2006/06/25

Freak show

É (eventualmente) notícia este fim-de-semana que a Nova Democracia se prepara hoje para aderir ao partido europeu EUD (European Union Democrats).

Após travar renhidas lutas em termos de votos com o PCTP/MRPP em recentes actos eleitorais, e com uma assinalável e reconhecida dificuldade em convencer quem quer que seja dos seus meritos políticos (pelo menos de fora do grupo dos que ainda pensam que Manuel Monteiro pertence ao CDS/PP), os auto-anunciados arautos do neo-conservadorismo-liberal (?) optaram deste modo por dar o salto e partir para a cena europeia, aderido ao recém-formado referido partido que acumula uns arrebatadores 6 deputados europeus. Sem dúvida um desafio e uma tribuna à sua dimensão.

Mas mais curioso é verificar a amálgama de partidos que constituem esse partido europeu, aliás mais uma constatação dos bordéis espanhóis que constituem essas criações sintéticas, verificando-se logo na linha dianteira, com a principal fatia do share no parlamento, que temos o Partido da Auto-Defesa da República da Polónia (também um sindicato), descrito nestes termos:

The party's views are populist and isolationist. The party wants state-funded agriculture, an increase in government social programs, an end to repayments of the foreign debt, introduction of an additional transaction tax and the use of financial reserves to obtain funding. The party is hostile towards foreign investments.
Mas ainda mais curioso é verificar qual é a companhia ambicionada: o referido EUD faz parte do grupo parlamentar euro-céptico Independência e Democracia do Parlamento Europeu. Aí, caso a Nova Democracia alguma vez por acidente conseguisse eleger alguém, poderia partilhar de companhias verdadeiramente pitorescas: desde a famosa Liga do Norte italiana, passando pelo UKIP inglês, até a um partido holandês que define o seu programa político do seguinte modo:
The ChristianUnion and SGP acknowledge God’s sovereignty over political affairs, that the government is given by God and called to His service and that Christians are responsible to actively participate in society. We base our political conviction on the Bible, the inspired and authoritative Word of God, which message is expressed in the three reformed confessions and which contains wisdom also for political affairs.
Outro companheiro de nota é o partido grego LAOS, de pendor nacionalista e conservador-ortodoxo, liderado por Georgios Karatzaferis, notório anti-semita, negador do Holocausto e apoiante de Le Pen. E com membros nas suas fileiras defensores do Epsilonismo, teoria da conspiração que sustenta que uma sociedade secreta de operativos gregos virá libertar a Grécia e o mundo da ocupação judia em 2011-2012.

Ou porque não referir a Liga das Famílias Polacas, cuja agenda política é sintetizada do seguinte modo:
The political agenda is Christian left. However, recently the party has begun to emphasize populism, patriotism and conservative social values. The party combines social conservatism with isolationism and left-wing economic policies, based upon its own interpretation of Catholic social teaching.
The LPR opposes: the selling of land to foreign nationals, abolishing the draft, legalization of "soft drugs", abortion,euthanasia, and homosexual marriages. It supports capital punishment, maintaining universal health care and public education, and supports the withdrawal of Polish troops from Iraq."
Com bons artistas destes, como é possível que ainda haja quem diga que a política é cinzenta e aborrecida...

1 comentário:

Carlos Guimarães Pinto disse...

:D:D:D:D:D:D:D:D:D:D:D:D:D:D:D