2007/12/04

... Muda-se

"O escravo tem um amo só, o ambicioso tem tantos quantos são úteis à sua fortuna”.

(Jean de la Bruyère)
Parece que o Tiago Mendes foi corrido optou por tirar as suas conclusões em relação à crise que ele próprio criou, e se vai afastar da participação no blog da Revista Atlântico. Isto se, a julgar pela quantidade de artigos que ainda vai escrevendo depois do "ponto final", não se tiver ainda barricado.

Saída em grande, com todos os ingredientes do tiagomendismo e da tragédia clássica grega, apesar do facto de se esperar que o coro venha a desempenhar uma função substancialmente distinta. Senão vejamos:

- O respeitinho, a educação e tento na língua em função do destinatário, ou a discussão de "ideias" e não de "pessoas":
No texto que eu tinha originalmente escrito para este post, incluía um parágrafo em que referia isto: eu consideraria inaceitável escrever algo próximo do que escrevi sobre o André Azevedo Alves relativamente ao “deus” nesta casa - o director - ou mesmo aos seus “semi-deuses” - os membros do Conselho Executivo (Rui Ramos, Vasco Rato, João Marques de Almeida, Luciano Amaral). Se escrevesse tal coisa sobre o director, só podia bater de imediato com a porta - e o mesmo se teria de passar, provavelmente, se me referisse a um membro do Conselho Executivo. [...] O André Azevedo Alves, neste momento, é “apenas” colaborador e membro do Conselho Editorial da revista.
- Os Cavaleiros do Apocalipse, ou o acumular de escritos que não permitiu citar nem sequer um:
O que o que escrevi sobre o que tem escrito o André Azevedo Alves não foi motivado por “um” post dele recente, mas sim por um acumular de escritos na blogosfera que primam pelo saudosismo, conservadorismo moral e libertarianismo económico [...]
- O "puxei, puxei mas não saiu nada":
Eu não digo que o André Azevedo Alves me dá vómitos - isso seria, obviamente, gratuito e inaceitável. Os fortes qualificativos que usei resultam de um conjunto de ideias suas que, na minha opinião, o tornam merecedor desses atributos.
- O síndrome "o que é chato é eu não lhes conseguir dar a volta e ele ter mais público que concorda com as dele do que com as minhas":
Aquilo que eu escrevi foi motivado por uma coisa muito simples: considero que as ideias expressas pelo André Azevedo Alves são demasiado toleradas à direita - no sentido de não serem “criticadas” suficientemente, e não no sentido de não haver ninguém que as “elimine”.
- O argumento do sistema, ou a táctica Luís Filipe Vieira:
Pergunto, então: por que há, à direita, tão poucas críticas ao que escreve o André Azevedo Alves? Será por “medo”? De quê? Porque ele está na revista, e em crescendo na revista? Porque tem as costas quentes? Por preguiça? Porque muitos dos possíveis críticos estão de outro modo comprometidos, temendo perder lugares ou favores? Porque a direita que se diz “moderna” se revê naquele conjunto de ideias e na forma obsessiva, mal educada (sim, a “educação” era ironia, claro que se trata de um mal-criado), propagandista e moralista? Porquê, pergunto? Pergunto mesmo.
- O momento de clarividência:
Participar num blogue conjunto implica regras mínimas de convivência. Quando vim para este blogue, o André já cá estava. O Henrique e o Paulo tiveram, com grande pachorra e simpatia (e também interesse: afinal, a imagem de “pluralidade” e as audiências também contam), muito insistir para que eu aceitasse o convite, porque temia que alguma ruptura viesse a ter lugar.
- A escola otáviomachadista, ou o argumento "vocês sabem do que estou a falar":
Não vale a pena recolher dezenas de posts sobre isto, deixei uma pequena amostra. Quem o lê sabe do que falo, e quem não sabe do que falo, paciência.
- A victimização, a imolação do mártir, ou aquela cena em que começam a tocar os violinos:
Se ser desagradável - muito por não se conseguir escrever, num momento de impulso e em que se sente que é preciso “dizer basta” de forma clara - é o preço a pagar para se poder dizer verdades importantes, sem salamaleques, de forma clara, tendo como consequência o não poder frequentar certos salões sociais, é um preço que aceito, mesmo tendo em conta os danos causados a terceiros. Sempre me ensinaram - família e 9 anos de educação num colégio católico, desde pequenino - a valorizar a “boa formação” e a “boa educação”, mas a dar prioridade à primeira. A olhar mais para o coração do que para a roupagem.
- O momento "afinal havia outra", ou "causa é causa mas isto do altruísmo é claramente overrated":
Vim para este blogue, como qualquer mortal viria, com um misto de interesses pessoais e de contribuir para um projecto em que acreditava e que acarinhava.
- A ameaça, ou o síndrome "eu tenho muitos poderes" (próximo do "eu parto isto tudo" de uma Zazie de outras paragens):
Primeiro, sublinhando que existe muita gente à direita (que eu conheço alguma, acreditem que sim) que suporta as ideias do André Azevedo Alves tanto ou menos do que eu, só que não o diz. (Se eu revelasse alguns nomes publicamente, acreditem que a blogosfera de direita nunca mais seria a mesma).
- O beijo de Judas:
Terceiro, agradecendo novamente ao Henrique - mas sobretudo ao Paulo - a oportunidade que me deram de estar aqui; e desejando a melhor sorte a todos os que estão no barco que agora deixo, em particular ao seu dedicado e esforçado director, que terá muitas limitações (todos temos) mas não essas duas. Ele está neste projecto de corpo e alma e, como já disse o Henrique há tempos e eu concordo, “Os outros falam, o Paulo faz”.
Como se vê, ingredientes do mais fino recorte que, ainda mais com a greve dos argumentistas de Holywood, seria matéria pronta a verter no próximo êxito em substituição de um Tom Clancy ou de um John le Carré.

Isto se não fosse simplesmente patético.

28 comentários:

zazie disse...

ó rabicha,vai lá citar a tua mãezinha, está bem, palonço?

zazie disse...

v.s são mais que as mães. Em cada 3 bloggers um é paneilore.

Anónimo disse...

O jlp passa a vida a tentar imitar o João Miranda (sem grande sucesso, lamento dizer) e depois vê o Tiago Mendes a ser aclamado por pensar pela própria cabeça. É tramado, não é?

Zazie, você é uma chata.

Ricardo G. Francisco disse...

O Tiago Mendes tinha de saír. Podia era não ter saído tão mal. O último texto é surreal. Acho que o homem está com problemas sérios.

zazie disse...

V. é que é panasca e me linca numa cena que não me diz respeito e eu é que sou chata?

Vá lá pedir ao paizinho que lhe dê tau-tau.

Já não pachorra para estas bichonas ideológicas. Como se não fosse igual ao outro.

Ao menos o Tiago nem metia mulherio ao barulho e é inteligente. V.s são burros e tão mariconços quanto ele.

Ricardo G. Francisco disse...

Um pensamento alto. Será que o MLS ainda não convidou o Tiago a star guest no speakers ou foi o Tiago que não aceitou?

O TM tem estado bastante alinhado com a direção do mls no que toca aos pontos em que julgam que o estado se deve meter na vida das pessoas...

zazie disse...

Aposto que o Tiago nem conhece ao vivo o AAA. É como estes rabetas de consciências alugadas.

Basta-lhes o ressabiamento. O panasquita do post foi linkar-me para ajustar contas porque também topei que é dos mesmos. Uma rabeta retorcida mal disfarçada.

Ricardo G. Francisco disse...

Cara Zazie,

Essa aposta diz tudo sobre a pouca compreensão que tem do que é que se passa atrás do pano.

Joao Galamba disse...

Ricardo,

"O último texto é surreal". Pensava que te conhecia e que sabias ler. Pelos vistos, enganei-me. Francamente.

Gabriel Silva disse...

excelente!

zazie disse...

Ricardo:
V. caiu que nem um patinho.

Eu estive a gozar e a provocar este idiota porque foi absolutamente gratuito linkar-me e meter-me nesta história.

Apenas isto. Tudo o que disse na Atlântico e tenho dito no PC ou no Cocanha dá para perceber que este anormal me meteu aqui a martelo, no post, apenas por revanche de umas cenas antigas.

zazie disse...

Só não vou contar o motivo pelo qual o imbecil teve de me englobar porque, apesar de ser mulher, detesto tricas.

Por isso é que gozei com o palonço, deu ar de mulherzinha com esta vingançazinha requentada.

zazie disse...

Foi mais uma jaquinice para a conta. Andamos em maré de liberalismos de marsapo e jaquinices de direitas ornitorrincas.

JLP disse...

Felizmente, a zazie não desilude na sua previsibilidade.

E na certeza de a ver passar por cá a "partir a casa toda" com a sua retórica de fino recorte e boas famílias que há muito nos habituámos a conhecer.

Venha e "parta" mais vezes, que eu pelo menos vou-me divertindo.

Migas disse...

Pensava que te conhecia e que sabias ler. Pelos vistos, enganei-me. Francamente.

É assim mesmo. Quem não concorda com o Galamba é porque não sabe ler. Atitude mais consistente com o "bitching" do Tiago não podia haver. Vocês são os cérebros e todos os outros são estúpidos.

Cirilo Marinho disse...

João, o que é que se passa?

Porque é que esta gaja anda feita doida a queixar-se das tuas linkadelas?

O que lhe fizeste que a gente não sabe?

zazie disse...
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zazie disse...
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zazie disse...
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zazie disse...
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zazie disse...

Pois é. Mudei de ideias. Não conto o que se passou para este palonço, passado 8 meses, ainda andar para aqui com estas porteirices ressabiadas.

Fica assim. E os amigos também escusam de me enviar mais mails a querer cuscar a porteirice.

Amanhem-se, hão-de ter muita foleirice em comum.

Ricardo G. Francisco disse...

João,

O Tiago não poderia ter saído pior da Atlântico. O texto tem todas as componentes para a desgraça. Desde a forma, demasiado longo e disconexo, ao conteúdo, cheio de inconfidencias e emoções pouco elevadas.

Como já disse, o Tiago tem o direito de achar o que quiser do André. E tenho a certeza que o André tambem dirá o mesmo. Se ele tivesse publicado aquele primeiro texto não na AtlÂntico mas em outro espaço, as consequências não seriam as mesmas. O conteúdo do texto não deixaria de o marcar, mas as consequências no que toca ao ambiente da revista não seriam as mesmas.

Não compreendo como é que uma pessoa com a inteligência do Tiago não foi capaz de o antecipar. A única razão que eu vejo, o que com a falta de informação sobre o assunto concreto, vale muito pouco, é uma inimizade pessoal tão grande que lhe destruiu toda racionalidade e convencionalismo.

De resto, é sempre bom ver-te por aqui.

Abraço,

Ricardo

Joao Galamba disse...

Ricardo,

Descula lá, mas acho que continuas a assobiar para o lado quanto ás críticas substantivas do Tiago. Ele excedeu-se em algumas coisas, mas o que ele escreveu vai um "pouco" além disso. A separação entre as duas direitas parece-te irrelevante? A tentativa de clarificação parece-te impertinente? O Pedro Lomba e outros à direita parecem discordar de ti.

Ricardo G. Francisco disse...

João,

Já tive várias pegas com o AAA, e pegas de frente (http://blog.liberal-social.org/curiosidade-a-c-aaa). No meio dessas desavenças aprendi a respeitá-lo. Porque ele assume as suas posições morais, sem as querer impor aos demais, porque leva pouco a sério a opinião que os outros têm dessas mesmas convicções. A prova de que é mesmo assim é a diversidade de ideias e opiniões a respeito de posições morais que encontras no insurgente.

De qualquer forma a mensagem do Tiago perde-se no contexto e no ataque pessoal. O contexto é inadmissível. O ataque pessoal prejudica em primeiro lugar o próprio Tiago.

Por mais que muitos discordem das posições moralistas do André, entre outros o Pedro Lomba, não os vejo a apoiar os textos do Tiago. São coisas diferentes, ponto.

A forma como o Tiago saiu mostrou uma falta de respeito enorme em primeiro lugar pelo projecto que o acolheu e que é responsável pelo mesmo palco que ele usou para representar a sua saída e em segundo lugar pelas pessoas responsáveis pelo mesmo. Entre outros momentos "altos", a inconfidência sobre o e-mail pessoal foi...surreal.

Anónimo disse...

Caro Ricardo Francisco,

Não vi aqui ou noutros blogues liberais ninguém a acusar o AAA do que quer que fosse quando tratou o Daniel Oliveira como "verme", quando disse do DO que "lhe faltava carácter", entre muitos outras coisas que o DO se encarregou de relembrar na caixa de comentários da Atlãntico.
Por isso, qualquer juízo moral que eu leia neste momento sobre o que o TM fez é invalidado pelo facto de o episódio demonstrar que há dois pesos e duas medidas.

Acresce a isto que as questões não morrem pelo facto de serem misturadas com ataques pessoais. Há, de facto, divisões à direita, mas isso não é o problema. O problema é que a direita do AAA é importante nos blogues e insignificante, senão desconhecida para o cidadão comum. E isso, felizmente para mim, é uma boa notícia.

Um abraço, JB

Ricardo G. Francisco disse...

Caro JB,

1. O AAA e o DO eram colegas de projecto ?

2. Achas que os impropérios lançados por "inimigos" têm o mesmo valor que os impropérios lançados por "amigos"?

De resto as ideias mais moralistas ou preconceituosas que o AAA possa ter são muito melhor combatidas pelo ridículo...o que já tem sido feito nesta casa e mesmo no insurgente.

Mas as críticas ad hominem do TM ao AAA não se ficaram por aí...e realçar essas críticas esquecendo as outras mais políticas ou de personalidade, quando é disso que a maior parte das pessoas que atacaram a posição do TM vincaram não está certo.

Anónimo disse...

Caro Ricardo Francisco,

Continuamos a discussão no próximo jantar.

Vou entrar em sabática.:)

JB