2009/03/26

ainda sobre o papa e o preservativo

Eu sempre disse que a Igreja tem sido de uma enorme coerência. A questão, para mim, é tão somente esta: se o pensamento da Igreja, cujos pilares são obviamente antigos e pouco foram mudando à escala de séculos, é essencialmente imutável (consequência de ser emanado de fora do Homem), manda a coerência que as suas posições sejam também rígidas.

Quanto se trata de um assunto tão prático como o uso do preservativo, o aborto ou a ordenação de mulheres, não se pode esperar que aspectos práticos e mundanos tenham grande impacto. Além disso, quando o que a Igreja defende é, nitidamente, uma solução para o problema, mais razão tem a Igreja em defender as suas ideias "retrógradas" (as aspas são importantes).

Em relação ao preservativo, o aspecto prático é de absoluta menor importância para a Igreja e ainda menos para Ratzinger. E eu leio o que ele diz da seguinte forma: sigam os preceitos religiosos e, como bónus, ainda se protegem das DST.

Obviamente que sim. Alguém no seu perfeito juízo não vê que as DST seriam minimizadas se (e.g.) todos praticassem abstinência ou tivessem apenas um parceiro durante toda a vida? Obviamente que funcionaria.

Dados estes dois aspectos -- (i) a supremacia da vivência religiosa sobre os aspectos temporais que (ii) em simultâneo funciona como um irrefutável estilo de vida contra as DST) -- eu espero que a Igreja continue a defender o que defende porque é um exemplo de coerência e de ordenação de valores.

Agora, ao mesmo tempo que esta coerência toda é notável, não esperem que eu seja católico. Mas isso é a minha opção pessoal, o que significa que uso preservativo.

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