2009/01/25

culturas retrógradas

Comenta o LR que a comunidade muçulmana é retrógrada puxando da manga um texto que circula na Internet e cuja fonte não pude esclarecer. Se concordo com a essência do post -- um certo "servilismo" e o excessivo zelo com que os europeus lidam com as comunidades muçulmanas --, não me revejo minimamente no alcance e forma artificial a partir da qual um texto em 'bullets' destila o extracto de uma cultura. Três exemplos, mais ou menos tirados ao acaso:


- Saviez-vous que des musulmans réclament et obtiennent la suppression de la fête de Noël dans certaines écoles primaires?
- Saviez-vous que dans l’administration, des musulmans réclament des jours de congés supplémentaires pour leurs fêtes islamiques?
- Saviez-vous que les jeunes noirs et musulmans ayant brûlé vif un vigile de race blanche d’un supermarché à Nantes (en 2002) n’éprouvent aucun remord et sont fiers d’eux? (Source : Témoignage de l’avocat);


Mesmo que não me custe a acreditar que todos os pontos são factuais -- no sentido de que aconteceram, pelo menos, nalgum momento --, o enquadramento dá a sensação de que a cultura muçulmana se resume a esta lista. Relembro, só para dar um exemplo, que a esmagadora maioria dos muçulmanos no planeta são moderados e tão muçulmanos como eu sou católico.

Há muitos tipos de contra-argumentação possíveis. Mas, não sendo nem especialista nestas matérias nem tendo tempo suficiente, deixo aqui estas três questões como que para reequilibrar os pesos e relembrando que Portugal é um estado laico (por definição, porque a prática é diferente):

- sabia que há pessoas em Portugal que caminham dezenas de quilómetros afim de cumprir uma promessa num santuário situado no centro do país?
- sabia que a maior parte dos feriados em Portugal são de carácter religioso e que, até há bem pouco tempo havia crucifixos nas salas de aula das escola públicas?
- sabia que, pelo menos num dado país, o designio inteligente como explicação para a vida se ensina lado-a-lado com as teorias evolucionárias?

Insisto que, principalmente na França (mas não só), já se foi longe demais e, pior, não vejo sinais de uma certa saudável "firmeza" cultural voltar às agendas políticas: se um estado deve proporcionar uma integração digna, aprazível e tolerante de culturas minoritárias, essas culturas devem retribuir, quiçá com zelo redobrado, com a mesma tolerância, sem que o fiél da balança se desequilibre.

1 comentário:

Anónimo disse...

"- sabia que há pessoas em Portugal que caminham dezenas de quilómetros afim de cumprir uma promessa num santuário situado no centro do país?"

Sim, conheço duas: uma, à Festa do Avante e outra, a Fátima.