2006/10/03

Skål

Via O Insurgente, fui parar ao artigo do Carlos no No Mundo sobre os devaneios proibicionistas e os monopólios estatais de venda de bebidas alcoólicas na maioria dos países nórdicos. Confirmo e individualizo que, no que toca à Suécia, a situação não é muito diferente: todas as bebidas alcoólicas com teor alcoólico superior a (salvo erro) 3,5% (strong) são de venda exclusiva em lojas do estado, denominadas Systembolaget, carregadas de impostos proibitivos, dando origem a factos curiosos como o de ser muito mais barato comprar vodka Absolut em Portugal do que no seu país de origem. Além disso, todos os estabelecimentos (bares, cafés, restaurantes) que vendam bebidas fortes tém que ter licenciamento específico e, no caso das discotecas, acesso restrito e controlado.

Por exemplo, existem na Suécia versões com menos álcool (os referidos 3,5%) da generalidade das cervejas, como por exemplo a Carlsberg, de modo a que possam ser vendidas em supermercados e nos cafés "normais", bem como se deu origem a um verdadeiro mercado de escursões à Dinamarca e aos países do Báltico para permitir aos sedentos suecos a compra a preços bem mais em conta do que não podem comprar em casa.

Curiosamente, por visita ao site referido acima do monopólio do estado, fui ter a um vídeo endereçado ao "nosso" José Manuel Barroso, presidente da Comissão Europeia, aparentemente para o tentar demover das intenções de liberalização do fluxo de bebidas alcoólicas na Europa ou para algum esforço de harmonização fiscal, e para lhe dar força nos recentes rumores de intensificar as limitações à publicidade das referidas bebidas.

Mas será que a estratégia foi a mais correcta? Será que nos poderemos voltar contra algo que ensina boas lições a rockeiros idiotas, nos livra do Átila o Huno e põe no devido lugar maridos que preferem ir beber uns copos com os amigos a ter a devida atenção pelos filhos e que batem nas mulheres?

6 comentários:

Anónimo disse...

"Por exemplo, existem na Suécia versões com menos álcool (os referidos 3,5%) da generalidade das cervejas, como por exemplo a Carlsberg, de modo a que possam ser vendidas em supermercados e nos cafés "normais",..."
É também o que acontece na Islândia, caro JLP! Ter que comer as deliciosas espetadas de peixe do Saegreifinn (ver texto que acabei de colocar) com "cerveja" de 2.5%, sem sabor (até podia ser boa, mas não é), foi uma tortura. Ah, e mesmo essas, na tasca, custam cerca de 3 euros.

JLP disse...

É verdade... Na Suécia o que vale é que substituiram a penúria alcoólica por uma cultura de coffee-shops e de chás bastante interessante (mesmo para mim que só bebo do segundo).

Definitivamente cerveja e refrigerante não são compatíveis!

Mas não posso deixar de exprimir a minha inveja. O destino Islândia é um dos que está no topo da lista de espera de lugares de desejo a visitar assim que possível. Teve a oportunidade de visitar o Sul-Este da ilha?

Em relação às experiências gastronómicas, registei a informação para futuros devaneios.

As minhas foram bem mais prosaicas e envoltas em simplicidade, mas já alimentam (no pun intended!) uma forte saudade.

Aquela carne gaúcha é simplesmente de outro mundo, num misto de complexidade de sabor e simplicidade de forma desconcertantes. E ficou a vontade de arranjar tempo e dinheiro para fazer umas férias de estágio permanente de restaurantes em S. Paulo!

Abraço

Anónimo disse...

JLP,
não consegui mexer-me muito para Este. Afastei-me de Reykjavik apenas para fazer o circuito mais conhecido, que vai, por exemplo, até ao ponto de junção das duas placas. A chuva que teimava em cair tirou-me a ideia de alugar um carro, e, para além disso, a conferência só me deixou três dias livres.
A gastronomia foi um dos pontos mais interessantes. Até porque o receituário actual é muito novo, tendo nascido nos anos 70 e 80, quando a pobre cozinha islandesa foi invadida por influências externas, fazendo finalmente um bom uso das excelentes matérias-primas que o mar lhes dá (por exemplo, a famosa sopa de lagostins, que provei no Saegreifinn, tem no caril um dos principais ingrdientes!!!)

(Os restaurantes de São Paulo começam a ter fama mundial! Pode ser um que dia passe por lá uns tempos, até porque o meu laboratório tem ligação uma universidade de São Paulo. Infelizmente, não é na minha área de investigação principal. Caso contrário já lá estava...)

JLP disse...

CMF,

Pessoalmente, a zona que mais me cativa é esse Sul-Este, por causa da conjugação do gelo com a paisagem devastada da erupção de 1947 do Hekla e com os diversos fenómenos geológicos vulcânicos, associados às quedas de água e a referida passagem do Rift. Acho que esse confronto do fogo com o gelo e a água é o que mais associo com a Islândia e o que considero o seu ex-libris.

Efectivamente as condições das estradas, pelo que os meus pais me dizem (estiveram lá há dois anos) são bastante difíceis, mesmo na estrada principal nº1 que circunda a ilha, e é quase obrigatório para ir a essas zonas alugar o que eles parece que chamam "super jipes" (o que não é muito barato) e ser um pouco destemido e ter alguma experiência "off-road". Mas isso é grande parte da piada... ;)

Quanto à comida, acredito. A comida histórica deles, pelo que leio, terá alguma dificuldade em se abrir ao estrangeiro, sendo portanto natural que invistam na nova cozinha com alguns toques de "fusão". Mas tenho curiosidade em provar os produtos nacionais. Pelo menos eles gabam-se imenso da sua pureza, e usam até isso como argumento para impôr limitações à entrada de géneros alimentícios importados, como refere. Tenho curiosidade em ver (provar ;) ) se é só paleio e desculpa proteccionista ou tem razão de ser. Já não serve a desculpa para o monopólio da Icelandair que torna os vôos lamentavelmente caros e limitados em termos de rotas! A ver vamos.

Quanto aos restaurantes de S.Paulo, sem dúvida. Eles sabem viver bem. Afortunadamente, com a revista Veja que comprei no último fim-de-semana-em que lá estive vinha um suplemente de 394 páginas com a sua opinião sobre os melhores restaurantes, bares e "comidinhas", separados por categorias e gastronomias. Aparentemente, grande parte da informação está disponível online. Definitivamente bookmarkable!

Mas no caso concreto do churrasco, apesar de ter sido excelente em S. Paulo, para se ter toda a "entourage" tem que ser em Porto Alegre...

Anónimo disse...

JLP, a cozinha continua a respeitar a notável frescura dos produtos islandeses. Só que agora fazem-no de uma forma mais requintada. Só me faltou provar o borrego. Fui mais para as coisas do mar. Quanto aos "fantásticos" queijos, nem os cheirei! Há sempre um exagero patriótico quando se fala dos produtos locais.

A Icelandair? Faça como eu; fui apanhar o avião da Iceland Express a Alicante :)

JLP disse...

"A Icelandair? Faça como eu; fui apanhar o avião da Iceland Express a Alicante :)"

Fica o obrigado e o registo da dica! ;-)

Abraço