Arte
Estive recentemente no MoMA onde aproveitei para tentar ficar um pouco menos incapaz de apreciar arte moderna.
Ouvi o que os senhores do áudio tinham a dizer sobre cada uma das peças e respectivos autores, o que recomendo especialmente a pessoas com tão pouca sensibilidade como eu .
Em dada obra de Pollack, artista tão apreciado por entendidos como incompreendido por mim, o comentador realçava a viragem da arte no sentido da expressão individual. A arte como expressão do interior sem objectivo de impacto em terceiros. A arte como forma de expressão individual. Ao artista a liberdade criativa para expressar-se sem a restrição de vontades alheias.
Indivíduos que se querem expressar como bem entendem sem grilhetas. Devem ter esse direito todos concordarão. Ninguém se poderá opor ao livre exercício desta liberdade.
A interpretação deste direito foi mais longe. Os artistas têm necessidades materiais; Têm necessidades que vão para além da necessidade de se expressarem. Se a arte deixa de ter ser valorizada por outros; Se esta valorização é considerada uma grilheta; Se arte valorizada por terceiros pode até ser considerada do pior dos epítetos, de arte comercial. Se o artista não deve depender da valorização das suas obras por quem tem meios para as remunerar como pode ele receber meios para se alimentar, para viver? Se a Arte produzida não é remunerada voluntariamente, como é que o artista satisfaz as suas necessidades materiais?
A resposta em Estados sociais foi simples. O Estado, recolhe impostos à força aos indivíduos que produzem e que transaccionam bens valorizados por terceiros. Depois, os governantes distribuem parte deste dinheiro para alguns artistas de acordo com critérios não comerciais.
A minha primeira crítica é óbvia. Qualquer indivíduo tem que ter o direito de se expressar livremente. Não tem o direito de exigir meios de subsistência a outros indivíduos. Pode criar como lhe entender. Não pode exigir meios de subsistência por exercer essa liberdade.
A segunda crítica é dirigida à incoerência da solução. A Arte em vez de ser remunerada em função da valorização de terceiros que dispõe dos seus próprios meios passa a ter a sua remuneração a depender dos gestores do dinheiro colectivizado. Os artistas continuam a depender dos meios para viver. Não existe independência. Para os artistas financiadas pode existir independência para criar. As suas obras não estão a ser avaliadas por potenciais financiadores. Mas não são independentes. Dependem da vontade discricionária dos gestores dos dinheiros públicos. Não é a Arte que é valorizada, são os seus autores que são valorizados pelos gestores dos dinheiros públicos.
Não é de admirar que tantos indivíduos ligados à arte estejam ligados à política. Não é de admirar que a Arte seja tão política e politizada. Tal como há mil anos atrás, hoje os artistas têm que agradar a quem lhes dá os meios para satisfazer as suas necessidades. Apenas transaccionam activos diferentes.
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