2007/06/21

Pyongyang

Voluntariamente exilada na capital do Império, toda a gente que me conhece sabe que morro de saudades da Invicta. Face às notícias que vão saindo, todavia, nem sei se me hei-de sentir aflita ou aliviada por estar longe.
Depois das brincadeiras de mau gosto, ainda para mais mal feitas, o site da Câmara Municipal do Porto deu agora para a perseguição pessoal ao estilo propagandista (via Blasfémias), no caso ao director adjunto do JN.
Não está em causa discutir a isenção, ou falta dela, do jornal. Está em causa a diferença de planos em que se move um órgão de comunicação privado e um órgão de comunicação público, pago com o dinheiro de todos nós. As obrigações de isenção não são as mesmas nos dois casos, e é isto que metade de Portugal (inclusivamente uma boa parte dos comentadores do artigo do site camarário) parece não compreender.
O vídeo, então, está de tarar. O único comentário que lhe faz jus é este:

(inzr, 2007/06/20 às 17:27)

É a primeira vez que visito este site, mas pelo que pude ver imagino que o do municipio de Pyongyang não seja muito diferente, aliás, o editor deve ser o mesmo.

10 comentários:

Ricardo G. Francisco disse...

Só tenho dúvidas se se deve considerar o Jn um jornal público ou privado...

SMP disse...

:)

De qualquer das formas, two wrongs don't make a right.

Anónimo disse...

Mas... porque é que o município do Porto não há-de ter o direito de, através do seu saite, dizer mal de seja quem fôr?

De facto, um saite não custa quase dinheiro nenhum ao contribuinte. Ao contrário da divulgação de comunicados nos jornais, ou da publicação de revistas propagandísticas da Câmara, como muitos municípios fazem, os quais são de facto propaganda paga a expensas do contribuinte, um saite não custa dinheiro ao contribuinte. A Câmara pode, gratuitamente, divulgar no seu saite osbitaites que lhe apetecer, pois que isso em nada prejudica o contribuinte.

No internet, o disparate é livre.

Ou será que não estou a ver bem as coisas?

Luís Lavoura

P.S. Se a Sandra está na capital, convido-a para almoçar um dia destes. E até lhe pago o almoço!

Cirilo Marinho disse...

É o problema dos homens providenciais.

Na Coreia como cá.

Descobrem sempre que o poder é uma coisa engraçada. Tão engraçada que até apetece que os outros não o tenham.

Anónimo disse...

Perfeitamente de acordo com o post. Por muito que fique mal a um jornalista que escreva sobre a política da Câmara participar numa manifestação contra Rui Rio, nada justifica este género de perseguição. Seja num site, seja em qualquer outro meio de comunicação. Tenho pena que seja Rui Rio a protagonizar este género de autoritarismo, uma vez que gosto dele como político.

SMP disse...

LL:

Porque o município do Porto é uma pessoa colectiva, constituída com o úncio fito de servir o interesse público, e como tal não deve ter opinião, nesse sentido que lhe atribui.

Não se trata tão-pouco de saber ao certo quanto dinheiro é gasto com aquele site - é um problema de legitimidade. Se aquilo é pago com o dinheiro de todos não pode veicular as ideias de meia dúzia. Nem de outra meia dúzia ao lado. É por isso mesmo que não pode ter opinião.

Aceito o convite para almoçar um dia destes, mas podemos fazer as contas à moda da minha terra :).

Anónimo disse...

Sandra,

fazemos as contas como quiser.

Telefone sff quando lhe convier para o 218 419 578 (telefone do trabalho - horas "de expediente").

Luís Lavoura

SMP disse...

Não sei se será grande ideia a divulgação do seu número de telefone de trabalho aqui. Caso comece a receber hate phone calls :), a direcção deste blog não se responsabiliza...

No demais, e embora sem grande tempo por estes dias, a discussão e o debate de ideias é sempre vantajosa, embora alimente zero ilusões sobre a possibilidade de chegarmos a acordo em qualquer tópico debatido...

Pedro disse...

Na altura da brincadeira de mau gosto, há uns meses atrás, também critiquei a iniciativa da câmara e penso que um boletim, electrónico ou não, deve ter outros objectivos bem diferentes. Contudo, um órgão da Imprensa é por si só um veículo privilegiado para denunciar esses abusos. Contudo, no espaço próprio, ou seja numa coluna de opinião, num editorial, etc. Acontece que no JN temos vindo a encontrar tudo menos notícias e informação acerca da cÂmara, do Rivoli e La Féria. Tudo o que temos encontrado, no espaço que devia ser destinado a informação objectiva, é entrevistas em que La Féria e Rio são insultados, lamentos e choradinho dos jornalistas "que não deixam fazer o seu trabalho" e piadas e sarcasmo.

Eu não veria nada de especial em ler no site da câmara aquilo que tem sido publicado, desde que fosse assinado e numa página designada de opinião ou algo similar. Tal como está também discordo.

SMP disse...

Eu discordo por princípio; não concebo que não se veja a diferença entre a latitude que é permitida ao JN e a um site do município. É tempo, aliás, de os portugueses largarem a teoria - nunca comprovada em Portugal, de resto - da isenção do jornalismo. Mas parece que é cedo para isso. Talvez a blogosfera ajude.