Luís Lavoura.
Trabalhando rapidamente no sentido de fazer por realizar a profecia do Migas, pode-se concluir fácil e objectivamente pelo exemplo e pelas palavras do Luís Lavoura que a sua mulher preza mais o seu emprego do que a saúde dos seus filhos.

Inebriações legislativas I

Pela minha parte estou já preparado para nos próximos temos chatear muita gente.
Assim termina a resolução de ano novo da presidência do liberalismo tuga.

Armada a malta do progresso com a nova boa lei, saliva já, no dia 1, pela oportunidade de meter o bedelho, acompanhada da ASAE, da Inspecção Geral do Trabalho e das demais agências armadas da coerção pela boa causa, nas relações humanas e profissionais, bem como na casa dos outros.

Afinal, a oportunidade de guiar pela mão os pobres estúpidos, incautos e ignorantes que ainda não foram expostos à Verdade revelada é algo que faz concerteza salivar qualquer bom planeador central que se preze.

Mais ao lado, vaticina-se até o dia de hoje como o Dia da Liberdade. Todos os atentados ao contribuinte, todas as intromissões na vida privada, os abusos, as perversões e os desvarios (impostos no passado por outros tantos iluminados) do estado omnipresente no nosso dia-a-dia aparentemente acabaram hoje, porque finalmente uns quantos vão poder exercer o seu direito humano e fundamental a comer uma sandoca no centro comercial sem que ninguém à sua volta esteja a fumar.

A exercer o seu direito egoísta, sustentado pelo braço coercivo do estado, a ditar e a impor as regras e o que é tolerável ou aceitável nos sítios que frequentam, senhores do politicamente correcto em casa alheia.

São estas as prioridades dos liberais tuga. Apoiar as boas leis e depois arregaçar as mangas para chatear o próximo. Nada que, afinal, nos surpreenda particularmente, mas que não podemos deixar de assinalar com o respectivo nojo e asco quando é protagonizado com tanta clareza.

2007/12/17

Daniel Oliveira endorses Ron Paul?

(...) Voltarei ao tema para tentar explicar porque estou pelo mesmo candidato que Sullivan. (...)

Daniel Oliveira, no Arrastão

(...) He's the real thing in a world of fakes and frauds. And in a primary campaign where the very future of conservatism is at stake, that cannot be ignored. In fact, it demands support.

Go Ron Paul! (...)

Andrew Sullivan, no texto em que se declara como apoiante de Ron Paul
PS1: É engraçado como umas frase fora do contexto podem transmitir ideias tão contrárias ao que foi transmitido de facto, não é?

PS2: Se o Daniel Oliveira fizesse uma comparação mais funda entre Barack Obama e Ron Paul é provável que de facto apoiasse o segundo...o que teria uma certa piada considerando o texto linkado.

2007/12/12

Ron Paul - Comportamentos e o papel do estado

Ron Paul é conhecido por ser um cristão convicto. Casado à 50 anos com a mesma mulher. Fez campanha pró-vida. Tem uma série de convicções pessoais sobre o que deve ser ou não deve ser o comportamento de cada um. Tem uma convicção séria de maiores devem fazer as suas escolhas sem serem limitados pelo estado. Contraditório? Nada. Ele explica em primeira mão (via insurgente)



Nota 1: Esta entrevista é paradigmática sobre o que é uma posição libertária sobre costumes e comportamentos pessoais, sobre a relação do estado com a Igreja.

Nota 2: Notaram quem é que postou o vídeo no insurgente?

2007/12/04

... Muda-se

"O escravo tem um amo só, o ambicioso tem tantos quantos são úteis à sua fortuna”.

(Jean de la Bruyère)
Parece que o Tiago Mendes foi corrido optou por tirar as suas conclusões em relação à crise que ele próprio criou, e se vai afastar da participação no blog da Revista Atlântico. Isto se, a julgar pela quantidade de artigos que ainda vai escrevendo depois do "ponto final", não se tiver ainda barricado.

Saída em grande, com todos os ingredientes do tiagomendismo e da tragédia clássica grega, apesar do facto de se esperar que o coro venha a desempenhar uma função substancialmente distinta. Senão vejamos:

- O respeitinho, a educação e tento na língua em função do destinatário, ou a discussão de "ideias" e não de "pessoas":
No texto que eu tinha originalmente escrito para este post, incluía um parágrafo em que referia isto: eu consideraria inaceitável escrever algo próximo do que escrevi sobre o André Azevedo Alves relativamente ao “deus” nesta casa - o director - ou mesmo aos seus “semi-deuses” - os membros do Conselho Executivo (Rui Ramos, Vasco Rato, João Marques de Almeida, Luciano Amaral). Se escrevesse tal coisa sobre o director, só podia bater de imediato com a porta - e o mesmo se teria de passar, provavelmente, se me referisse a um membro do Conselho Executivo. [...] O André Azevedo Alves, neste momento, é “apenas” colaborador e membro do Conselho Editorial da revista.
- Os Cavaleiros do Apocalipse, ou o acumular de escritos que não permitiu citar nem sequer um:
O que o que escrevi sobre o que tem escrito o André Azevedo Alves não foi motivado por “um” post dele recente, mas sim por um acumular de escritos na blogosfera que primam pelo saudosismo, conservadorismo moral e libertarianismo económico [...]
- O "puxei, puxei mas não saiu nada":
Eu não digo que o André Azevedo Alves me dá vómitos - isso seria, obviamente, gratuito e inaceitável. Os fortes qualificativos que usei resultam de um conjunto de ideias suas que, na minha opinião, o tornam merecedor desses atributos.
- O síndrome "o que é chato é eu não lhes conseguir dar a volta e ele ter mais público que concorda com as dele do que com as minhas":
Aquilo que eu escrevi foi motivado por uma coisa muito simples: considero que as ideias expressas pelo André Azevedo Alves são demasiado toleradas à direita - no sentido de não serem “criticadas” suficientemente, e não no sentido de não haver ninguém que as “elimine”.
- O argumento do sistema, ou a táctica Luís Filipe Vieira:
Pergunto, então: por que há, à direita, tão poucas críticas ao que escreve o André Azevedo Alves? Será por “medo”? De quê? Porque ele está na revista, e em crescendo na revista? Porque tem as costas quentes? Por preguiça? Porque muitos dos possíveis críticos estão de outro modo comprometidos, temendo perder lugares ou favores? Porque a direita que se diz “moderna” se revê naquele conjunto de ideias e na forma obsessiva, mal educada (sim, a “educação” era ironia, claro que se trata de um mal-criado), propagandista e moralista? Porquê, pergunto? Pergunto mesmo.
- O momento de clarividência:
Participar num blogue conjunto implica regras mínimas de convivência. Quando vim para este blogue, o André já cá estava. O Henrique e o Paulo tiveram, com grande pachorra e simpatia (e também interesse: afinal, a imagem de “pluralidade” e as audiências também contam), muito insistir para que eu aceitasse o convite, porque temia que alguma ruptura viesse a ter lugar.
- A escola otáviomachadista, ou o argumento "vocês sabem do que estou a falar":
Não vale a pena recolher dezenas de posts sobre isto, deixei uma pequena amostra. Quem o lê sabe do que falo, e quem não sabe do que falo, paciência.
- A victimização, a imolação do mártir, ou aquela cena em que começam a tocar os violinos:
Se ser desagradável - muito por não se conseguir escrever, num momento de impulso e em que se sente que é preciso “dizer basta” de forma clara - é o preço a pagar para se poder dizer verdades importantes, sem salamaleques, de forma clara, tendo como consequência o não poder frequentar certos salões sociais, é um preço que aceito, mesmo tendo em conta os danos causados a terceiros. Sempre me ensinaram - família e 9 anos de educação num colégio católico, desde pequenino - a valorizar a “boa formação” e a “boa educação”, mas a dar prioridade à primeira. A olhar mais para o coração do que para a roupagem.
- O momento "afinal havia outra", ou "causa é causa mas isto do altruísmo é claramente overrated":
Vim para este blogue, como qualquer mortal viria, com um misto de interesses pessoais e de contribuir para um projecto em que acreditava e que acarinhava.
- A ameaça, ou o síndrome "eu tenho muitos poderes" (próximo do "eu parto isto tudo" de uma Zazie de outras paragens):
Primeiro, sublinhando que existe muita gente à direita (que eu conheço alguma, acreditem que sim) que suporta as ideias do André Azevedo Alves tanto ou menos do que eu, só que não o diz. (Se eu revelasse alguns nomes publicamente, acreditem que a blogosfera de direita nunca mais seria a mesma).
- O beijo de Judas:
Terceiro, agradecendo novamente ao Henrique - mas sobretudo ao Paulo - a oportunidade que me deram de estar aqui; e desejando a melhor sorte a todos os que estão no barco que agora deixo, em particular ao seu dedicado e esforçado director, que terá muitas limitações (todos temos) mas não essas duas. Ele está neste projecto de corpo e alma e, como já disse o Henrique há tempos e eu concordo, “Os outros falam, o Paulo faz”.
Como se vê, ingredientes do mais fino recorte que, ainda mais com a greve dos argumentistas de Holywood, seria matéria pronta a verter no próximo êxito em substituição de um Tom Clancy ou de um John le Carré.

Isto se não fosse simplesmente patético.

2007/12/02

Quem não está bem...

Há condições mínimas para a convivência, num mesmo espaço, com reaccionários do calibre do André Azevedo Alves (e não digo isto como “insulto”, como “arremesso”, mas como mera “constatação”, percebam isso antes de mandar emails). Aceites que estão - obviamente - a sua presença (aliás, prévia à minha) e a sua liberdade de expressão total neste blogue, de vez em quando é necessário lembrar que não só não se partilha o que quer que seja daquele furor patrulhador contra tudo o que possa pôr em causa a tradição milenar da santa madre igreja e contra quem defende tolerância para com a diferença, como se acham certas atitudes simplesmemente asquerosas. Leram bem: asquerosas. Nojentas, execráveis, mesmo de puxar o vómito.

Tiago Mendes.
Não imagino o sofrimento e o incómodo por que passará o Tiago Mendes para debelar os seus instintos primordiais, as náuseas e o nojo, e mesmo assim continua forte e vigoroso escrevendo de rédea solta no blogue da revista Atlântico. A causa que o move deverá ser muito forte para fazer tão grandes sacrifícios e o forçar a trocar linhas de HTML com tão nefastas companhias como o André Azevedo Alves. Imagino que seja só até recorrendo a fármacos (felizmente de venda livre) que conseguirá debelar esses impulsos gastro-intestinas e seguir o rumo da causa do pluralismo (não-absoluto), da liberdade (não-absoluta) de expressão e do liberalismo de tipo B.

Afinal, desde o início da participação do Tiago Mendes no referido blog, pudemos assistir ao mais graves sacrifícios em prol das boas causas, mesmo que esses sacrifícios fossem o ter de criticar violentamente colegas da casa, ou até mesmo o responsável pelo convite para nela escrever. Ou simplesmente ter umas crises e mandar as forças de bloqueio procriar.

O problema é que o abuso dos medicamentos de venda livre, mesmo tendo em conta o seu acesso livre, não está isento de efeitos secundários, que vão surgindo aqui e ali a perturbar o discernimento e o normal funcionamento das faculdades humanas. Vai daí, um diálogo e troca de impressões que recorria ao tal de "pluralismo" (mesmo que não-absoluto), descambou subitamente num perder de cabeça. As críticas racionais de argumentos foram substituídas por falácias básicas de ataque ad hominem e de vitimização pessoal. Em linhas de argumentação tão elevadas como as que se podem reconhecer no artigo ligado, do género "segura-te, garboso arauto do liberalismo tipo B, messias da boa palavra e dos limites óbvios e de bom senso, dos não-absolutos e do bom sentido", "segura-te que o ultra-neo-extrema-direitérrimo-fascistóide ultramontano é poderoso e tem um pacto com o demónio do Liberalismo-Absoluto, que ainda convoca as forças do Sauron sobre ti"; "mas eu sei que sendo tu corajoso e magnânime como te conhecemos tu vais querer avançar em frente".

Espremidinho tudo o que se pode ler, é mais ou menos isto que se pode ver. Além do assumir que "é preciso condições e mínimos de convivência", mas que aparentemente se pode conviver bem com a sua violação. Não percebi bem como é que a coisa ficou. Se os limites foram violados, ou afinal continua tudo um happy bunch.

Quanto ao visado em concreto, o AAA, não tenho muito a dizer. Foi alguém que sempre me lembro de ver do outro lado da barricada em causas muito concretas, mas que aprendi a compreender como alguém com quem se pode partilhar um projecto liberal, mesmo assente nessas diferenças. Alguém que, para além de sempre ter visto comportar-se com a lisura e educação que o próprio Tiago Mendes lhe reconhece, não me lembro de ver furtar-se a discutir abertamente todas as questões mesmo que em relação a elas tivesse as opiniões mais antagónicas, e que no processo acumulou o estilo ponderado e educado com honestidade intelectual, pluralismo e liberdade de expressão. Não me lembro de ver ninguém queixar-se de ver um comentário ou critica que fosse apagado ou convenientemente ignorado, mesmo que este fosse acutilante a por em causa a sua linha de argumentação e os seus erros ou fragilidades argumentativas. Já o mesmo não se pode dizer de outros, concretamente até no caso dos comentários do artigo que tanto o vilipendia.

Ou de ver agredir e insultar e depois esconder a mão, com ressalvas de que "era no bom sentido" ou "não era com essa intenção". Ou de que não era “insulto” ou “arremesso”, mas "mera “constatação”"

De resto, é tanta a falta de pluralismo e de gosto pela liberdade de expressão do André que até eu e o Carlos, conhecidos ultra-neo-extrema-direitérrimo-fascistóides ultramontanos que até nem nunca tinham acumulado divergências nas caixas de comentários d'O Insurgente e mesmo em artigos nesta casa, acabámos por ser convidados a nele escrever e lá a termos a liberdade de continuarmos a dizer de nossa justiça, mesmo com a noção da grande discordância intelectual dos restantes membros do blog em relação a alguns temas. Tudo num clima mais do que salutar de convivência, de respeito de e tolerância, mas sempre dispostos a dizer o que achávamos que tinha que ser dito.

É assim. A liberdade de expressão e o pluralismo, mesmo debaixo de um "guarda-chuva" liberal fazem-se com este género de actos, e não com conversa que, when the going gets tough, se vê onde vai parar.

2007/11/29

Notícias da La-La Land

Cada empresa deverá dar seguros a todos os trabalhadores, por blocos de 1 ano. Desta forma, mesmo que o trabalhador se despeça ou fique sem emprego, terá acesso ao seguro de saúde durante o período de um ano. Note-se que as seguradoras tendem a oferecer melhores condições a seguros feitos em bloco, pois o segurado ganha posição negocial perante a seguradora.
Os seguros dos trabalhadores deverão ser extendidos aos progenitores (quando reformados ou desempregados) e eventualmente a todos os familiares directos.

Hugo Garcia, no sítio do costume.
Já agora, lembro o caro Hugo Garcia que "estendidos" se escreve, em bom português (e não em "estrangeiro"), com "s".