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2007/07/23

Não se olha a meios


Congonhas


Portela - Sul


Portela - Norte

No rescaldo da tragédia do acidente com o avião da TAM no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, não tardou muito a que os abutres se instalassem, tentando transpor a situação para o cenário do aeroporto da Portela, e do "perigo eminente" de uma repetição do acontecido por cá.

Aliás, nem foi preciso chegar ao rescaldo. Ainda não se sabia o que tinha verdadeiramente acontecido, e até ao momento só se dispunha das imagens em directo distribuídas pela Globo, e já na Sic Notícias o perito de serviço opinava ao telefone, trazendo à discussão o assunto.

Naturalmente, muitos desses abutres ou nunca estiveram sequer no aeroporto em causa, ou nunca o viram sequer de fora, ou destilam tão somente a sua má-fé para fazerem a comparação que maliciosamente fazem com o presente aeroporto lisboeta. Sobre o assunto, dá uma ajuda Carlos Serrão:

Now that we are discussing in Portugal the question of the new airport, someone posted about what if the Congonhas accident happened in the Portela airport, in Lisbon. I must confess that I’m not too comfortable with all these planes crossing Lisbon, and passing just a few hundred meters above the building where I work, but Congonhas and Portela have big differences. They can’t be compared in size. For instance, the smallest and alternative Portela runway has 2400 meters, while the Congonhas main runway has only 1900 meters. The main runway of Portela has 3800 meters. Moreover, the Portela runway has 240 meters of extra-security space at the end of the runway. Congonhas has no extra space, and the runway ends abruptly into a crowded street. Therefore it is difficult to make comparisons between both.
Aos dados apresentados acrescenta o facto das condições operacionais do aeroporto da Portela implicarem que a generalidade das aterragens seja feita no sentido Sul-Norte, não se possibilitando sequer a analogia com a 2ª circular, mas sim tendo que se falar do bem mais espaçoso limite norte da pista...

2007/05/27

Ha! ha! ha! ha! ha! ha! ha!

O candidato do PS às eleições intercalares de Lisboa, António Costa, avançou hoje a ideia de criar um segundo pulmão verde em Lisboa na área ocupada pelo actual aeroporto da Portela.

Público Última Hora.

2007/03/28

República dos ignorantes

A intervenção pública dos engenheiros na questão da localização novo aeroporto de Lisboa suscita a questão de saber se entrámos na era do governo dos engenheiros. Na verdade, a questão da localização e dos custos e benefícios do aeroporto não é uma questão técnica (salvo se a localização estabelecida fosse tecnicamente inviável), mas política. E aí a competência dos engenheiros é a mesma que a de qualquer outro cidadão, sendo inadmissível a ingerência do bastonário da Ordem dos Engenheiros, nessa qualidade, na contestação da localização escolhida e na promoção de soluções alternativas.

Vital Moreira, na Causa Nossa (com negritos meus).
Das duas uma: ou subitamente os conhecimentos de investigação operacional, de decisão multi-critério ou mesmo os métodos de apoio à decisão saltaram dos curricula de engenharia (e de alguns de economia) para o domínio de "qualquer outro cidadão", desde a peixeira do Bolhão até ao guna da Areosa, ou então Vital Moreira está equivocado.

E equivocado porque confunde dois domínios de um problema. Um é o domínio técnico, da determinação e avaliação de locais potenciais de localização de acordo com critérios objectivos pré-definidos, de construção e avaliação de cenários económicos e de exploração, do risco a eles associado, tudo com vista a no final construir uma matriz de decisão que sintetise as opções encontradas e elimine as soluções dominadas do problema. Outro é o domínio do decisor que, partindo dessa matriz, assume o padrão de risco que está disposto a tomar e eventualmente assume critérios de ordem subjectiva em relação às múltiplas decisões a tomar.

Ou seja, a "questão da localização e dos custos e benefícios do aeroporto" é sem dúvida uma questão técnica, apesar de a decisão ser naturalmente de ordem política. Como é político decidir contrariando todo o estudo técnico ou pura e simplesmente ignorando todos os problemas técnicos da empreitada.

Mais ou menos o que está a acontecer.

A dúvida é se este é o comportamento de um decisor responsável. Mas claro que este o não é. Afinal, o dinheiro não é seu, e o risco pessoal é nulo.