O poder democrático do meu clube foi ignorado
O liberalismo tuga começou o novo ano de 2008 confundido.
Enquanto no próprio primeiro dia do ano proclamava o Dia da Liberdade, e louvava a canção do amanhã feito presente, bastaram quatro dias para proclamar solenemente a morte da Democracia.
Afinal, a tal de democracia que ainda há tantos dias prestava serviços e préstimos tão úteis e defensáveis na causa do aborto e na causa materializada na nova lei do tabaco, deixou de agradar.
Aparentemente a tal da democracia, a boa, que permitia determinar o que era vida humana com direito a personalidade jurídica e protecção pela lei, e que era boa para determinar o que é que cada um pode ou não deixar fazer na sua propriedade a pessoas que avisadamente lá entram, agora, aqui d'el-Rei porque decidiu determinar por lei o que é um partido político e as regras verificáveis da continuidade da sua existência e reconhecimento legal.
Está o caldo todo entornado.
Parece que por um lado, aprovar uma lei que viola a opinião e os interesses legítimos de milhões de fumadores e proprietários de estabelecimentos comerciais, não tem problema. Impor por via da fiscalidade (e do peso da Lei) a uma larga faixa dos portugueses o patrocínio dos seus impostos a uma prática que consideram imoral e/ou socialmente irresponsável, não fez desviar uma linha os tais liberais tugas das suas causas de eleição. Mas agora, uma decisão também ela democrática e seguindo aparentemente todas as regras instituídas, e que afecta na prática pequenos partidos, alguns dos quais com existência puramente fictícia e dificilmente distinguível de um grupo de carolas que se juntam de vez em quando para uma almoçarada, e que no cômputo geral dos afectados atingirá menos pessoas do que as que caberão num estádio de futebol em jogo importante, isso sim, já é grave.
O que me parece é que afinal são estes auto-proclamados democratas que não percebem a Democracia.
Eu compreendo a dificuldade que o MLS, ao longo dos quase três anos da sua existência, tem tido para demonstrar níveis mínimos de credibilidade, relevância e substância política. Compreendo que, devido a esse facto, os números de filiados e simpatizantes não abundem, e que a perspectiva de sequer formalizar a associação como partido, quanto mais garantir a sobrevivência de acordo com a lei actual, pareça aterradoramente distante. Mas, face à conduta adoptada no passado, não me parece viável que a causa agora descoberta venha a granjear grande simpatia, por mais que possa ser defensável em termos de Liberalismo. É que cheira a oportunismo de causa própria, e tresanda a hipocrisia face aos exemplos dados num passado bem recente, alguns até frescos de alguns dias.
Hipocrisia que transparece na transcrição no referido artigo do poema do pastor Martin Niemöller. É que, como bem ironizou o "nosso" Carlos nos seus comentários, faltam lá as primeiras estrofes:
Quando vieram para os fumadores,
permaneci em silêncio,
não era fumador
2 comentários:
Ora aqui está um artigo de um verdadeiro liberal em defesa da Democracia.
Honras verdadeiramente a luta dos liberais pelo mundo inteiro nos últimos dois séculos, a favor dos direitos humanos, da democracia e da liberdade de expressão.
Nota: Ainda vais-me explicar esse teu rancor ao MLS. Parece-me que vês o MLS mais como um perigo que o PCP, o BE ou o PRN.
Nota 2: Pelos teus comentários, os "liberais" fundamentalistas desistiram pura e simplesmente de criar o quer que seja por falta de adesão e estão-se a lixar para a qualidade da nossa democracia porque em democracia não conseguem lá chegar. Talvez uma ditadura bipartidária PS/PSD seja mais conveniente.
"Ora aqui está um artigo de um verdadeiro liberal em defesa da Democracia."
A Democracia alguma vez foi alguma causa de primeira linha para os liberais, nomeadamente que se sobrepusesse à defesa da própria Liberdade?
De resto, fico aguardando comentários concretos aquilo que escrevi.
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