2008/06/02

Privatizar CGD

Um conjunto de razões para privatizar a CGD :

A primeira razão é a de que o Estado não pode regular de forma minimamente eficiente e eficaz o mercado financeiro enquanto tiver um interesse tão forte como fornecedor.

A segunda razão é a de que o Estado não precisa de deter um banco para cumprir com qualquer uma das funções que lhe são atribuídas pelos grandes partidos portugueses, PSD e PS, incluindo funções sociais e de redistribuição da riqueza.

A terceira é a de que a CGD, como grande investidor e como grande financiador intervem em variadíssimos mercados. Esta intervenção, feita em enormíssima escala, embora seja feita por uma entidade detida a 100% pelo Estado português tem uma gestão que é completamente opaca para os eleitores e sem garantia nenhuma de equidade no tratamento dos cidadãos.

A quarta é que é um mau investimento para o Estado. A CGD é banco com baíxissima rentabilidade de capitais. Existirá quem consiga gerir melhor este banco, mesmo com um regulador menos cooperante, e capaz de pagar um prémio adicional sobre a rentabilidade que o Estado portugues consegue retirar de lá.

Um conjunto de razões para privatizar o mais rápidamente possível:

Do primeiro ao último lugar para acabar o mais rapidamente possível com todos os problemas acima anunciados. Razão suficiente.

PS: O esforço que fiz para não usar calão neoliberalfascistaeconomicista neste post...

6 comentários:

Anónimo disse...

Será que é assim tão mau investimento para o estado? Aquilo não lhe dá lucro nenhum?

Pedro disse...

"A primeira razão é a de que o Estado não pode regular de forma minimamente eficiente e eficaz o mercado financeiro enquanto tiver um interesse tão forte como fornecedor."

Neste caso estás a assumir que o Estado deve ter um papel regulador na economia. Tal ideia não vai de encontro à generalidade dos liberais clássicos, em especial os da escola austríaca. Deste modo, a questão que levantei continua para estes a fazer sentido...

"A quarta é que é um mau investimento para o Estado. A CGD é banco com baíxissima rentabilidade de capitais."

No momento presente não sei, porque o mercado está na generalidade em baixa, mas a CGD já forneceu, não vão mais de 10 anos, bons lucros ao Estado. Claro que tal depende muito da conjuntura.

De qualquer modo, eu não me oponho à privatização da CGD nem às razões que levantas. A questão que pus é se uma privatização por si só, como medida avulsa, como meio de impedir a posse de propriedade por parte do Estado, não será algo que entre em contradição com os princípios de jusnaturalismo e de não-coercção comuns a muitos dos liberais. Principalmente se tivermos em conta que eles consideram, e eu, que o Estado "não somos todos nós".

Ricardo G. Francisco disse...

Rui CArlos Gonçalves,

Pode dar lucro e ser um mau investimento. Se alguem estiver disposto a pagar pela CGD mais do que o equivalente à expectativa de lucros futuros, por exemplo. Além de que para ter esse lucro pode estar a pagar de outros lados. Existem várias formas de tirar valor de uma empresa e várias formas de investir tambem.

Ricardo G. Francisco disse...

Pedro,

Entrei na discussão do concreto e do imediato. Não é imaginável entrarmos de repente no paraíso do liberalismo clássico. A regulação do sector financeiro não está em discussão. Mas a CGD está! EM um contexto de regulação aplica-se a primeira razão, sem espinhas.

A CGD tem sido lucrativa, mas pouco por comparação com os restantes bancos. Além de que continua a perder quota de mercado, tendo à muito perdido a liderança no segmento das PME's e das micro. A tendencia é de perda sendo que o retorno do capital sempre foi do piorzinho no sector em Portugal.

Anónimo disse...

Não é para mim líquido (e parece que também não o é para o Ricardo Francisco) que a CGD seja um mau investimento para o Estado. O lucro que a CGD dá reverte na totalidade para o Estado, enquanto que, se a CGD fosse privada, apenas reverteria o IRC (15%, ou fosse o que fosse) para o Estado. Resta então saber que alternativas de aplicação de capital o Estado teria, isto é: se vendesse a CGD, onde iria o Estado aplicar o capital daí resultante, por forma a que este lhe fosse mais rentável?

Tudo depende do lucro que o Estado extrai da CGD, do valor pelo qual o Estado a poderia vender, e da taxa de juro que o Estado paga pelas dívidas que tem (e que presumivelmente amortizaria parcialmente se vendesse a CGD). Nenhum destes valores é conhecido por mim - e suspeito que o Ricardo Francisco também não os conheça. Ora, sem conhecermos estes valores, não podemos avaliar se a CGD é de facto um mau investimento para o Estado.

Luís Lavoura

Ricardo G. Francisco disse...

Luís,

Não é para nenhum partido portugues reconhecido como funcção do Estado o de investidor. Duvido que existam contribuintes que queiram passar essa função privada para o Estado. Excepto para aqueles que invetimento do Estado é sempre com o património alheio.

Em relação aos lucros volto a escrever que a venda de um activo, se for feita decengtemente o que é sempre difícil de garantir quando é feita por agentes do Estado deve reflectir todos fluxos económicos possíveis. Tambem inclui os lucros esperados. Se outra entidade ou entidades acreditar que pode transformar a CGD em uma empresa mais lucrativa estará disposta a pagar mais do que vale a CGD gerida pelo estado. É assim que funcionam as oferta públicas de aquisição.

Portanto o Estado não deve ser investidor, e existem condições à partida para que a venda da CGD seja um bom negócio.

O dinheiro da venda da CGD e de todas as outras empresas ainda públicas deveria, na minha humilde opinião, ser usado para transformar a Segurança social para um sistema voluntário e individual.