2007/01/15

o aborto (I)

O aborto, argumentos do costume:

- económicos
Não diria que são "imorais" mas, no mínimo, são irrelevantes e no máximo deselegantes. Virtualmente tudo é susceptível de ser formatado por um balancete e sobre ele calculado um custo global. Não estamos a falar de scuts e um toque de kitsch é sempre desejável.

- pq mulher nenhuma gosta de abortar
Por essa ordem de ideias não se leva ninguém a julgamento porque suponho que ninguém gosta do resultado de cometer crimes. Se alguém gostar de matar não vai preso, vai para um hospital psiquiátrico. Quem não gosta, vai preso, independentemente de se sentir mal por ter matado ou não.

- impacto na contracepção ou aumento de abortos
Não muda nada.
(a) Eu não tenho dúvidas nenhumas de que, se o "sim" vencer, a taxa de abortos vai aumentar. Muito? Não me parece pq o aborto é, efectivamente, o último reduto. Não vejo uma adolescente a ir pedir um aborto ao pai. A vigilância "social" funciona aqui lindamente, assim como o ladrão tem medo de ser apanhado e não da pena em si mesma.
(b) Também não tenho dúvidas de que ninguém vai usar o aborto como medida contraceptiva: há outras formas mais fáceis, baratas e menos perturbantes.

1 comentário:

JLP disse...

Vitor,

"- económicos
Não diria que são "imorais" mas, no mínimo, são irrelevantes e no máximo deselegantes."

Como em tudo, o económico e o "vil-metal" é sempre o parente pobre. Poderás dizer que são "irrelevantes" ou "deselegantes", mas concerteza não o são ser para quem paga.

"Não vejo uma adolescente a ir pedir um aborto ao pai."

"Também não tenho dúvidas de que ninguém vai usar o aborto como medida contraceptiva: há outras formas mais fáceis, baratas e menos perturbantes."

Pelo que dizes, seria de supor que todos os abortos são cirúrgicos. Não são. Aliás, a generalidade dos abortos que, a passar o Sim, serão feitos até às 10 semanas, serão abortos químicos, não cirúrgicos. Nesses, não vejo sequer o que o papá venha a ser chamado ao barulho (até porque já está bem definido quem paga a festa, o do costume), ou que para quem os faz a situação seja substancialmente diferente da utilização da pílula do dia seguinte que, como se sabe, é um grande sucesso (a nível europeu) no nosso país e que para muitos já passou de "contracepção de emergencia" para "contracepção ocasional".