2007/09/18

Vaclav Klaus e o pânico

O pânico pode ser descrito como um medo repentino e uma ansiedade sobre eventos antecipados. O pânico é um sistema de defesa natural. O nosso organismo concentra-se completamente na resolução da ameaça, ignorando outros sistemas de defesa e outras necessidades.

O pânico é uma justificação para que indivíduos, não levando em conta o impacto de longo prazo, tomem medidas no curto prazo que o mitiguem. Vale tudo. Os Romanos sacrificavam a sua República a uma Ditadura temporária desde que a República estivesse em perigo eminente. Desde que há história registada que grandes ameaças foram justificação para que os indivíduos prescindissem da sua liberdade.

Assumo o meu preconceito contra todos os "estados de pânico" que possam justificar a diminuição das liberdades individuais.

A "direita tradicional” usava com mestria o pânico. O “nós” contra “eles” do espírito nacionalista. A "esquerda tradicional” era reformadora senão revolucionária pelo que convivia mal com os “pânicos” conservadores.

Claramente a direita perdeu a quase exclusividade na utilização do pânico como justificação para a concentração de poder no estado. Hoje é a esquerda que usa e abusa do pânico. O melhor exemplo é o pânico no formato Eco-religião. O mundo está a ser destruído pelo Homem. Apenas o Estado pode parar o Homem.

É Eco-religião porque é dogmática. Não admite discussão nem contraditório. Não necessita de provas ou evidências. Não admite provas ou evidências que refutem as suas ideias. Ostraciza quem não partilha da mesma fé. Infieis devem ser ou convertidos ou eliminados.

Quando li o conhecido "State of fear" de Michael Crichton gostei particularmente da nota final do autor. É possível ser-se a favor da intervenção do estado no conflito inter-geracional consequente da poluição e outros impactos ambientais sem ser-se dogmático nem radical. O radicalismo tem um custo e bem real. Tomam-se atitudes irracionais com impactos irreversíveis com a justificação acrítica do "tudo o que podermos fazer é pouco".

Entre os amigos apenas peço que tomem atenção aos factos de primeira-mão. Não assumam "consensos" com a única evidência que alguém lhes disse que existia um "consenso". E que percebam que de facto as acções associadas à Eco-religião não são inevitáveis e que têm um custo, nem que seja um custo de oportunidade.

Sinto-me com esperança quando vejo homens como Vaclav Klaus (via insurgente) a assumirem a sua responsabilidade e a defenderem a liberdade individual independentemente da pressão contra eles imposta. Pode estar ou não certo mas está a levar o tratamento que Galileu levou da Fé vigente nesse tempo. Ser contra a religião instituída tem no mínimo penalizações sociais, no máximo como pena a morte. Com este bom exemplo preparo-me para ir para mais uma tertúlia de café pregar no deserto com forças redobradas.

1 comentário:

Filipe Brás Almeida disse...

Vaclav Klaus, como alias todos que gostam de misturar o facto com a ficção é um idiota.

Faço um apelo à seriedade e à leitura de um artigo recente do Vaclav Havel (someone who has a clue, as opposed to Klaus) no IHT, sobre a verdadeira questão do nosso século - aquecimento global.