2006/04/27

Vamos lá ver se é desta que me chamam fascista

Em comentário ao meu post sobre o 25 de Abril, a Roteia do Ultra-Periférico afirma não entender "como se pode passar por cima das responsabilidades do regime de Salazar no que toca ao atraso do país, atraso que aliás ainda perdura.".
Este é um erro bastante comum, o de assumir que o atraso do país se deve ao Estado Novo. O atraso do país é bem anterior ao Estado Novo, e, quando muito, foi esbatido durante esse período. Nunca existiu um período de tão grande convergência para os níveis de bem-estar europeus e de pujança económica como o período final do Estado Novo.
Façamos uma comparação muito simples aos ritmos de crescimento do PIB nos 10 anos anteriores ao 25 de Abril em relação aos 10 anos posteriores:

1964 7.1% 1975 -4.3%
1965 7.4% 1976 6.1%
1966 3.7% 1977 4.8%
1967 8.1% 1978 3.4%
1968 7.3% 1979 6.6%
1969 3.3% 1980 4.1%
1970 8.6% 1981 0.5%
1971 6.6% 1982 3.2%
1972 8.0% 1983 -0.3%
1973 11.3% 1984 -1.6%

No período de 1964 a 1973, o PIB cresceu a uma taxa média anual de 7.14%. Já no período de 1975 a 1984, os dez anos após a revolução e anteriores à CEE e a Cavaco Silva, o produto interno bruto cresceu a uma taxa média de 2.25% ao ano.

O fascismo encontra-se, tal como o comunismo, no extremo oposto dos ideais liberais que defendo. Salazar e o seu regime podem ser acusados de ofender muitas liberdades individuais e económicas, mas do que não podem ser acusados é de serem os causadores do nosso atraso. Até me atrevo a dizer que sem o suporte da herança da prosperidade económica do Estado Novo, dificilmente o regime democrático saído do 25 de Abril se teria aguentado. Ironicamente, o génio financeiro do Professor de Santa Comba Dão terá ajudado a suportar a democracia que ele tanto espezinhou.

1 comentário:

Anónimo disse...

Ao lono de todo o século XX Portugal foi o país que mais cresceu em todo o Mundo. Em 1910 o nosso PIB per capita era pouco mais de um quinto do do Reino Unido.
Mas em 1820 o PIB per capita português ainda era o quarto do Mundo, depois do Reino Unido, França e Canadá e acima do dos Estados Unidos.
O Século XIX foi catastrófico.
Tal como Século XX o está a ser. A propaganda tenta esconder que Portugal quase sempre cresceu excepto em momentos muito especiais como por exemplo agora com uma desatrada adesão ao Euro e à União Europeia.