De olhos bem abertos
A concorrência esta semana foi renhida, ambos os meus candidatos parando pelo blog da Revista Atlântico que, já agora, apresentou para mim no mês passado aquele que foi o número com conteúdo mais bem conseguido, e que estave recheada de substrato de uma ponta a outra. Quinta-feira há mais!
Na semana da rivolição, senti-me fortemente inclinado a optar pelo artigo "O fim do sonho", de Francisco Mendes da Silva (já recomendado por aqui), que em grande forma desancou nos peritos do "turismo de intervenção" e na comandita da cultura masturbatória circular.
Mas os desenvolvimentos posteriores fizeram-me mudar a escolha, que acabou por recair no artigo de Henrique Raposo (que cada vez mais tenho gosto em ler e acompanhar) "Camisola 7".
Na rádio, afirmei o seguinte: “que se lixe o Salazar”; critiquei ainda o Papa e os “beatos”. Resultado: recebo uns mails um tanto manhosos “V. não é de Direita”, “V. é uma besta”.”A direita mole é uma...”.O "desabafo" insere-se numa guerra mais ou menos antiga (para a qual já demos por cá também o nosso contributo, concretamente em tempos mais recentes com este artigo do Francisco) da guerra dos "puros" da direita que abraça o conservadorismo com os liberais que não discuram as liberdades individuais do conceito pleno de "Liberalismo".
Porreiro.
(...)
Mas, para ajudar à festa, devo acrescentar que não gosto de touradas e que não gosto muito de fado. Acho ainda que o aborto não deve ser ilegal. Não vou à bola com a Igreja Católica. Não tenho pachorra para misericórdia beata e aristocrata em relação ao “pobre”. Mais: Portugal é um país como os outros. Não é uma nação especial. É só a minha pátria. Não existe nenhum “Bem comum” da nação (quem é que define esse bem comum?).
Pois, de facto, tendo em conta tudo isto, não devo ser mesmo da Direita.
A provocação deu origem a uma troca acesa de artigos com Eduardo Nogueira Pinto, no mesmo blog, e degenerou na análise da ligação da moral com o Direito, tudo envolvido com pitadas da polémica que promete nos próximos tempos animar o campo da direita e do binómio conservadorismo-liberalismo nas discussões que se adivinham relativas ao aborto. A conversa é de todo recomendável, e diz muito do conflito entre amoralidade (e/ou diversidade moral, como refere Henrique Raposo) liberal e a perspectiva tipicamente conservadora de uma moral única, superior às demais, e caminho firme para se alcançar o Bem, e a relação destas perspectivas filosóficas com a construção do Direito.
Fica a recomendação e a escolha.
Adenda: também sobre o assunto, a não perder aqui na casa os artigos Conservadorismo Indy e Ainda o conservadorismo, pelo JB.
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