2007/04/16

A ler

A história que este governo e outros executam políticas “neo-liberais” quando fecham serviços do Estado já deixou de ter piada. O que os Governos fazem é nem mais nem menos que racionamento. Não é racionalização, é racionamento. O Séc XX foi pródigo a demonstrar que qualquer serviço ou produto fornecido pelo Estado acaba racionado. Não há racionamento de produtos ou serviços fornecidos pela sociedade.

Outra reflexão pequenina, pelo Helder n'O Insurgente.

8 comentários:

Anónimo disse...

É tudo uma questão de nomenclatura. Na Pampilhosa da Serra quase que não há transportes coletivos, uma vez que a sociedade não os fornece. Porquê? Por racionalidade ou por racionamento?

A sociedade também raciona, não fornecendo certos serviços que não compensam financeiramente. Hélder chama a isso "racionalidade". Mas se isso é racionalidade, por que é que aquilo que o atual governo está a fazer há-de ser "racionamento"?

Contradições do Hélder.

Luís Lavoura

Carlos Guimarães Pinto disse...

Luís, temos que esclarecer o que é que está por trás da expressão "compensar financeiramente". O que está por trás dessa expressão é "ninguém na sociedade, nem entre os beneficiários do serviço, está disposto a trabalhar para que o bem seja colocado à disposição". Os habitantes da pampilhosa da serra podiam entre si escolher um motorista para realizar o serviço. Se não o fazem é porque não existe uma pessoa, ou conjunto de pessoas que pense que o serviço seja tão valioso para a sociedade que mereça trocar o seu emprego por esse- Ao fornecer o serviço, o estado está a obrigar o resto do país a pagar por um serviço que nem sequer a própria sociedade que dele beneficia julga valer mais do que custa.
O fornecimento de serviços pelo estado é uma forma indirecta de escravidão. Se tiver tempo nas próximas semanas escreverei sobre isso.

Anónimo disse...

CGP, o problema de um serviço de transportes coletivos não é só o motorista. Há também o material: amortização da camioneta, e gasóleo.

Se o Estado elimina um determinado serviço (por exemplo, uma maternidade) e se a sociedade civil não re-estabelece esse serviço, então pode dizer-se que o Estado atuou racionalmente. Ou seja, há racionalização e não racionamento.

Se, por outro lado, o Estado raciona um serviço (ou seja: elimina um serviço que é necessário e rentável), então a sociedade civil pode re-estabelecer esse serviço, através de contribuições das pessoas.

Luís Lavoura

Helder Ferreira disse...

Luís, fui reler e não falei em "racionalidade" de ninguém e da sociedade então nem me passaria pela cabeça.
Os conceitos são racionalização ou racionamento.

JLP disse...

"Se o Estado elimina um determinado serviço (por exemplo, uma maternidade) e se a sociedade civil não re-estabelece esse serviço, então pode dizer-se que o Estado atuou racionalmente. Ou seja, há racionalização e não racionamento."

LL,

Por esse raciocínio, se o estado soviético mandasse fechar as lojas do estado de distribuição de alimentos e não houvesse re-estabelecimento desse seviço (porque as pessoas não tinham dinheiro nem para montar os negócios nem para comprar os bens), estava tudo bem. Era uma decisão racional.

É o que vai acontecendo em Portugal. O estado absove mais de metade do rendimento das pessoas, tirando-lhes a possibilidade de investirem pessoalmente esse dinheiro e de construirem soluções alternativas às providenciadas pelo estado, ou até de poder adquirir as já existentes.

O estado, por mesmo assim não se conseguir auto-sustentar, e por já ter dificuldade em aumentar os impostos, fecha os seus serviços. E depois diz-se que faz bem, porque a sociedade não cria alternativas (quando lhe continua a cobrar o mesmo por um serviço mais reduzido).

Pudera. Não pode.

Anónimo disse...

JLP, aquilo que você diz é, felizmente, falso. Há em Portugal muitas universidades privadas e muitas escolas privadas e muitas clínicas privadas, e tutti quanti, que fornecem serviços alternativos aos do Estado. Na aldeia de onde o meu pai era originário, há uma creche e um lar de idosos que foram construídos em grande parte à custa de contribuições de privados (incluindo do meu pai), e que são exemplares a diversos títulos. Ou seja, se há necessidade de certos serviços sociais, as pessoas cá em Portugal ainda vão tendo, felizmente, a capacidade de os construir a suas expensas.

Aliás, parece que a iniciativa privada vai agora abrir maternidades nalgumas (mas só nalgumas!) das cidades onde o atual governo as encerrou.

Pelo que, o panorama não é assim tão preto como Você o pinta.

Luís Lavoura

Anónimo disse...

Luís, você parece confundir dois significados diferentes de "racionalizar". Neste contexto significa apenas fazer mais com os mesmos meios, e/ou o mesmo com menos meios. O que o Estado faz é menos com mais meios.

JLP disse...

"Pelo que, o panorama não é assim tão preto como Você o pinta."

Sim, é verdade que (ainda) não estamos na antiga União Soviética.