Turquia dá jeito

Diz o Daniel Oliveira que deve ser dada a oportunidade à Turquia de integrar a EU. A tese dele é, essencialmente, esta: dá jeito. E dá jeito por isto:
- seria apenas o emendar de um comportamento cínico da União que há anos anda a brincar ao jogo do rato e do gato com os turcos
- para garantir que a Europa não é um clube confessional
- Era, antes de mais, uma oportunidade histórica para a Europa passar a contar, com a ajuda da Turquia, na política internacional
- [não se pode] Dispensar o influência da Turquia, que vai do Iraque até Marrocos

Já não sei quem disse isto: "A Turquia não é Europa". Acima de tudo, pairando sobre federalismos, directivas, constituições, parlamentos europeus e PIBs-a-3-por-cento, está a identidade europeia. É esta a cola que agrega portuguese, italianos, gregos, franceses, checos, alemães, etc. Esta identidade é feita do comum das línguas europeias, das histórias comuns, dos valores comuns, ..., e, naturalmente, também das religiões em comum (desde que nao seja feita só sobre isso). Se ninguém duvida que, da Finlândia à Grécia, a questão de "ser europeu" não se coloca, isto é porque é muito mais fácil dizer o que não é europeu do que o contrário. Exemplos: um chinês, um sul-americano, um africano a sul do Sahara. Aliás, um americano ou um australiano podem ser (arguably) mais europeus do que um marroquino que fica a 1h de Lisboa.

Não quero dizer com isto que a Turquia não deve fazer parte da EU. Acho que está na franja cinzenta da identidade europeia. Mas uma coisa é certa: "dar jeito" não pode ser o principal critério.