2006/04/18

Ao chegar à melhor parte... tocou o despertador!

Aparentemente, estamos em ano de crescimento económico, de consolidação das contas públicas, de relançamento da confiança dos parceiros económicos.
Este é, pelo menos, o desejo da imprensa generalista e da agência de comunicação governamental.

Contudo, esse estranho e incómodo factor, apelidado de “realidade”, encarrega-se de ofuscar este raciocínio, cravejado, aqui ou acolá, de umas pitadas de misticismo, de psicologia de treinador de futebol, de ensaísmo “Prado Coelheano”.

Ao contrário do prometido nos idos tempos eleitorais, o nível global de impostos subiu para 35,2% do PIB (aumento de 2,9%).
Esta decisão, adicionada a algumas medidas administrativas, permitiu um aumento da receita do estado de mais 2017 milhões de euros (+ 3,4%) do que o previsto.

Perante estes dados, e de acordo com o discurso oficial, o estado seguramente aproveitou para se moderar, reduzindo a dívida pública e o défice orçamental.

Só que, a tal malfada realidade, mostra-nos factos divergentes. Revela que o estado gastou mais 1331 milhões de euros (+ 1,9%) do que o previsto dez meses antes.
Como se depreende de entrevista à Rádio Bagdad e em artigo do Público, Bagão Félix esclareceu (depois de equiparadas as receitas extraordinárias) estes valores, evidenciando um claro aumento do défice de cerca de 1% - usando apenas dados oficiais.
O notoriamente já afectado Ministro das Finanças ver-se-à certamente obrigado a estabelecer um recorde de dívida pública, acima dos 70% (aqui, curiosamente, já ninguém tem medo do capital chinês – ao contrário do que se passa em relação aos EUA).

Receita geral: nada de controlo de custos, mais um aumento de capital da empresa “Portugal”.

Depois de um neo-“alto comissário” para os refugiados, de um neo-embaixador na OSCE, prevê-se já um futuro neo-“qualquer-coisa-que-ainda-não-sei-bem-o-que-é-mas-desde-que-não-se-faça-grande-coisa-e-se-tenha-as-despesas-pagas”.

Pessoalmente, não causa grande incómodo que se continue a chamar redistribuição, solidariedade e justiça a este tipo de gestão.
Mais tarde, não digam que não sabiam de nada!!!…

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