Banana madura
Aparentemente, aquela coisa de nome Sampaio que alegadamente ocupou até há uns tempos a presidência da república aqui do burgo, ergueu-se do seu túmulo político, largou a tuberculose e veio botar faladura (por intermédio da leitura de uma sua declaração escrita) numa iniciativa em defesa do Sim no próximo referêndo. Diz o órgão oficial de campanha pelo Sim o DN:
Jorge Sampaio não esteve ontem no encontro dos Eurodeputados pelo Sim, que se realizou num hotel de Lisboa, mas mandou uma mensagem, lida pelo actor de teatro e televisão Paulo Matos, que soou bem forte: "No próximo referendo, o que está em causa é um problema de política criminal do Estado democrático." Para o ex-presidente da República, "trata-se, em primeira linha, de um problema de Código Penal, um problema de previsão e definição de crimes e penas". Sampaio lembrou que o País está "isolado na Europa" nesta matéria e que a actual lei dá do Estado português "a ideia de um Estado retrógrado, injusto, cruel e desumano".Curioso. Aparentemente, toda esta iniciativa, e este reconhecimento de que vivemos num estado "retrógrado, injusto, cruel e desumano" parece ser coisa de há pouco tempo, e concerteza não vingou nos dois mandatos que esse senhor exerceu. Aparentemente, sobre esse assunto, durante esse exercício, presidiam outras prioridades, como o famoso apelo em prol dos que sistematicamente violavam a lei (e o Estado de Direito que supostamente deveria defender) em nome da "tradição" lá para as bandas de Barrancos. Aí, encheu o peito e não teve problemas em vir a público dizer o que disse. Prioridades...
Mas já tudo se pode esperar do respectivo senhor. Afinal, quando se tratou de ter iniciativa e de dar o exemplo em relação aqueles que se aproveitam do flagêlo do aborto clandestino, ou seja, dos que tiram rendimento da exploração de uma situação ilegal e dos estados psicologicamente candentes das "vítimas" (daquelas que estão sempre na boca dos apoiantes do Sim), o Sr. Sampaio mostrou bem de que lado da barricada é que estava.
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