The One They Ever Feared
(via Blasfémias)
É esta a imagem que serve de motivo para proibir a presença feminina nos estádios de futebol. Infelizmente não em Portugal. Mas em Teerão certamente que esta imagem não seria possível. Pergunto-me como a televisão Iraniana teria gerido as imagens caso o Cristiano o tivesse feito a festejar o golo aqui, uma vez que houve instruções claras para a edição das imagens para retransmissão nacional. O tabu seria ainda pior caso se tratasse de uma equipa de futebol feminina.
Gostei muito do modo como Helena Matos desenvolve o cenário hipotético e desejável, no dia em que o Cristiano festejar um golo semelhante por terras iranianas:No dia em que este título for possível [Cristiano Ronaldo tirou a camisola em Teerão... e o estádio estava cheio de mulheres] , os fundamentalistas islâmicos terão certamente razões para ficar preocupados. O futebol (...) tem essa capacidade de mostrar o melhor e o pior do quotidiano. (...)
Curiosamente às iranianas, tal como aconteceu aos portugueses durante a ditadura, não lhes faltam uns inevitáveis estrangeiros que, fartos de viver bem nos seus países de origem, lhes garantem ser a falta de liberdade um mal menor face ao desconcerto do mundo.
Com imagens destas [jornalista da RTP velada para entrevistar o embaixador do Irão em Lisboa], Teerão nem tem de se preocupar com a edição, como aconteceu durante o último Mundial de futebol. Aos mais esquecidos recordo que a FIFA deu instruções para que, nos jogos a serem transmitidos para o Irão, as câmaras não focassem os grupos de mulheres que, nos estádios da Alemanha, assistiam aos jogos. Elas, sim, e não a jornalista velada, são a imagem de algo que Teerão não pode tolerar. Tal como Eusébio a chorar em Wembley ou Cristiano Ronaldo a correr em tronco nú pelo estádio, elas representavam aquele momento em que todas as regras se podem desmoronar. E é esse momento que os fundamentalismos temem.
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