2006/10/04

Lula II

De acordo com uma estatística do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, comentada na revista Veja de 20 de Setembro, no fundo corroborando a generalidade da opinião pública em relação ao último mandato de Lula, os indíces de qualidade de vida dos cidadãos brasileiros melhoraram assinalavelmente duranta a vigência deste.

O emprego aumentou, bem como o rendimento médio disponível e o consumo, acompanhados por uma melhoria generalizada da disponibilidade de saneamento, electricidade e água canalizada, entre outros.

Todos diriam que (independentemente das questões, importantes, dos escândalos de corrupção) só se poderia apoiar a recandidatura e tecer loas ao mandato de Lula. Mas a mesma revista esclarece em editorial o busílis da questão:

Como é sabido, a prosperidade e os avanços na qualidade de vida associados a ela são produzidos pelo crescimento económico. Pois bem, é de presumir então que os dados positivos foram resultados de um extraordinário crescimento da economia no período estudado. Errado. Eles foram o reflexo do crescimento constante mas, fora alguns anos excepcionais, medíocre do produto interno bruto (PIB). A média de crescimento do PIB brasileiro nos últimos cinco anos foi de 2,20% - a média da década é quase idêntica, 2,22%. Enquanto isso, o PIB mundial cresceu 4% e a média dos emergentes equiparados ao Brasil, a Rússia, a China e a Índia, foi de 6,26%.
Fica assim clara a estratégia que tem sido seguida. Não se trata afinal de verdadeiro progresso, mas sim da famosa estratégia da redistribuição a funcionar, acompanhada da ambição keynesiana de crescimento pelo consumo. O problema é que a dura realidade fala mais alto: o cesto dos ovos é praticamente o mesmo, e só passaram a ser distribuídos de uma maneira diferente, retirando-os aos que meritoriamente e legitimamente detinham esses "ovos", e distribuíndo-os pelas "massas carentes" (não esqueçamos que o Brasil tem uma das maiores cargas fiscais do Mundo). Não foi criada riqueza que permitisse sustentar o aparente sucesso, mas sim tão somente se redistribuíu a existente e se assumiram novos encargos, concerteza na perspectiva astrológica de um futuro melhor, quer este venha a existir, quer não. Um cenário que não deixa de ser (infelizmente) familiar.

Mais uma vez subsiste a dúvida nas boas intenções das promessas de "justiça social" e de "redistribuição da riqueza" (ainda mais quando se vê um executivo mais preocupado em a redistribuir para si), ou em se tudo não se tratou tão somente de uma OPA aos votos dos desgraçados.

Vontade em consumir (cada vez mais) ovos não falta. O problema (e o mérito) é arranjar maneiras de encher o cesto. E, para isso, não parece que seja um governo Lula a apresentar as soluções e (principalmente) a ser dono da credibilidade que faça a iniciativa privada, nomeadamente estrangeira, arriscar e fazer prosperar o Brasil.

Sem comentários: