2007/07/31

Prioridades


Caso do estripador de Lisboa prescreve hoje, após 15 anos, sem nunca ter sido desvendado.

Aqui está mais um caso para o qual, no entendimento da PGR, não havia interesse em alocar recursos públicos a investigar. Assim, a equipa da justiceira do povo não perdeu tempo a desvender pequenos trambiques. O que interessa à nação é a idoneidade do árbitro que apitou a final da taça.

4 comentários:

Mentat disse...

Caro Filipe

Isto não é de agora, é de sempre.
Recordo-lhe dois casos diferentes mas que demonstram como funciona e quais são as prioridades da nossa "justiça" :

1 - Caso FP25 - Nunca se condenou ninguém pelo assassinato dum bebé durante um atentado, apesar da Juíza que absolveu os réus ter dito em pleno tribunal, que sabia que um deles era culpado e eles (réus) sabiam, mas como não conseguia provar qual deles era, sentia-se "obrigada" a absolver todos.
Não se sentiu obrigada a mandar a polícia, realizar mais nenhuma diligência para apurar a verdade, nem se sentiu obrigada a condenar todos, no mínimo por autoria moral no crime.

2 - Caso Caldeira - Um corrector da bolsa faz umas trafulhices, essencialmente a gente rica, ou cuja proveniência do dinheiro não conseguiam bem explicar.
De tal modo que só houve um assistente particular ao caso, todos os outros "prejudicados" nem sequer apresentam queixa.
Os meios envolvidos forma extraordinários, até aos EUA enviaram agentes para capturar o "criminoso".
Conclusão: No julgamento o réu é absolvido...
...

Anónimo disse...

Tive uma cadeira de medicina legal durante o curso. Víamos fotos dos locais de crimes (alguns bem impressionantes). Invariavelmente, a professora queixava-se de que, chegando ao lugar, se deparava com uma local de crime completamente contaminado pelos "mirones". Nem sequer a polícia que primeiramente acorrera ao local se preocupava em isolar a área. Resultado: nos crimes que importam (homicídios), raras vezes se aproveitam os indícios deixados pelo homicida. O que limita muitíssimo as possibilidades de condenar os culpados. Felizmente, não é habitual haver crimes complexos como este do estripador. Senão, o insucesso seria mais gritante.

Mentat disse...

Caro JB

Se eu percebi bem o tema do post não é a falta de meios de investigação ou a sua dificuldade, mas o critério no consumo desses meios.
Eu estou de acordo com o Filipe.
Estou-me nas tintas para quem ganhou a Taça ou o modo como a ganhou, e considero que me estão a roubar, quando consomem dinheiro dos impostos a investigar isso.
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Anónimo disse...

Se eu percebi bem o tema do post não é a falta de meios de investigação ou a sua dificuldade, mas o critério no consumo desses meios. - Mentat

Eu não estava a comentar o post. Estava a comentar a incompetência da PJ e do MP na investigação de crimes. O resultado pobre das investigações criminais em Portugal deve-se à incompetência e não à falta de dinheiro. Nem sequer o exemplo do Filipe Melo Sousa é bom: é que o caso do estripador gozou de prioridade, tendo sido constituída uma equipa especial da PJ para investigar o crime. O problema, como disse o investigador que esteve um ano à frente das buscas, é que não se conseguiu obter nada nos locais dos crimes. Quando grande parte dos casos importantes ficam sem solução, o problema só pode estar na fraca investigação dos crimes. Também os incêndios são uma prioridade e, enfim, é o que se vê.

Quanto ao Apito Dourado, de acordo. Aliás, já o disse várias vezes, é um desperdício estúpido de dinheiro.