2006/05/24

Liberdade vs. legalidade

O recurso à prostituição poderá ser considerado um crime e os seus utilizadores punidos no âmbito da luta contra o tráfico de seres humanos, anunciou hoje o director-geral do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).

"Está em curso a reforma do Código Penal e essa [a punição dos utilizadores do sexo] é uma das possibilidades", disse Jarmela Palos no final do I Seminário Luso-Brasileiro sobre Tráfico de Pessoas e Imigração Ilegal/Irregular.

Público Última Hora
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Enquanto algumas almas caridosas ditas liberais continuam por aí, na sua luta avulsa por causas fracturantes, neste caso em prol de uma legalização da prostituição de carteirinha profissional passada e a pagar impostos e segurança social, com firme esperança que fosse a 3ª via Socrática a consumar o seu desígnio, eis que se repetem em nova instância e fonte os rumores por aqui comentados há algum tempo de que, no seguimento da revisão em curso do código penal, o Partido Socialista se prepara para criminalizar o recurso à prostituição.

Ou seja, que se mude da presente situação em que a prostituição é uma actividade livre, quer do lado da escolha por ela, quer do lado do recurso a ela, por um enquadramento legal que se consubstancia numa efectiva ilegalização da prostituição. É que o lenocínio e o tráfico de indivíduos já são actividades ilegais à luz do presente código penal, bem como são considerados cúmplices todos os que dolosamente recorram à prostituição de pessoas vitimas desses crimes. Qual é então o sinal que se quer dar com a referida mudança legislativa? Só um. O de que se quer ilegalizar encapotadamente a prostituição à custa do medo de ser apanhado.

Aguarda-se a extensão da medida, por exemplo, à restauração, actividade bem conhecida por todos como albergando grande quantidade de ilegais. Que ninguém coma uma francesinha sem ir preso se o patrão do restaurante explorar mão-de-obra ilegal, também esta muitas vezes vítima de redes de tráfico e de exploração da imigração ilegal.

3 comentários:

Carlos Guimarães Pinto disse...

Não entendo a aceitação fácil da criminalização do lenocínio.

JLP disse...

Karloos,

Isso são outros 500... ;-)

Não fiz um juízo de valor em relação ao facto de ser ilegal. Só me limitei a dizer que já é ilegal.

FMP disse...

"Que ninguém coma uma francesinha sem ir preso se o patrão do restaurante explorar mão-de-obra ilegal..."

Isso não é possível... toda a gente que sabe fazer uma francesinha adquire automaticamente o estatuto de cidadão nacional... : )