2006/04/19

Expliquem-lhes como se fossem muito socialistas*

Porque é que dificultar os despedimentos cria desemprego?

*corrigido

11 comentários:

AA disse...

não cria.

dificultar a cessação de um contrato de trabalho é que cria desemprego...

Carlos Guimarães Pinto disse...

Não concordo. Depende do ponto de partida e do que entendemos por criar emprego. Eu penso que flexibilizar o mercado de trabalho, partindo de um mercado rígido cria de facto emprego. Seja como fôr, alterei a pergunta.

Diogo disse...

Porque é que dificultar os despedimentos cria desemprego? E porque é que facilitar os despedimentos também cria desemprego?

JLP disse...

Caro Sofocleto,

O meu caro ainda acredita na história de embalar do "Pleno Emprego"?

Uma certa percentagem de desemprego é inevitável.

Quando diz que facilitar os despedimentos também cria desemprego, tem sem dúvida razão. Mas a chave da questão é que dificultar os despedimentos cria ainda muito mais.

Vítor Jesus disse...

O pleno emprego tem de ser um objectivo implícito. Criar um sistema em que se vota sempre uns qtos milhares à miséria nem é digno, nem é prático (só gera guerras "sociais" que potenciam socialismos e populismos) nem me parece, sequer, necessário (o não-Pleno-Emprego). Claro que depende sempre do que se pretende dizer com Pleno Emprego.

JLP disse...

Vitor,

Efectivamente, depende do que se quer dizer com pleno emprego. Mas, distanciando-nos da perspectiva naïf da busca do desemprego 0, o problema apresenta-se sempre como uma questão de tradeoff, e não pode sobreviver como objectivo autónomo.

Uma certa percentagem de desemprego é inevitável.

Recomendo o completo artigo da Wikipedia inglesa sobre o assunto.

Abraço

FMP disse...

O desemprego zero não é racional. O potencial máximo de uma economia atinge-se com a chamada NAIRU - Non accelerating inflation rate of unemployment... ainda há algumas coisas que os economistas conseguem provar : )

Vítor Jesus disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Vítor Jesus disse...

e daí...? Pessoalmetne não vivo para maximizar funções económicas.

Qdo muito, aceito pacificamente que exista algum desemprego pq certas pessoas não aceitam trabalhar (formalmente) nos empregos que "restam" (com as devidas queixas contra "os grandes interesses económicos").

Mas aí é um tradeoff entre criar emprego à martelada só para que toda a gente não se queixe (queixam-se sempre) __e__ "incentivar" (para não dizer obrigar que me soa mal) as pessoas a adaptarem-se regularmente às novas realidades e necessidades do mercado.

AA disse...

Não sei se a pergunta ainda se mantém, mas dificultar despedimentos aumenta o risco de qualquer empreendimento. Em função de factores imprevisíveis, uma empresa pode ver-se com capital subprodutivo que não pode alienar. Estamos a falar de pessoas, e não de máquinas, claro, mas é nas pessoas que temos de pensar quando nos iludimos ao pensar que podemos passar a perna às mais elementares regras económicas. Ao dificultarmos o despedimento, o bom empresarialismo (aquele que terá sucesso no mercado) será aquele que conseguir prever que empregos não devem ser criados, o que é no mínimo uma consequência perversa, mas inevitável, de tão bem intencionada política.

A questão não pode ser colocada dessa maneira. O contrato de trabalho é um pacto voluntário assumido por duas partes, e como qualquer transacção comercial, depreende-se que as duas partes ganhem. Quando o interesse mútuo cessa, qualquer parte deve poder cessar a colaboração, dentro dos termos contratuais.

É fácil olhar para o imediato; estamos num beco sem saída, e qualquer liberalização terá de ser seguida por uma adaptação do mercado laboral— um ajuste que não será socialmente pacífico, graças à rigidez excessiva que o Estado impos (decretou um sistema quase-"ou vai ou racha"). Mas à medida que o risco de empregar diminuir, mais empregos surgirão, alguns sendo "mais precários". Quando o bem "trabalho" começar a ser escasso, porque mais empregos são oferecidos, os salários e regalias tenderão a aumentar, a par com o poder negocial dos trabalhadores. [Este mecanismo sempre existiu, apesar de todas as sabotagens legislativas] E é assim que tem de ser.

Se a política laboral for encarada como um domínio onde o Estado não deve intervir a não ser para fazer cumprir obrigações ou consequências laborais voluntariamente assumidas [e garantir alguns mínimos "neutros", admito-o], o bom empresarialismo será aquele que conseguir descobrir novas formas de empregar capital humano, para gerar riqueza que aproveitará ao empregador e ao trabalhador, e consequentemente a toda a Economia e sociedade.

JLP disse...

Caro AA,

Boa análise, de que partilho!

Abraço