2008/05/12

Passos Coelho? (2)

Uma coisa é inegável. Pedro Passos Coelho trouxe temas importantes para a discussão política que vai decorrer durante as primárias do PSD. Atrevo-me a dizer que trouxe discussão política de uma forma geral.

As consequências deste movimento podem não ser positivas para quem quer que o PSD ganhe contra Sócrates independentemente de como ou com quem ou com que programa. Este movimento obriga que Manuela Ferreira Leite entre no jogo de discussão de ideias a que se preparava para não entrar. A verdade é que contra Santana Lopes a luta seria um aquecimento para a luta contra Sócrates. O slogan é e seria ou será “Credibilidade”. Manuela Ferreira Leite é mais credível que Santana Lopes e na entrevista dada ao Expresso já adiantava o mote na comparação com Sócrates. Credibilidade é agora, e seria ou será nas legislativas o slogan da campanha.

Eu sou dos que acredita que Sócrates perderia ou perderá contra Manuela Ferreira Leite se o confronto passasse apenas pela habitual cosmética pessoal. Ao ter de discutir políticas concretas, Manuela Ferreira Leite abre o flanco e arrisca-se a ter as hipóteses diminuídas. Por isso é que o facto de Pedro Passos Coelho levar para a discussão ideologia e políticas concretas pode diminuir as hipóteses de vitória do PSD.

Para quem a vitória de um partido, independentemente do que é que esse partido representa nessas eleições, não é um bem em si mesmo. Para quem as ideias e as políticas estão à frente da cor e do símbolo onde se coloca a cruz no dia das eleições o forçar das ideias na discussão é algo extremamente positivo e de saudar. Precisamos muito mais do que a simples mudança de caras.

Neste momento existem boas hipóteses que independentemente de quem ganhe no PSD, que o vencedor o seja apresentando um programa, e não apenas características pessoais. Quem ganha são todos os Portugueses que estarão a votar um pouco menos em personalidades e um pouco mais em rumos para o país.

Quando Pedro Passos Coelho trouxe ideias caras aos que agradecem a redução da colectivização da sociedade e coloca-as na agenda de um dos maiores partidos Portugueses deu um passo que não é pequeno. Pessoalmente agradeço.

Pedro Passos Coelho não é um Ron Paul. Não tem décadas de acções e discursos a provar a coerência das posições actuais. Não deixa de ter o discurso mais lúcido num candidato (a candidato) que ouvi desde sempre em Portugal. O que estou habituado a ouvir são diagnósticos de situação sem a coragem de dar os remédios, a maior parte deles amargos politicamente, nem de os enquadrar ideologicamente. Pedro Passos Coelho está a fazê-lo.

Dito isto, Pedro Passos Coelho ainda não tem o meu apoio, mas está mais perto de o ter do que há uma semana atrás.

2 comentários:

Anónimo disse...

...se o confronto *passasse*!

Argh.

Ricardo G. Francisco disse...

Obrigado caro anónimo. Corrigido.