2007/03/14

Se a inveja matasse...

Ontem ouvi um jornalista, todo entusiasmado, na telefonia: a revista Forbes identificou 178 novos bilionários. Segundo aquela alegre notícia, o mundo tem este ano 946 bilionários, mais 178 que no ano passado. Mais ou menos metade são norte americanos.

[...]

E depois há os humanistas seculares, que acham imoral que o mundo se reja pela máxima de Milton Friedman “a única obrigação moral das empresas é a maximização do lucro”.

Mas eu aposto que todos estes bilionários ganharam as suas fortunas trabalhando, suando, fazendo as escolhas certas – como se sabe, os pobres do México e da Bolívia fizeram as escolhas erradas – e que não há nenhum que não seja culto e generoso, inteligente e cheio de preocupações sociais.

Filipe Castro, na Esquerda Republicana.
Quando se pensava que somente os duros do "nosso" PCP se mantinham como os esfíngicos defensores dos velhos "a terra a quem a trabalha", e "a única forma legítima de valor é o trabalho", eis que aparece este "humanismo secular" (com um "secular" sem dúvida qualificador da espessura do pó que ainda perdura em certas ideias) para nos lembrar que ainda há muitos mais defensores de certas coisas do que pensamos. Que não falta afinal por cá quem sonhe em emular os caciques das repúblicas das bananas da américa latina que subitamente parece que descobriram o comunismo na revolucão "bolivariana" em curso.

Esses ainda têm algumas desculpas. Afinal, não conviveram directamente com a guerra fria, não tiveram Muros de Berlim ao lado, nem foram vizinhos das carnificinas que esses amanhãs que cantam causaram.

Já estes... É tudo gente culta, generosa, inteligente e cheia de preocupações sociais. Principalmente, quando toca a usar o dinheiro dos outros.

3 comentários:

Anónimo disse...

A única forma legítima de enriquecer é de facto o trabalho - englobando neste, também, o esforço honesto do empresário, investidor e capitalista.

Infelizmente, acontece em Portugal que há muita gente que enriquece sem investir nem produzir nada. Enriquece, por exemplo, por via de influenciar o Estado no sentido de que a sua propriedade rural seja reclassificada como urbana, para a poder depois vender com 1.000 % (ou mais) de lucro.

Boa parte das fortunas em Portugal não se fizeram através de investimento, risco e novas ideias, mas sim através da marosca e do tráfico de influências. Fizeram-se através da esperteza saloia, e não da inteligência e trabalho produtivo que deve caraterizar o verdadeiro empresário.

Luís Lavoura

JLP disse...

"A única forma legítima de enriquecer é de facto o trabalho - englobando neste, também, o esforço honesto do empresário, investidor e capitalista."

Faltou a herança, ou a mera sorte... ;-)

Mas o meu caro compreenderá que a noção de "trabalho" que é utilizada pelos indivíduos que procurei retratar é bem mais limitada. Atente-se até ao "trabalho suado" que e referido.

"Boa parte das fortunas em Portugal não se fizeram através de investimento, risco e novas ideias, mas sim através da marosca e do tráfico de influências. Fizeram-se através da esperteza saloia, e não da inteligência e trabalho produtivo que deve caraterizar o verdadeiro empresário."

Concordo.

O que não quer dizer que isso seja um padrão dominante na lista da Forbes...

Helder Ferreira disse...

"Infelizmente, acontece em Portugal que há muita gente que enriquece sem investir nem produzir nada."

1 Quem? O "toda a gente sabe" não serve.

"Enriquece, por exemplo, por via de influenciar o Estado no sentido de que a sua propriedade rural seja reclassificada como urbana, para a poder depois vender com 1.000 % (ou mais) de lucro."

Exactamente. Sempre o Estado metido ao barulho. Não se vislumbra enriquecimento ilegítimo (excepção de crime como tráfico por ex)que não tenha o dedo do Estado. Dezenas, centenas ou milhares de pessoas ricas por esta via e só uma variável em comum. Dá para concluir alguma coisa?