2007/01/21

Comam brioche

Uma mulher que decida, por sua escolha, fazer um aborto não vai necessariamente passar à frente de ninguém nos cuidados de saúde, isto por várias razões, entre as quais:

- em países com leis não restritivas, há uma elevada percentagem de mulheres que opta pelo aborto médico, que envolve apenas a toma de dois comprimidos, mifepristona e misoprostol, e uma consulta, oito dias mais tarde, para exame ginecológico ou ecografia;

- as IVGs por método cirúrgico não irão fazer aumentar as listas de espera, já que serão geralmente realizadas por ginecologistas-obstetras, em serviço próprio. As cirurgias que actualmente têm uma maior lista de espera são as de oftalmologia e ortopedia, por exemplo, e estas especialidades claramente não se vão dedicar à realização de IVGs.

Médicos Pela Escolha, via Esquerda Republicana.
Ficamos a saber, via estes prestáveis profissionais da Saúde, que tudo vai continuar bem no SNS se o aborto for liberalizado pelo próximo referendo. Afinal, toda a gente sabe que qualquer utente do SNS consegue marcar uma consulta de ginecologia ou uma ecografia com oito dias de antecedência. Os recursos já existentes para prestar esses serviços são elásticos para tomarem conta de mais uns, e como tal ninguém vai esperar mais tempo.

Além de que os abortos cirúrgicos não vão interferir com as listas de espera, colonizadas pela oftalmologia e pela ortopedia. Afinal, o aborto cirúrgico nem sequer precisa de anestesistas, enfermeiros, capacidade de internamento (adicional mesmo nos serviços de ginecologia/obstetrícia, uma vez que passam a ter que responder a uma nova valência que não tinham) e de ocupação do piso operatório, coisa que, como os excelentíssimos "profissionais" sabem, nem sequer são recursos partilhados com a "oftalmologia e ortopedia", nem que sequer fazem falta para as outras valências cirúrgicas.

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