2007/06/19

Ass. contribuinte para as touradas de morte e de tantas outras coisas (3)

O sofrimento de animais, especialmente aquele que não é necessário para a vida humana é visto por muitas pessoas, senão a maioria, como muito negativo. E quem o causa é censurado. Além de ser censurado hoje existem uma série de leis que protegem os animais do sofrimento "não justificado".

Os animais têm direitos. Para já são direitos negativos, ou seriam, se os animais tivessem um estatuto equiparado ao dos seres humanos. Isto origina um conflito. Um conflito entre direito de propriedade humano e os direitos consagrados aos animais. Vários problemas práticos:

  • Os animais têm direitos sem responsabilidades, o que no extremo explica porque é que um dono de um cão pode ser obrigado a matá-lo em vez de o "educar" com violência pavloviana.
  • Os animais são dependentes dos seus proprietários o que significa que o Estado, para garantir os seus direitos têm de entrar na vida privada dos proprietários.
  • À medida que vão ganhando mais direitos, os animais vão perdendo valor. Isto retira-lhes o valor da utilidade. Existe uma transferência de bem-estar entre os proprietários de animais, os que antes retiravam mais utilidade, para os "apreciadores de animais".
Para dizer que prefiro as sanções sociais espontâneas a quem trata com crueldade animais do impor o comportamento "humano" à força. Porque por mais simpática que pareça a causa dos direitos dos animais temos de nos lembrar que são animais. E que se os animais tendem a ser cada vez "melhor tratados" é porque somos humanos.

Diferenciar a neutralidade do estado da parcialidade individual.

5 comentários:

Anónimo disse...

Muitas das coisas que o Ricardo diz dos animais também podem e devem ser ditas das crianças. Por exemplo, as crianças têm direitos (à segurança física, à alimentação, à educação, à saúde, etc) e, para garantir esses direitos, o Estado tem que interferir na vida privada dos pais ou encarregados das crianças.

Ou seja, as crianças não são uma pura e simples "propriedade" dos seus pais. Têm direitos que o Estado tem que garantir que os pais respeitam.

Em vez de debater o caso dos animais, seria mais importante debatermos o caso, muito mais consensual, das crianças.

Por exemplo, um pai não pode ter total liberdade de dar aos seus filhos a educação que quiser. Tem alguma liberdade até certo ponto, mas não tem total liberdade. Se, por exemplo, um pai fôr da opinião que "as mulheres não precisam de aprender a ler porque são feitas para cerzir e cozinhar, por isso vou tirar a minha filha da escola depois da segunda classe", esse pai não pode ser autorizado, pelo Estado, a levar àvante essa sua opinião.

Luís Lavoura

Ricardo G. Francisco disse...

As crianças não são animais, são seres humanos.

AA disse...

Os animais têm direitos. Para já são direitos negativos

Pelo amor de Deus...

Ricardo G. Francisco disse...

aa,

Os animais têm direitos...não na prespectiva de deverem ter direitos...mas sim de os terem na prática. E é esse o ponto.

Anónimo disse...

Ricardo,

claro que as crianças são seres humanos. Precisamente por isso, é muito mais importante discuti-las a elas do que discutir sobre os animais. É muito mais importante discutir, por exemplo, sobre qual a interferência que o Estado pode e deve ter na vida da família, e sobre os pais das crianças, no sentido de garantir os direitos dessas crianças, do que estar a discutir o caso análogo com animais.

LL