2007/09/18

Nem o D. Quixote Faria Melhor

Pinho quer Portugal “alternativo” para evitar efeitos do recorde do petróleo.

O ministro da Economia, Manuel Pinho, afirmou hoje que o investimento e a aposta nas energias alternativas são "a melhor forma" de Portugal atenuar os efeitos dos máximos atingidos pelo barril de petróleo. (...)

Para Manuel Pinho, se Portugal não investir nas energias alternativas, "será como a Venezuela não explorar o seu petróleo". "Temos que explorar os recursos naturais que temos, que são um potencial imenso por explorar", referiu.
Como sempre, os números são o grande ausente do discurso de Manuel Pinho. O seu discurso autista e simplório apenas refere banalidades e lugares comuns para serem consumidos sem ter de pensar muito. Para Manuel Pinho o dinheiro é a enfadonha tarefa de ter de carregar duas vezes no verde. Uma mera formalidade, nada mais. A mensagem do eco-fundamentalismo é repetida ad nauseam. Para ser aceite como um dogma, nunca posta em causa. O ventinho que lhe sopra por cima do quintal vale tanto como as avultadas reservas de petróleo da Venezuela. Basta um visionário, ou o rei midas decretar tal capacidade. Tudo vale: gigantescos parques eólicos com tecnologia obsoleta, tornados rentáveis através da injecção de fundos patrocinados pelo consumidor português, que paga a energia mais cara da Europa. E no entanto a megalomania continua. Nada parece demover o maluquinho dos parque eólicos.

Numa conjuntura em que o petróleo continua barato, com tendência a encarecer, e em que a energia eólica continua cara, com tendência a tornar-se mais barata, qual será a estratégia óptima:
- Esperar para o momento óptimo de investir na nova tecnologia
- Investir já em moinhos de vento que estarão obsoletos dentro de alguns anos

Aparentemente, o governo decidiu por investir já. Lembre-se que os contratos efectuados com os produtores por prazos prolongados. Quem se compromete a pagar a tralha obsoleta são os consumidores. Manuel Pinho estabelece contratos generosos à custa dos clientes da EDP. À medida que os contratos com os produtores eólicos entram em vigor, o custo da energia aumenta. Resta acrescentar que são os mesmos consumidores de energia que financiam a publicidade da EDP que nos vem impingir os benefícios das energias renováveis.

3 comentários:

Ricardo G. Francisco disse...

Isto parece que foi combinado...

Filipe Melo Sousa disse...

eh assim. o mundo pertence aqueles que se levantam cedo :P

Anónimo disse...

Resta dizer que, mesmo sem energia eólica, o alarme de Manuel Pinho é injustificado: o petróleo não está a encarecer por aí além quando o seu preço é computado em euros, a moeda que nos interessa. O preço em dólares aumenta tanto quanto o câmbio do dólar diminui, e os efeitos mais ou menos compensam-se. Fiz um post sobre o assunto no SCLS.

Luís Lavoura