Valor de uma acção - explicação para iniciados
No limite, cada activo pode ter um valor diferente para cada indivíduo.
Quando todos os indivíduos livres interagem de forma livre em um mercado, vendendo e comprando um activo pode-se chegar a um preço do dito activo em cada momento. Este preço em cada momento é sempre especulativo. Porquê?
Um activo tem o valor para um indivíduo que depende das suas expectativas de extracção de valor do mesmo. É uma especulação. Especulação feita pelo indivíduo, que pode ser mais ou menos fundamentada, o que é indiferente. Para o bem ou para o mal é da responsabilidade do indivíduo que a especula.
Uma acção de uma empresa é um activo. Dependendo da acção em concreto dá uma série de direitos sobre as decisões da empresa e sobre os dividendos a serem partilhados. Estes títulos são transaccionáveis. O valor de uma acção em dado momento não é dado por uma entidade chamada "bolsa". É dada pelo valor a que é possível a um indivíduo comprar ou vender essa acção em dado momento no mercado especializado neste tipo de activos - as bolsas de valores.
O mercado destes activos, cujo preço não está regulado (thank god), é o resultado da especulação brutal. Porque uma acção é valorizada, no limite, de forma diferente por cada indivíduo. E que isto seja assim, faz sentido. Porque cada indivíduo, no limite pode esperar valores diferentes dos demais em relação aos rendimentos futuros de uma empresa, ao valor futuro de transacção e valor da influencia de decisão na mesma empresa.
Quem acha que uma acção em particular está barata deve comprar. Quem acha que uma determinada acção está cara deve fazer uma venda (possível mesmo sem deter acções). É fácil. É só especular. Se tiver razão ganha, se não, perde.
Isto é o terror do planeador central. Do iluminado que pretende saber melhor que todos os outros o que é certo e o que é errado para todos os outros. Especialmente se este planeador central perder dinheiro cada vez que se engana sobre aquilo que os outros acham que é melhor para si próprios.
11 comentários:
Sem espinhas!
:-)
Concordo com tudo.
Luís Lavoura
Luís,
Então entende a asneira que é comparar um esquema de ponzi com o mercado de valores?
"Associável à perspectiva também ultrapassada quo o valor de um determinado bem de consumo é o somatório do valor das matérias primas utilizadas e do trabalho que o produziu."
E da sua oferta e procura no mercado. Mas neste caso estamos a falar de uma coisa muito concreta: Uma acção.
Na minha visão iniciática, vejo 3 razões para a procura de uma acção:
- Influência/controlo;
- Rentabilização de poupanças;
- As duas anteriores em simultâneo.
Sendo a procura de acções multifacetada, então quem as procura para influência/controlo inflaciona o seu preço a quem as procura para rentabilizar as suas poupanças. Assim como quem as procura para rentabilizar as suas poupanças, encontra as acções inflacionadas por quem as procura para influência/controlo. É por isso que "As altas cotações não são geradas pela perspetiva de bons dividendos". Pois não, não são só por isso porque aí estaríamos a ignorar as outras razões que levam à sua procura.
Mas introduz aqui a ideia dominante, que é o aumento da cotação de uma acção; não por uma perspectiva de um aumento dos dividendos, não por um aumento da procura por razões de influência/controlo, mas apenas e só para rentabilizar as poupanças aproveitando a oscilação gerada pela dinâmica dos dois factores de procura anteriores e a própria dinâmica que ela cria nessa oscilação. É o valor marginal que esta procura acrescenta ao valor da acção no mercado, que LL chama de Ponzi ou "entrada de dinheiro fresco". Pelo menos foi assim que entendi o post, visto que este valor representa cada vez mais peso no valor total de uma acção.
E é com o crescimento da diferença entre o valor da acção no mercado e este valor marginal que as pessoas se devem maravilhar, pois é o que representa o que melhor representa o desempenho da empresa.
Agora outra questão:
Essa parcela especulativa do valor de uma acção é benéfica para a economia, ou é indiferente?
A entrada de dinheiro fresco na bolsa facilita o aumento da oferta de acções (que não é fixa :P) como forma de financiamento. Acelera o processo de desintermediação bancária.
Rouxinol,
Todo o valor da acção é especulativo, foi isso que defendi. Baseia-se na especulação individual.
Um indivíduo que troca dinheiro (poupança ou não) por uma acção, troca-a porque acredita que essa acção vale mais do que o dinheiro. Por uma das 3 razões que apontei em cima. Sendo que a opção transacção é uma forma de concretizar o valor das duas primeiras.
Aquilo que entende como valor real de uma acção não passa de uma definição ultrapassada do que é o valor de uma acção. Não há nada mais real do que o valor de uma acção na bolsa. Está lá. O que não é real é o valor que alguem, claramete iluminado e do lado de fora do emrcado, acha que é o valor real da acção.
Ha...e se não ficou claro.
Uma acção no mercado de valores nunca pode ser um esquema de ponzi. É que não há promessa de rentabilidade!!!!!
Custa-me ter que escrever esta evidência...acreditem.
"Todo o valor da acção é especulativo (...) Um indivíduo que troca dinheiro (poupança ou não) por uma acção, troca-a porque acredita que essa acção vale mais do que o dinheiro."
Acredita que vale ou valerá...comprando-a a um valor presente inferior ao da rentabilidade futura.
O que eu quis fazer, foi tentar separar os vários tipos de compradores e analisar o efeito marginal que cada um deles tem no valor de uma acção. E concluir que existe uma procura que não se baseia, nem no lucro distribuído pela empresa, nem em ambições de influência/controlo, mas sim na oscilação da dinâmica desses dois factores. Acabando num jogo em que uns accionistas pagam os proveitos dos outros (a semelhança com os ponzis).
Não estou a dizer que isso é mau, estou a constatar um facto (uma semelhança neste caso).
"Uma acção no mercado de valores nunca pode ser um esquema de ponzi. É que não há promessa de rentabilidade!!"
Num ponzi também não há promessa de rentabilidade. A não ser para os tótós que acreditam na propaganda desse mesmo ponzi.
Mas partindo de um investidor informado. Ele sabe que tem que retirar o dinheiro antes da pirâmide rebentar, caso contrário fica sem dinheiro nenhum.
A pirâmide rebenta quando o valor do dinheiro que entra é insuficiente para pagar os juros do dinheiro que já entrou. Aqui já não vejo semelhança, a menos que tenha vistas curtas.
Ricardo Francisco,
não, não vejo nada.
Li o seu post muito atentamente, e voltei a ler o meu com muita atenção, e, com franqueza, não vejo a mais pequena sombra de contradição entre eles.
O que o meu post afirma é que o valor das ações sobe apenas (ou basicamente) porque cada vez mais pessoas investem no mercado de ações, e que, portanto, o valor das ações nada (ou pouco) tem a ver com o estado da economia, das empresas, ou dos dividendos por elas distribuídos.
E isto que eu afirmei no meu post em nada contradiz aquilo que o Ricardo Francisco afirma no seu, nem vice-versa.
E creio que, se o Ricardo Francisco ler os dois posts cuidadosamente, sem preconceitos, e sem ler coisas que lá não estão (segundos sentidos, etc), chegará a exatamente a mesma conclusão: que eles não se contradizem.
Luís Lavoura
Um esquema de ponzi é uma fraude.
O agente garante rendimentos acima do mercado que são financiados não pelo activo mas sim pelos novos entrantes no negócio. É uma fraude.
Quando se compara a bolsa de valores ao esquema de ponzi está a deixar-se a mensagem que a bolsa tem o seu quê de fraudolento.
Esta visão está associada à previsão malthusiana da caducidade do modelo capitalista.
Mais. Se querem compreender um pouco mais sobre a avaliação de acções, leiam o livro que sugeri. O valor de uma acção não é simplesmente a actualização do valor dos dividendos futuros. Se não acredita em mim, invista na bolsa, venda curto.
Muito bem!
Um esquema de ponzi é uma fraude.
Só ex post.
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