2007/05/26

Família e Liberais

Um liberal pode ser tentado a defender a instituição família tradicional com unhas e dentes. A razão é simples. A família é o núcleo básico da sociedade civil. Antes de o estado ter tomado conta do papel de protector social, na invalidez, na velhice, doença e mesmo desemprego, quem tomava este papel era, no limite a família. Se não há família, dificilmente se poderá argumentar que há a capacidade da sociedade civil para que esta dê resposta “per si” aos problemas. Quanto menos forte for esta instituição, mais forte será o argumento de que em um mundo cada vez mais complexo e com linhas de ligação entre indivíduos mais ténues que se justifique cada vez mais o papel do estado como protector social. Como um grande irmão.

A família tradicional como instituição ganhou força por ser natural. Por ser a melhor forma de, em liberdade, os indivíduos organizarem-se socialmente para promoverem o seu sucesso e protegerem-se contra o fracasso. O estado, durante o século XX, tomou conta da instituição família. Regulou-a. Como resultado está a matar esta instituição. Mata porque não a deixa evoluir. Não deixa esta instituição alterar-se ou no limite morrer de forma a dar espaço para que outras organizações sociais espontâneas apareçam. Organizações espontâneas que talvez hoje dessem resposta aos problemas sociais de hoje. A defesa da regulamentação está a matar a instituição e a garantir o futuro do Grande irmão.

Se ama uma instituição deixe-a em liberdade. Um ditado que também se aplica a pessoas.

3 comentários:

Pedro disse...

"Se ama uma instituição deixe-a em liberdade"

Mas que liberdade? Se me estiveres a falar na depredação fiscal à qual as famílias estão sujeitas, concordo contigo. Ainda para mais quando esta carga fiscal põe a instituição família em desvantagm em relação a outras opções de vida alternativas.

Agora se para ti deixar em liberdade significa descurar, esquecer, o que implica ignorar os problemas de milhões de portugueses que não têm culpa do facto de não serem minorias com estilos de vida alternativos, aí discordo por completo.

Todos nós estamos sujeitos ao abuso e mesmo ao roubo que o fisco e a segurança social nos impõe. Eu daria sempre prioridade à família na defesa contra esses abusos ou a conferir qualquer direito, pelas razões que tu bem enunciaste no 1º parágrafo.

Cirilo Marinho disse...

Neste caso, acho que o Ricardo se está a referir que a solução passa por o estado refrear a ânsia de regulamentar tudo o que mexa.

Especificamente em reproduzir no papel os tipos de relacionamentos entre pessoas, mesmo que isso implique limitá-los, encorajá-los (ou não) ou normalizá-los.

Como diria o Dr. Malcolm (Jeff Goldblum) "Nature always finds its way".

Pedro disse...

Aaahhhhhh! Realmente isto não é pra qualquer um, pá!