2007/01/08

Aviso: aos polícias do mundo e vanguarda moral ocidental

Parece que há um país não signatário do Tratado Para a Não-Proliferação Nuclear, detentor confesso de um arsenal de armas de destruição em massa longe de qualquer escrutínio da "comunidade internacional", nomeadamente da Agência Internacional da Energia Atómica, envolvido há décadas em disputas territoriais com os seus vizinhos, que veio a público anunciar a sua vontade de utilizar unilateralmente e preventivamente, sem ser como resposta ou retaliação a qualquer agressão à sua soberania, esse mesmo arsenal contra um país signatário do referido tratado e país igualmente soberano.

Obrigado pela atenção. Aguardamos resposta não relativista e coerente.

31 comentários:

Su disse...

Não deve ser o país em que eu estou a pensar porque, afinal, esse não é um detentor confesso nem veio a público anunciar nada.

JLP disse...

Como a Suzaninha concordará, existem mais maneiras de trazer algo a público do que os canais oficiais. Aliás, o mundo da diplomacia rege-se muitas vezes mais por lapsus linguae do que por proclamações oficiais e aquilo que parece, geralmente é.

Naturalmente que não houve um reconhecimento público. As pessoas envolvidas são mais inteligentes que isso. Mas obviamente que espero que as dúvidas levantadas pelas fugas de informação, oportunas e com tão bom timing, sejam suficientes para despertar a intervenção e a resolução daqueles que no passado, com muito menos substância, tiveram bem mais certezas.

Além de que, no caso concreto, se esse país quiser dissipar todas as dúvidas, poderá sempre aceitar as inspecções da AIEA que rejeita há mais de 30 anos.

Su disse...

O dito país pratica uma política de ambiguidade no que toca ao nuclear, pelo que não tem interesse algum em dissipar dúvidas. Não quer as inspecções da AIEA, mas também não é confesso possuidor de tal armamento. É o tal efeito dissuasor.O mundo da diplomacia tem muito cuidado com as palavras para não dar passos em falso. E, até ver, as fontes oficiais são as mais fiáveis, apesar dos pesares...

Anónimo disse...

Caro JLP

A notícia do modo como é apresentada tem tanta credibilidade como se anunciassem que o Papa se tinha convertido ao islamismo.
Qualquer um de nós a podia ter escrito e, perdoe-me a lisonja, até o JLP a escreveria melhor.
Aliás, e perdoe-me também a falta de modéstia, até eu arquitectava-me um plano de destruição do potencial nuclear iraniano de melhor qualidade.
Além disso, se substituirmos Israel e Irão, por Paquistão e Irão, ou Arábia Saudita e Irão, ou Turquia e Irão, ou EUA e Irão, etc. a noticia mantêm a mesma lógica (ou falta dela).
Não acredito, que qualquer um, dos outros países indicados, não tenha um plano de contingência, para o caso de o Irão efectivamente conseguir capacidade nuclear.

Isto quer dizer, que eu não acredito na notícia ?
Claro que acredito. Até me arrisco a dizer que foi encomendada pelo próprio governo de Israel.
É que único valor militar de (eventualmente) possuir uma bomba A, é o de vez em quando lembrar aos inimigos, que não só a temos, como não nos coibimos de a utilizarmos em caso de necessidade.
Enquanto o inimigo for acreditando no bluff …

Anónimo disse...

"Além de que, no caso concreto, se esse país quiser dissipar todas as dúvidas, poderá sempre aceitar as inspecções da AIEA que rejeita há mais de 30 anos."

E a que propósito é que Israel quereria dissipar essas dúvidas ?
.

Anónimo disse...

"...sejam suficientes para despertar a intervenção e a resolução daqueles que no passado, com muito menos substância, tiveram bem mais certezas."

Porquê ?
Porque é que se espera que os EUA sejam o Policia do Mundo para uns assuntos e se critica quando o são noutros ?
.

Anónimo disse...

Caro JLP

Se este assunto eventualmente lhe dificulta o sono, em que a situação a sua insónia é maior ?

A - Israel possuir a Bomba
B - Irão possuir a Bomba

.

JLP disse...

"O dito país pratica uma política de ambiguidade no que toca ao nuclear, pelo que não tem interesse algum em dissipar dúvidas."

Lá está... Uns têm o "direito" a poderem ter políticas de "ambiguidade nuclear". Outros, gozam automaticamente de presunções de culpabilidade.

Anónimo disse...

E será que Israel possui a Bomba ?

A Coreia do Norte com 25 milhões de habitantes, com mais recursos naturais, em paz (relativa) há 50 anos, comprando no mercado negro a tecnologia, estoirou com a sua economia para conseguir a Bomba (e será que a conseguiu ?).
Israel, com 5 milhões de habitantes, sem recursos naturais, em guerra há 60 anos, e com uma economia relativamente desafogada, conseguia a Bomba, assim tão facilmente ?
E onde é a que a testou ?
No deserto do Negev ?
E ninguém viu ?
.

JLP disse...

"Além disso, se substituirmos Israel e Irão, por Paquistão e Irão, ou Arábia Saudita e Irão, ou Turquia e Irão, ou EUA e Irão, etc. a noticia mantêm a mesma lógica (ou falta dela)."

Os casos de Israel e do Paquistão são diferentes, uma vez que não são signatários do TNPN. Ora é no mínimo estranho (dir-se-ia hipócrita) que co-signatários desse tratado, que se comprometeram além de evitar genericamente a não pro-liferação de armas nucleares a reduzir os seus arsenais, bem como se comprometeram a aceitar mecanismos de supervisão destes e a aceitar o uso pacífico da tecnologia, tratem pior os seus colegas que assinaram o tratado do que outros que estão de fora, não são minimamente auditáveis, e correm um risco efectivo de deter esses arsenais, nem que seja pelo facto de não se terem comprometido perante ninguém em contrário.

JLP disse...

"E a que propósito é que Israel quereria dissipar essas dúvidas ?"

Eu não digo que Israel o deveria fazer.

Digo antes que outros que vão demonstrando tanta preocupação e intransigência para com os arsenais nucleares de outros países, e que além disso se comprometeram em relação à não-proliferação, façam uso do seu peso diplomático ou utilizem os mesmos mecanismos que utilizam em relação a outros para obrigarem Israel a fazê-lo. Ou então, como defendo, que deixem de ter qualquer intervenção em relação ao assunto.

JLP disse...

"Porque é que se espera que os EUA sejam o Policia do Mundo para uns assuntos e se critica quando o são noutros ?"

Eu só critico o facto de o fazer nuns casos, e não o fazer noutros.

JLP disse...

"Se este assunto eventualmente lhe dificulta o sono, em que a situação a sua insónia é maior ?

A - Israel possuir a Bomba
B - Irão possuir a Bomba"

Sinceramente, nenhum dos dois. Além de o efeito directo potencial sobre mim do uso dessa tecnologia por cada um deles ser negligenciável, acho que a probabilidade de um ou outro utilizar essa tecnologia não é significativamente diferente.

JLP disse...

"Israel, com 5 milhões de habitantes, sem recursos naturais, em guerra há 60 anos, e com uma economia relativamente desafogada, conseguia a Bomba, assim tão facilmente ?"

Sabe que quem tem bons amigos...

Israel também tem misses Patriot e Tomahawk, bem como, por exemplo, helicópteros Apache. Acha que os comprou a preço de mercado ou teve que desembolsar algo de proporcial ao seu custo de desenvolvimento?

Anónimo disse...

"Os casos de Israel e do Paquistão são diferentes..."

Efectivamente não são.
O que é signatário do TNPN deixa que a tecnologia (e se calhar os materiais) sejam vendidos no mercado negro...
.

Anónimo disse...

»»Outros, gozam automaticamente de presunções de culpabilidade.«««

Não é automático. Os próprios fazem questão disso...
.

Anónimo disse...

»»»Eu só critico o facto de o fazer nuns casos, e não o fazer noutros.«««

Mas acha que o nunca devem fazer ou que o devem fazer sempre ?
.

JLP disse...

"Efectivamente não são.
O que é signatário do TNPN deixa que a tecnologia (e se calhar os materiais) sejam vendidos no mercado negro..."

Só para clarificar o que queria dizer: queria dizer que Israel e Paquistão são diferentes dos demais, já que ambos não são signatários do TNPN, contrariamente aos outros.

JLP disse...

"Mas acha que o nunca devem fazer ou que o devem fazer sempre ?"

Qua nunca o devem fazer, como já deixei claro em outros artigos aqui da "casa".

Anónimo disse...

»»»...acho que a probabilidade de um ou outro utilizar essa tecnologia não é significativamente diferente.«««

Ora aqui está um ponto em que acho que nunca chegaremos a acordo.

Anónimo disse...

»»»Qua nunca o devem fazer, como já deixei claro em outros artigos aqui da "casa".«««

A partir de agora, ou de algum momento hsitórico em particular ?
.

Anónimo disse...

»»»O que é signatário do TNPN deixa...«««

Aqui baralhei-me estava a pensar na Coreia do Norte...
.

Anónimo disse...

»»»Qua nunca o devem fazer, como já deixei claro em outros artigos aqui da "casa".»»»

O que quer dizer que está de acordo com Bush, quando este se recusa a tratar directamente com a Coreia do Norte e impõe que as negociações seja a 6 ...
.

JLP disse...

"A partir de agora, ou de algum momento hsitórico em particular ?"

Por uma questão de princípio.

JLP disse...

"Aqui baralhei-me estava a pensar na Coreia do Norte..."

A Coreia do Norte também já não é signatária do TNPN...

JLP disse...

"O que quer dizer que está de acordo com Bush, quando este se recusa a tratar directamente com a Coreia do Norte e impõe que as negociações seja a 6 ..."

Não percebi o salto...

Anónimo disse...

»»» Não percebi o salto...»»»

Não será o seu caso (não sei), mas a maioria dos que que criticam o unilateralismo americano, também criticam o facto de os EUA presentemente se negarem a negociar diretamente com a Coreia do Norte.
.

Anónimo disse...

«««A Coreia do Norte também já não é signatária do TNPN...»»»


Não sabia...
.

Anónimo disse...

"Por uma questão de princípio."

São os chineses que dizem ?

- Cuidado com o que desejas, arriscas-te a consegui-lo...

Daqui a 2 anos, se calhar, vamos ter 4 ou 8 anos segundo esse principio.

Espero que estejamos cá os dois para também beneficiarmos desse período de bem estar mundial...
.

JLP disse...

"Não sabia..."

North Korea ratified the treaty on December 12, 1985, but gave notice of withdrawal from the treaty on January 10, 2003 following U.S. accusations that it had started an enriched uranium weapons program, and the U.S. stopping fuel oil shipments under the Agreed Framework which had resolved plutonium weapons issues in 1994. The withdrawal became effective April 10, 2003 making North Korea the first state ever to withdraw from the treaty. North Korea had once before announced withdrawal, on March 12, 1993, but suspended that notice before it came into effect.

JLP disse...

"- Cuidado com o que desejas, arriscas-te a consegui-lo...

Daqui a 2 anos, se calhar, vamos ter 4 ou 8 anos segundo esse principio."

A questão é que tenho muitas, muitas dúvidas que essa seja sequer uma vontade ou uma opção em cima da mesa, quanto mais que exista uma possibilidade real de ela ser posta em prática daqui a 2 anos.

É que nem os EUA vão por aí, nem isso é um problema que se fique pelos EUA. Passa essencialmente sim por um repensar das instituições internacionais e pelo próprio repensar do Direito Internacional, e por uma mudança de mentalidades dos países em relação ao que é legitimo ou não fazerem na casa dos vizinhos.