Como um Pragmata lida com uma Conclusão Indesejada
Estou aqui a responder ao repto do Hugo Garcia, que pediu expressamente que as questões filosóficas fossem remetidas para este espaço (ver caixa adiante). Achei muito útil voltar às afirmações do Hugo, e analisar o universo de hipóteses de uma determinada premissa que ele referiu. E de seguida tecer algumas considerações sobre o modo como o Hugo acha eticamente adequado lidar com as mesmas. O raciocínio do Hugo procede-se em três etapas:
Passo de seguida a analisar o universo de hipóteses face à referida premissa: "a morte por subnutrição é necessária".
- "assumir posições filosóficas não faz parte de um projecto de partido político."
- "(...)consigo imaginar alguém a morrer a fome e um "filósofo" a comentar: é necessário para bem da justiça social."
- "Deixemos essas questões para o BE e para o small brother."
Hipótese 1: a premissa é falsa. Logo a morte por subnutrição de um determinado indivíduo é desnecessária e despropositada. Mas de acordo com a ética do Hugo Garcia, não será necessário demonstrar a falsidade desta premissa. É assim de todo lógico que quando se está envolvido num projecto político, não existe utilidade nenhuma em demonstrar a hipótese errada de uma pessoa empenhada na morte por subnutrição de um ou vários indivíduos. Mais: apesar de se ter ferramentas adequadas para se demonstrar a falsidade dessa premissa, dever-se-á deixar um determinado número de pessoas empenhadas no erro de querer deixar morrer alguns pobres desgraçados por subnutrição. Isto porque a premissa está assente numa argumentação filosófica. E as argumentações filosóficas não devem ser retorquidas dentro do âmbito de um projecto político.
Hipótese 2: a premissa é verdadeira. Logo a morte por subnutrição de um determinado indivíduo é absolutamente necessária, e tal foi analiticamente demonstrado. Bem, então de acordo com a ética do Hugo Garcia, dever-se-á ignorar esta necessidade iminente, e continuar a agir como se não se tivesse tomado conhecimento desse facto. É assim útil e necessário para a sociedade propor aos cidadãos valores que contradizem os factos reais, como se os factos pudessem ser alterados pelo simples desejo, mesmo sabendo que nunca os poderemos alterar. Mas devemos propor às pessoas acções que sabemos ser impossíveis. Tal é o modo eticamente correcto de agir, devido ao postulado da não-resposta a questões filosóficas.
Deixo assim em aberto ao leitor a questão: em qual dos dois cenários será mais útil deixar a premissa por responder?
1 comentário:
hip. 3 - A premissa é verdadeira para parte do universo.
Esqueceste-te que alguns indivíduos por pertencerem ao grupo certo devem ter regras diferentes dos demais. O teu problema de análise é continuares a não entender a importância do contexto sociale continuares a restringir-te ao indicíduo independentemente do meio em que ele se insere e à forma como ele interage com esse meio.
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