Diz que eh uma espécie de sucesso
Professores de Matemática consideram prova do 9.º ano a mais fácil de sempre
A Associação de Professores de Matemática (APM) considerou hoje que o exame nacional de 9.º ano da disciplina foi o "mais fácil" desde que a prova se realiza, sublinhando que algumas questões poderiam ser respondidas por alunos do 2º ciclo. Também a Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM) criticou o reduzido grau de dificuldade do exame, sublinhando que "a nivelação por baixo" poderá ter custos futuros "muito graves". (...)Mais uma brilhante definição de "sucesso" por parte de Maria de Lurdes Rodrigues.
"Os conhecimentos testados não estão ao nível do que se deveria esperar de um aluno no final do Ensino Básico. Não são avaliados importantes tópicos que devem ser dominados no 9º ano, como sistemas de equações, proporcionalidade inversa, polígonos e áreas de polígonos", entre outros.
2 comentários:
Tenho aqui os exames de Matemática A e B - 12º ano, de 2008.
Aconteceram, hoje, três coisas em linha com o que era expectável:
- o exame era muito acessível; houve uma questão oferecida (a 5, que, em suma, pedia ao examinando que calculasse uma área que a sua calculadora poderia facultar-lhe com dois cliques) e várias outras de resolução bastante rudimentar. Sei ainda que os critérios de correcção deste ano são mais lenientes do que os de anteriores épocas. Vantagem estatística... ou tapar o sol com uma peneira, dando por penhor a literacia de gerações futuras num Estado onde servir à mesa valerá qualquer dia (novamente, desculpem) o mesmo reconhecimento do que seccionar corações, projectar aeronaves, ou desenvolver investigação laboratorial.
- as dificuldades sentidas pelos examinandos foram quase as mesmas, quantitativamente face à amostra que compareceu hoje, que teriam sido nos anos transactos; descobre-se agora com perplexidade entre as hostes da DREL e afins que os putos, além de ficarem bloqueados por não serem capazes de descodificar um enunciado escrito na mais básica, directa e rectangular expressão da língua materna, também se atrofiam (intimidam) face às diferenças entre as questões que compõem o exame e aquilo que viram durante o ano inteiro; ou seja, o velho quadradinho da "adaptabilidade a novas situações" desapareceu, talvez porque os responsáveis pelo ensino não sabem o que são novas situações, já que não saem dos gabinetes há vinte anos.
- o pessoal vai todo para economia, gestão, contabilidade ou cursos de belas-artes. Para depois poderem trabalhar num banco a ganhar 450 euros e a apanhar as sobras das cunhas dos tios. Mas isto até faz algum sentido, uma espécie de nexo perverso: não se valoriza, neste país, o rigor, o conhecimento, as práticas de apuramento da "boa" verdade enquanto única garantia da liberdade de pensamento e de um Estado de Direito. Em vez disso, preza-se o chico-espertismo, a mediocridade e a celeridade na obtenção de méritos aparentes, em prol da manutenção do statu quo - o reino dos pobres de espírito.
Os resultados fabricam-se e as estatísticas são a arma de arremesso fácil na hora da verdade.
Esta magnifica politica de “é tão fácil tirar um curso” permite “letrar” toda a juventude e manda-la à guerra, sem na verdade saber mexer numa arma. Provavelmente, a mesma juventude a quem agora não se exige o mínimo, no futuro não saberá escrever frases com sentido metafórico.
Se as reformas anteriores não surtiam efeito, ao menos esforçavam-se para melhorar qualidade do ensino ou o desempenho escolar. A incompetência era alguma, mas o pessoal lá ia a aprendendo qualquer coisinha.
Enquanto no restante mundo civilizado as politicas educacionais vão no sentido da criação de um exército de jovens capazes, saudáveis, competentes e mentalmente estáveis, em Portugal espetam-lhes com os Morangos com Açúcar e com um canudo na mão e dizem “aumenta a produtividade”. Sinceramente, nem Jesus Cristo e o David Copperfield juntos.
Entre a hipocrisia e a incompetência, venha o Diabo e escolha, mas as duas juntas nem o Português aguenta.
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