2007/03/07

O primeiro comunista da história

Digo-vos mais uma vez: é mais facil a um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que a um rico entrar para o céu

Jesus Cristo no livro de Mateus 19:24

4 comentários:

SMP disse...

Bem, há a tese, defendida por muitos, de que esta - aliás bizarra - passagem se deveu a um erro de tradução. A palavra «camelo» teria sido a tradução incorrecta para qualquer coisa que significaria antes «cordão grossop», «corda». O que, convenhamos, retira alguma força à citação... e ao comunismo do autor...

Gabriel Silva disse...

Cara smp,
Correcto. A tradução correcta, é a de que «camelo» corresponde a um tipo de corda utilizado pelos pescadores, por sinal bastante grossa. Como se sabe, Jesus usava muito a linguagem dos seus públicos, daí esse exemplo.
Mas em termos «práticos», o sentidod a parábola mantem-se integralmente.

Já agora, havia um cartoon da Mafaldinha excelente: um tipo vestido á capitalista dos anos 20, de cartola e tudo, vendo-se por detrás aos telhados de uma fábrica onde se estava pintado: «Krupp». E ele sentado sonhava com um camelo (de duas bossas ) passando pelo meio do buraco de uma agulha em aço, tamanho gigante. Muito bom.

AA disse...

hum... um pouco esticado, não? o comunismo não pode ser separado de uma doutrina política que inclui uma prática social idealizada. Que Cristo tivesse vivido esta última, não contesto. Mas "a César o que é de César" é bem sinal que não desejava que o poder político interviesse sobre os homens (ou sobre "o Homem")...

JLP disse...

A questão é que a suposta exclusão e distanciamento da ICAR do poder temporal que tal afirmação deveria ter motivado esteve ao longo da sua história muito longe da sua atitude. Até há muito pouco tempo (e mais por uma questão de praxis do que por uma vontade formal anunciada), a ICAR assumia claramente um papel temporal significativo, que aliás publicitava abertamente.

Se isso não foi "culpa" de Cristo, são os seus mandatários, aqueles que se arrogam da capacidade de falar com as palavras de Deus de modo infalível, que têm demonstrado a prática da implementação das suas palavras.

Dir-se-ia até que, se calhar, Marx e Engels não estavam imbuídos de espírito totalitário e cheios sim de muito boas intenções. Mas conseguimos em relação a estes ter o distanciamento quer de achar que o que diziam estava errado, como errados estavam os que implementaram os seus ditâmes.