2008/02/22

Autarca de Trampolim

Costa continua a não fazer intenções de reduzir as despesas de funcionamento da câmara. Para consumo dos eleitores, continua a teimar na margem que poderá obter ao optimizar a gestão, no bom empenho e na boa vontade dos funcionários em conter a despesa. Palavras vagas e ocas. Os argumentos de sempre, que como sempre continuam a não surtir efeito. Costa até pretende pelo contrário integrar cerca de 1.000 avençados nos quadros da CML, e engordar a máquina.

Quanto à batalha legal, é claro que vai continuar a lutar pela injecção de dinheiro, tentando contornar e reinterpretar a lei. A estratégia da entrevista de ontem foi nada mais do que encontrar argumentos para que a opinião pública adira à necessidade de contrair um empréstimo. Digamos que a entrevista de ontem abriu num tom de chantagem emocional barata. Judite de Sousa fez-lhe o jogo e amparou os golpes na perfeição. Falou-se dos pequenos credores que não representam nem de perto o maior bolo da dívida da CML. Casos de situações desesperadas, até chegaram a falar em suicídio. Poupem-me os Manuéis Subtis deste país.

Continua-se sem saber quem são afinal os grandes credores da CML, e qual o montante que a câmara deve, afinal à própria câmara. Ou seja, empresas municipais que desempenham serviços camarários, mas que por artifício contabilístico não são a câmara. Pondo de outra forma: a algibeira direita do Costa deve um grande montante à algibeira esquerda do Costa, e não nos disse quanto.

Outro aspecto grave da entrevista é que passou a imagem que o município ficou de mãos atadas, parecendo que os candidatos às últimas eleições não sabiam ao que vinham. Lisboa está parada há 3 anos.

A única pergunta que deixou a gestão socialista da CML em cheque terá sido o facto de dívida datar já do tempo de João Soares e Jorge Sampaio. O silêncio do Costa foi aqui muito revelador, mas a própria entrevistadora evadiu-se logo da questão. Durante o resto da entrevista, Costa continuou a falar do peso do passado, aludindo a quem afinal? Insinua sempre que o Carmona, mas afinal nem ele próprio quis arriscar-se em argumentar nesse sentido.

Um argumento a favor do empréstimo seria que os encargos financeiros decorrentes estariam aquém dos juros de mora. Isso significa que os lisboetas teriam de aceitar a política do facto consumado, e dar carta branca à gestão incompetente do município. O que será no futuro quando Lisboa terá de pagar juros de mora, acrescidos aos juros do empréstimo? E que a injecção de dinheiro é muito tentadora, e um autarca oportunista tende a adiar a solução, quando um empréstimo é feito num prazo de 20 anos. Sobretudo um autarca-trampolim com altas ambições políticas. Note-se que continuámos sem saber qual vai ser o futuro político de António Costa. Nem sequer sabemos se ele se propõe a um segundo mandato. Nada sobre o novo aeroporto de Lisboa. Sinal de que só estamos a falar de situações imediatas.

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