2009/04/17

Carlos Santos defende um partido liberal à Direita do PSD

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3 comentários:

CS disse...

Caro Vítor, se me permite a ideia não seria tanto "ao lado de" mas mais "EM VEZ DE". Isto é, sendo o PSD uma amálgama de social democracia, liberais e populistas, mas tendo tendo nascido com o código genético de um partido socialista, parece-me que o problema da Direita em Portugal é uma desarrumação ideológica profunda: a ala social democrata do PSD devia objectivamente integrar o PS. A ala populista não deve ter grandes problemas em encontrar espaço de junção com um certo CDS/PP. Mas o próprio CDS (como se pode ver no extinto blogue Direita Liberal) tem a dificuldades em definir-se como liberal. Eu julgo que esse espaço político não está representado em Portugal. Como sabe, não me identifico com ele, mas isso não invalida que ache que as pessoas se possam identificar. E preferia um sistema partidário arrumado, em que o PS fosse o que é (um partido de socialismo democrático) e existisse um espaço para um partido nascido da tal aliança entre conservadores e liberais ou para um partido democrata cristão e para um partido liberal (como sabe a solução da conjugação não é incomum por essa Europa). Agora um partido social democrata dizer-se de centro direita é que não tem grande nexo a meu ver...

Cumprimentos,
Carlos Santos

Vítor Jesus disse...

Caro Carlos,

Eu achei a sua análise muito completa e subscrevo totalmente, salvo vestígios de "bias" de esquerda de quem (como diz) não se identificaria com esse partido liberal.

Pessoalmente, eu rever-me-ia num partido - digamos - liberal-social, que muitos confundem com a social-democracia mas que, e o seu post é valioso nesse sentido, são caminhos que se podem cruzar mas que têm pontos de partida totalmente distintos. É que, num modelo simples, um liberalismo-social teria como ponto de partida o liberalismo e a social-democracia (incluindo o próprio PSD) começa pelo "social".

Francamente, não sei até que ponto é que os caminhos se podem cruzar. Nesse sentido, o PSD ou anda à deriva (penso que não tanto como diz) ou então está a caminho de uma espécie de síntese Hegeliana.

Divergências de opinião à parte, o seu post passou a ser uma referência pessoal que me vai poupar daqui para a frente longas introduções.

CS disse...

Caro Vitor Jesus,

Se me permite continuar a conversa, que pela minha parte estou a achar muito interessante, os pontos que tentarei reflectir numa agenda futura, têm a ver com a possibilidade de um partido liberal com vocação de poder em Portugal. Vindo de alguém de esquerda, como me identifica correctamente, acredito que o que vá dizer tenha mais peso: há uma dependência do Estado em Portugal, que é herderia do Estado Novo (não é segredo para nenhum de nós que Salazar não era um liberal; e faço parte daqueles que acham até injusto chamar-lhe fascista, porque os traços dos líderes fascistas envolviam uma componente de exaltação do nacionalismo de Estado que não encontro em Salazar). Mas o Estado Novo fomentou essa dependência, mesmo na óptica das más práticas empresariais com o condicionamento industrial. Aliás, subscrevo a Maria José Nogueira Pinto quando ela diz que a Igreja é a única organização clara da Sociedade Cívil em Portugal. Nesse sentido, as empresas e as pessoas sempre se encostaram ao apoio social.
A minha questão passa por saber se um partido que se apresente apenas com um programa liberal (e já não estou a falar em extremismo randianos) têm alguma base de apoio em Portugal que lhe permita ser mais eleitoralmente que um Bloco de Esquerda...
As declarações do António Pinto em 2008, aqui registadas (http://31daarmada.blogs.sapo.pt/1391344.html) dão bem nota da dificuldade dos políticos portugueses em assumirem um projecto que vá na esteira, se quiser, do ultra-conservadorismo fiscal de alguns Estados americanos.
Não sei o que pensa a respeito. Como digo, é uma conversa interessante, mas não quero estar a invadir o seu espaço em permanência à conta disso.
Obrigado pela atenção.

Cumprimentos,
Carlos Santos