Lutadora da liberdade
Li no Público que a professora agredida no Carolina Michaelis apresentou queixa da aluna na polícia. A questão agora é de saber se a aluna, ou os respectivos pais, poderão apresentar queixa da professora por roubo. Estaria escrito em algum local que a aluna não podia utilizar telemóvel na aula? A estar, será que os pais assinaram a regra ou estiveram presentes aquando da sua elaboração? Poder-se-à falar em aceitação tácita das regras se a aluna é obrigada por lei a estar na escola? Não tendo a aluna cometido algum crime, para além de ter nascido em Portugal, será legítimo querer que ela abdique do seu direito de utilizar o telemóvel num sítio onde obviamente não queria estar?
A aceitação tácita de um conjunto de regras só ocorre quando a pessoa é livre de escolher. Onde não há opção, não há liberdade, não há responsabilidade. Os socialistas transformaram as escolas em prisões e agora ficam admirados que haja motins. Que apareçam mais casos como estes para que se volte a pensar o sistema de ensino obrigatório.
10 comentários:
Caro Carlos,
Está no regulamento da escola que é proibido utilizar telemóveis na sala de aulas.
Quanto ao resto, e desculpa-me a ironia, se a aluna não queria estar na escola devia ter saído pela porta que usou para entrar. Com a vantagem de que não chumbaria por faltas...:)
É que, se bem te compreendo, defendes que os alunos também possam entrar na sala com caçadeiras, porque nenhum deles, nem os respectivos pais, assinaram um papel a aceitar a proibição de uso de armas de fogo na sala de aulas.
Um abraço,
Zé,
A aluna não pode andar de caçadeira na rua pois não ?
Já agora, onde está esse regulamento ? As escolas têm cacifos para guardar o telemóvel ? Ou "pela lei" os alunos são obrigados a sair de casa sem telemóvel... não será legitimo que um pai queira que o seu filho esteja contactável....??
Abraço
Zé, o que eu tentei dizer de forma rebuscada é que qualquer limitação imposta na escola (incluindo a das caçadeiras) é ferida de legitimidade porque os alunos, ou os pais, não têm outra opção que não ir à escola. Repara que eu não discordo que se proíba o que quer que seja nas escolas, nem penso que os pais devem participar na elaboração dos regulamentos ou tenham que assinar o que quer que seja. A opção deve estar a montante, na decisão de frequentar ou não a escola, e qual escola. Não havendo essa opção tudo o resto que venha é ilegítimo.
abraço
Julgo que:
a) não tenho grande opção de mudar de cidadania, será que isso torna a Lei ilegitima?
b) "não será legitimo que um pai queira que o seu filho esteja contactável....??"
O filho está sempre contactável na Escola. Por mais pobre que seja tem um telefone.
c) "As escolas têm cacifos para guardar o telemóvel ?"
Julgo que os telemóveis têm o botão de "On/Off" e de desligar o som. Os cacifos não são necessários.
d) "Os socialistas transformaram as escolas em prisões e agora ficam admirados que haja motins."
Malditos socialistas por quererem que todos tenham acesso à educação
"a) não tenho grande opção de mudar de cidadania, será que isso torna a Lei ilegitima?"
Isso tem muito que se lhe diga. Olhe, pergunte ao CN (www.ventosueste.blogspot.com) , ele explica.
“d) "Os socialistas transformaram as escolas em prisões e agora ficam admirados que haja motins."
Malditos socialistas por quererem que todos tenham acesso à educação”
Eu também quero que todos tenham acesso à educação. Também gostava que todos tivessem uma alimentação saudável. A questão é que os socialistas não só querem, como obrigam. Nem sequer dão a opção de escolher o local onde essa obrigação pode ser cumprida.
"Nem sequer dão a opção de escolher o local onde essa obrigação pode ser cumprida."
Se pensares a nível maior essa opção existe, isto é como parte de uma decisão de onde morar. É limitada mas não é inexistente. Poderá ser analisado no contexto de concorrência entre locais de cidades e cidades per si. Não vejo grande diferença. Julgo que este tema de concorrência é um pouco falacioso e apenas serve para justificar uma privatização do ensino publico.
P.S. vou ver o blogue.
P.S.S. Existem mais obrigações na vida que não se contesta...
Ontem foi noticiado que o Carolina Michaelis iria proibir o uso de telemóveis nas saulas de aulas; logo, penso que podemos concluir que até agora não eram explicitamente proibidos.
Por outro lado, tenho fortes suspeitas (sem qualquer base em factos, é apenas um palpite) que a professora lhe deve ter dito para desligar o telemóvel antes de o confiscar. Se for esse o caso, imagino que o regulamento da escola, o estatuto do aluno e toda a legislação associada digam que os alunos devem obedecer ao professor dentro da sala de aula.
"Se pensares a nível maior essa opção existe, isto é como parte de uma decisão de onde morar. É limitada mas não é inexistente. Poderá ser analisado no contexto de concorrência entre locais de cidades e cidades per si. Não vejo grande diferença. Julgo que este tema de concorrência é um pouco falacioso e apenas serve para justificar uma privatização do ensino publico."
Queres dizer então que aceitarias o cenário em que houvesse um único restaurante por cidade onde todos os habitantes dessa cidade eram obrigados a ir sempre que quisessem comer?
"Queres dizer então que aceitarias o cenário em que houvesse um único restaurante por cidade onde todos os habitantes dessa cidade eram obrigados a ir sempre que quisessem comer?"
Comia em casa se não gostasse (lol).
Tens que compreender que o exemplo que deste não é a realidade em Portugal. Na realidade portuguesa abririam-se mais "restaurantes" pois não estão proibidos de o fazerem.
Não existe nenhuma restrição a uma escola privada de abrir, portanto não vejo onde é que em Portugal essa escolha é tão limitada assim (não quero dizer com isto que não o seja).
Julgo que começou a moda (e vai-se intensificar no futuro) o Cheque-ensino, que é o objectivo deste governo. Julgo que pura e simplesmente é um erro, pelo menos para já. Talvez daqui a dez, vinte ou quarenta anos quando Portugal for um país diferente seja possível. Actualmente só serviria para cavar ainda mais as assimetrias na nossa sociedade.
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