2008/02/13

A mão invisível



Nas últimas semanas têm proliferado mensagens na minha caixa do correio a descrever as más condições de laboração nas fábricas chinesas. São apresentações de .ppt, links para o youtube, fotos, etc. Ontem recebi uma do chefe mais uma destas, em que os chinocas trabalhavam que nem uns malucos, sem condições de segurança, numa chafarica toda desarrumada: "Ora aí está o motivo pelo qual nós tugas andamos aqui a esmifrar-nos para ganhar competitividade, e vêm estes patrões chineses usurários tirar partido da falta de regulamentação laboral. Afinal as nossas empresas são bem geridas e competitivas."

As conclusões induzidas por tais mensagens que andam para aí a circular são ainda:
- devíamos taxar a entrada de produtos chineses
- os consumidores deveriam ter consciência social e não comprar nada made in China
- A China deveria regulamentar as condições de trabalho

Quais seriam as consequências sociais de tais medidas? Se o Estado Chinês fosse mais rígido na legislação laboral, ou se os consumidores europeus se abstivessem de comprar algo made in China, haveria menos fábricas a abrir, atenuava-se o êxodo rural, e mantinha-se mais chineses na miséria camponesa do interior, a comer meia tijela de arroz por dia, e a cultivar terra com a enxada 14h por dia. Em vez disso agora na cidade podem trabalhar apenas 10h, e comer duas tijelas de arroz com ovos, peixe, carne, ver tv, comprar roupa varias vezes ao ano, e meter os filhos na escola em vez de os meter nas terras também.

E eu como consumidor sou suposto comprar um produto mais caro para induzir isto? Viva mas é a mão invisível!

2 comentários:

Migas disse...

És um fassista insensível.

Pedro disse...

Sem dúvida, que fassista! E ainda por cima aconselha os pobres a ver TV. Deve ser para os amestrar à obediência do capital à custa da lavagem cerebral da cultura de massas. Nunca mais mais chega o dia de nova Revolução Cultural! Já não amantes como as de Mao!