A central de energia solar fotovoltaica de Serpa, hoje inaugurada, vai receber um incentivo de 3,7 milhões de euros do PRIME – Programa de Incentivos à Modernização da Economia.
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Além do o incentivo do PRIME, a aposta na energia solar valeu aos promotores do empreendimento um incentivo por via da tarifa paga pela Energias de Portugal (EDP), que será de 32 cêntimos de euro por MW/hora. Este valor é cerca de quatro vezes mais o que é pago pelos distribuidores pela energia eólica, segundo Sérgio Costa, administrador da Catavento, parceiro português do projecto.
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Sobre o projecto, Pinho comentou que "é uma aposta com visão e ambição e é o resultado da capacidade dos nossos empresários".
Jornal de Negócios, por sugestão de Filipe Melo Sousa.
A notícia fala praticamente por si mesmo. Em nome do tema da moda, o estado prepara-se para dar o patrocínio (para além do "incentivo"), prometendo (num prazo que julgo é de 25 anos) pagar
4 vezes o preço actualmente em vigor por toda a energia que a nova central produzir nesse prazo.
Ou seja, mais uma vez com o alto patrocínio involuntário do contribuinte, vai-se estar a sustentar a viabilidade de um projecto por um quarto de século, pagando preços inflaccionados por energia vinda de uma tecnologia que provavelmente estará obsoleta em 5 anos.
Aliás, para isso, temos o exemplo dos parques eólicos. Existem neste momento em Portugal parques eólicos que foram financiados por períodos semelhantes, também obedecendo a princípios de obrigação de compra da energia a preços pré-definidos. Hoje, são relíquias obsoletas em nome dessas megalomanias e discursos
simpáticos do passado, de projectos concebidos para um cliente estado amigo que gosta de aparecer nas notícias a qualquer preço, com prazos de 15, 20 ou 25 anos quando deveriam ter sido de 5 ou 6.
Ocupam alguns dos nossos bons recursos eólicos, que poderiam já hoje, à face dos progressos registados (e previsíveis face ao estado embrionário em que se encontrava a tecnologia), ser já eventualmente rentáveis comercialmente, longe de subsídios e de garantias de terceiros.
Mas, em nome do "ambiente", parece que muitos estão despostos a tudo. Nem que seja a deitar dinheiro e recursos para o lixo.