Ron Paul e os círculos uninominais em Portugal
O que é que um tem a ver com os outros?
Ron Paul é um candidato considerado como não elegível. Isto tem dois grandes impactos que o tornam de facto não elegível. Os meios de comunicação não o expõem e quando o fazem reforçam a imagem de candidato não elegível. Os eleitores mais informados mas indecisos preferem muitas vezes ter um voto "útil" o que exclui este tipo de candidatos.
Em Portugal nas legislativas vota-se em primeiro lugar para o governo. Quem vai governar o país. Poucas pessoas sabem em quem estão a votar. Poucas pessoas conhecem os indivíduos em quem estão a votar para deputados na assembleia da República. As pessoas votam no partido e no seu líder para o governo. Neste sentido é natural que um apoiante de um candidato considerado não elegível transforme o seu voto em pelo menos em um voto em um partido com hipóteses de coligação para o governo.
Com círculos uninominais será mais fácil para um candidato de franja a nível nacional defender a tese de elegibilidade ao nível local. A eleição será directa na pessoa, independentemente de esta pessoa representar um partido. Este indivíduo será elegível mesmo que pertença a um partido não elegível. É de esperar um comportamento dos eleitores cada vez mais semelhante ao das eleições autárquicas onde muitos independentes ganham eleições.
Pequenos partidos podem ter muito a ganhar com os círculos uninominais rompendo com a barreira da "não-elegibilidade". Pequenos partidos que tenham candidatos individuais fortes além da plataforma nacional. O típico candidato de aparelho que ninguém conhece terá dificuldades em ser eleito em círculos uninominais. Especialmente os dos pequenos partidos, que terão poucas hipóteses de se misturarem na listas nacionais. Um candidato de aparelho de um grande partido poderá ser eleito ou em círculos muito controlados pelo partido ou na lista nacional que será eleita com base proporcional do eleitorado. O candidato de aparelho do pequeno partido terá dificuldades porque não têm círculos em que dominam de forma esmagadora para colocar o "secretário da distrital" e mesmo assim ganharem. Porque os cabeças nacionais terão de ter destaque na lista nacional.
A lógica anti-uninominal dos pequenos partidos também parte da organização. Se um partido como o bloco de esquerda está organizado para ser um partido de combate em Lisboa e Porto a alteração de estratégia eleitoral será muito dolorosa. Colocar o intelectual de esquerda lisboeta a fazer campanha porta a porta poderá não ser muito viável. A mudança de sistema eleitoral deverá trazer novas personalidades para a linha da frente. Na óptica do PCP, um partido com tradições autárquicas e com dispersão de personalidades locais a mudança deveria ser positiva. Em menor medida para o PP.
A nova lei eleitoral deveria ser bem vista pelos partidos e candidatos considerandos como "long shots" para o governo. Com recursos bem empregues e concentrados não deveria ser impossível termos uma assembleia da república com mais meia dúzia de partidos representados. Partidos e deputados com ideias fora do mainstream.
12 comentários:
Pronto, pá! Tinhas de entornar o caldo.
Neste momento está a malta toda do centrão a ler-te e a reconsiderar se não seré melhor deitar a proposta de reforma do sistema eleitoral no arquivo B.
Ron Paul e Carmelinda Pereira, a mesma luta!
Redneck Paul para a presidência!
(ai jesus, eu gozei com um americano e agora vou para a lista dos europeus son of a bichtes anti-americanos e ingratos damn red faggot)
Caramelo,
Não entendi...
Por lá acusam o Ron Paul de ser anti-americano. Por cá aposto que o Caramelo andou a fazer manifestações(virtuais) contra o intervencionismo de Bush...
Não consigo entender as piadas. Deve-me faltar veia socialista.
Acusam por lá o Ron Paul de ser anti-americano? Ora essa... Mas o gajo é a essencia do americano mais purinho, catano! Preocupado com a sua missinha, o bem estar dos vizinhos do seu quarteirão, a falar mal do Estado que se mete na vida dele, a beber a sua budweiser choca no front porch... O Bush é isso com mais um gene de americano com sentido de missão evangélica no estrangeiro. É imbecil na mesma, mas outro género de imbecil. Tenho por hábito detestar os dois, o que me dá de bónus do rótulo de anti-americano ingrato, aqui mesmo pelos nossos patriots portugueses de mão no peito a ouvir o stars and stripes forever.
E essas acusações de anti-americanismo ao Ron Paul são só para o confundir a si, Ricardo, não vá nessa.
Caro Caramelo,
ROn Paul defende a separação completa entre a religião e o estado. Inclusivé o casamento veja lá...
Defende a liberdade religiosa como nenhum dos socialistas laicos e republicanos que venera o fazem. Quer que eu lhe lembre da relação do nosso estado com a Igreja, que sobrevieu a várias duplas PR/Governo da "esquerda" que ama?
Confesse...não gosta de Ron Paul porque tens posições NA PRÁTICA que sonahria que os seus ídolos tivesse...
Caro Caramelo,
Tenho pena de ter posto RP no título. O texto é mais sobre política nacional...
Esqueci-me na animosidade que este homem dá tanto à esquerda como à direita estatistas.
Ricardo, o programa do Ron Paul é vastíssimo: "deixem-me em paz". Ora, com tal lema, arrisca-se a ter pontos de contacto com a esquerda, o centro e a direita. Essa da religião é um caso. Outra é o Iraque. Para ele, o Estado não devia existir, ou, quando muito, devia limitar-se a policiar as ruas da sua paróquia. Logo, o estado não tem nada que o incomodar com o iraque, e de lhe ir ao bolso por causa do Iraque. No que lhe diz respeito, o Iraque nem existe. É quase tão remoto e sem importância como Portugal.
Para Ron Paul a política de inimigo (bomba) ou amigo (subsidia) é errada. Isso significa diplomacia e comércio com todos amarras com nenhuns. Vê algum mal nisso?
Se quiser atacar Ron Paul de forma coerente com as suas posições socialistas é melhor ir pelo ataque ao Welfare State. Aí poderá atacar no seu terreno.
De qualquer forma, se quiser discutir os méritos ou não do Ron Paul existe outro blog (portugal supports Ron paul) dedicado a isso onde poderá ser informado mais rapidamente.
Ricardo, o welfare state não é politica de "amigo", como diz. é simplesmente uma forma de o estado ajudar os mais necessitados, algo que qualquer estado decente faz há mílénios e que esse parolo (peço desculpa a quem o apoia) quer acabar.
A única preocupação do gajo é que o estado não o chateie. Por mim, tudo bem. Declaro-o objector de consciência e envio-o para as montanhas do tenesse com a sua bíblia e a sua sagrada constituição, encadernados a ouro, maila sua espingarda para se safar dos ursos e dos cobradores de impostos. Ah, e uma harmónica, para se entretar nas noites frias ;)
Não falei no welfare state. Falei na polítca externa. Atirar dinheiro ou bombas conforme o momento diplomático. Internacionalismo socialista...
Deveria informar-se um pouco sobre Ron Paul. Pode discordar das ideias dele mas se se informasse veria que o homem é um intelectual com mais obras políticas publicadas que qualquer intelectual de esquerda Português.
Esse é outro "defeito" de Ron Paul. Não dá para fazer o ataque de "ignorante" ou "parolo". Tem demasiada educação formal e informal.
Por fim. Consegue ver a diferença entre Libertários e anarquistas? Não é que o estado não o chateie. É que o Estado deixe de o chatear sem que ele tenha feito por o merecer. Só porque alguns caramelos acham que têm o direito de entrar na privacidade dele ou de ficar parte dos seus rendimentos para financiar uma outra "ideia bem intencionada".
Estado de direito democrático e não uma democracia sem respeito pelos direitos indiviuais.
Ricardo, parolo não é sinónimo de ignorante. Acredito que o Ron Paul saiba latim e grego e tenha escrito trinta e sete livros. Mas é engraçado que tenha dito que ele é um "intelectual". Essa é uma expressão até bastante gozada pelos liberais e libertários não de esquerda. Bom, então, ele é um intelectual. Parolo na mesma. Alguém que defende a leitura literal da versão original da constituição americana, é o quê?
Quanto ao resto, às bombas, devo informar que também não gosto. Nisso estou de acordo com o Ron Paul. Nunca disse que achava bem que os States lançassem bombas.
E obviamente que ele acha que não merece que o estado o chateie sem que ele tenha feito alguma coisa por merecer. Eu, por exemplo, não acho que mereça que o estado me tire dinheiro para fazer a CRIL de Lisboa, ou o policiamento das ruas de Lamego. Mereço isso? Não.
Mas de que "ideia bem intencionada" é que está a falar"? Não percebi. Refere-se ao welfare state?
"Alguém que defende a leitura literal da versão original da constituição americana, é o quê? "
Uma vez que não é isto que RP defende perde as bases para o chamar de parolo...e eu ganho bases para o chamar de no mínimo "pouco informado".
"Quanto ao resto, às bombas, devo informar que também não gosto. Nisso estou de acordo com o Ron Paul. Nunca disse que achava bem que os States lançassem bombas."
Pois. Mas ele defende que parem com as bombas e com os subsídios. Tambem devia apoiar. A esquerda sempre atacou a política dos EUA de subsidiar governos "amigos".
"E obviamente que ele acha que não merece que o estado o chateie sem que ele tenha feito alguma coisa por merecer. Eu, por exemplo, não acho que mereça que o estado me tire dinheiro para fazer a CRIL de Lisboa, ou o policiamento das ruas de Lamego. Mereço isso? Não."
Está a ver. Concorda com a descentralização. Descentralização de gastos e de colecta de impostos. Os meios de comunicação de uma comunidade deviam ser pagos pela comunidade. Tal como os custos de segurança civil. Com jeitinho ainda se torna em um libertário e um "paulista".
"Mas de que "ideia bem intencionada" é que está a falar"? Não percebi. Refere-se ao welfare state?"
Sim, dessas ideias bem intencionadas de que está o inferno cheio.
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