2008/03/20

Perspectivas sobre o 5º aniversário

Se houve povo prejudicado sem dúvida nenhuma pela invasão do Iraque de há 5 anos foi o povo Americano. Podem ser feitas análises diferenciais sobre o impacto no povo Iraquiano no que toca ao número de vidas perdidas, ao nível de vida actual e potencial, ou sobre as liberdades perdidas e ganhas. Dependendo dos analistas e das hipóteses são tiradas conclusões favoráveis a cada um dos lados, o do ganho ou da perda para o Povo Iraquiano.

As análises que apontam para um diferencial negativo baseiam-se em cenários catastróficos, de extremo e pouco suportados pela realidade. Nem o Iraque tinha potencial para atingir os EUA nem eram um ninho para as Al Qaedas que por aí andam. O custo humano e económico que os EUA pagaram e continuarão a pagar é objectivamente enorme. Ainda maior o custo ao nível da imagem da “América” e dos Americanos. A “terra da liberdade” levará muito tempo a re-conquistar os corações perdidos por esse mundo fora. Esse capital de simpatia levará muito tempo a ser conquistado e terá um custo de oportunidade difícil de medir. As Democracias liberais têm ganho espaço no mundo não com guerra e sim pelo exemplo.

Um diferencial sobre outro diferencial. Será que o Bloco de Leste teria caído quando caiu se a América de então tivesse a imagem da América de hoje?

PS: Fui dos que na altura pensou que fosse boa ideia derrubar um ditador responsável por tanto sangue derramado.

8 comentários:

Mentat disse...

"Será que o Bloco de Leste teria caído quando caiu se a América de então tivesse a imagem da América de hoje?"

Caro Ricardo

Por esta frase deduzo que tenha aí uns 18 anitos ou menos.

A implosão da URSS, e consequentemente do Pacto de Varsóvia e do Bloco de Leste, deu-se no seguimento da acção de Ronald Reagan.
Segundo a "imprensa esclarecida" da época, Reagan era "um actorzeco de westens serie B", um militarista que relançou a corrida aos armamentos ao inventar a IDE (guerra das estrelas) e ao insistir em instalar os euro-mísseis na Europa.
Um “criminoso” que sobre falsos pretextos invadiu a Ilha de Granada para destronar um “legitimo” governo marxista.
Um “hipócrita” que supostamente apoiava o Iraque, mas fornecia armas ao Irão.
Um malandro que boicotou os Jogos Olímpicos só pela ninharia da URSS ter invadido o Afeganistão.
Um “fascista” cuja política económica se baseava nas teorias dos “boys de Chicago” que como toda a gente sabe, “colocaram” Pinochet no poder do Chile.
Além disso também apoiava a UNITA que como se sabe era um movimento imperialista que lutava contra o benévolo governo do MPLA em Angola.
Não havia “gaffe” de Reagan que não servisse de abertura em qualquer telejornal.
Quando Reagan visitou Portugal, as paredes das ruas onde ele passou vindo do Aeroporto estavam todas grafitadas, com as frases mais abjectas.
Meu caro, a imagem da América hoje é maravilhosa, em comparação com a da época.
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Mentat disse...

"...boa ideia derrubar um ditador responsável por tanto sangue derramado..."

Isso era, é e será sempre uma boa ideia.
E os heróicos 4000 e tal soldados americanos que deram a vida por esse objetivo merecem de nós o máximo de respeito.
Assim como merecem o máximo respeito os seus Pais e Avós que se sacrificaram, pelo mundo inteiro, para que nós hoje, possamos estar a aqui livremente a dar bitates sobre a boa ou má imagem da América.
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Ricardo G. Francisco disse...

Mentat,

O goveno de Reagan aumentou a liberdade individual, não o imagino a avançar com Patrict Acts e afins.
Reagan deixou uma américa mais forte economicamente.

Esta América é muito menos invejável que a América de Reagan.

Sabe que sou um admirador da América e do que ela simboliza. Por isso tenho pena.

Mentat disse...

"Sabe que sou um admirador da América e do que ela simboliza."

Portanto é um dos meus, caro Ricardo.

As minhas toscas palavras do comentário acima destinaram-se apenas a relativizar o problema.
Eu já vivi tudo isto há 20 anos atrás e posso-lhe garantir que a imagem da América de Reagan junto da "inteligência" europeia era bem pior do que a de hoje.
É que, hoje em dia, ainda disfarçam.
Os ódios não são à América, são só à “Administração Bush”.
Naquele tempo não havia essas frescuras - na América era tudo mau.
Dizer que se admirava o pensamento e a acção de Reagan era passar um atestado a si próprio de retardado mental.
E isto digo-lhe por experiência própria e pessoal.

Hoje existem N países na Europa, na África e na Ásia que idolatram a América e Bush e isso não acontecia no tempo de Reagan.
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Mentat disse...

"O goveno de Reagan aumentou a liberdade individual, não o imagino a avançar com Patrict Acts e afins."

Reagan faria o que tinha ser feito, e fez, o que fosse necessário para defender a América e os Aliados dos inimigos da Liberdade.

Por isso se fosse necessário um Patriot Acts fa-lo-ia de certeza.
Não tenha disso a minima dúvida.
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Mentat disse...

Caro Ricardo

Se aprecia tanto a América devia recordar que o Presidente não legisla.
Propõe legislação que é aprovada (ou não) pelo Congresso.
O Patriot Act já nem sequer está em vigor.
Agora a legislação de segurança chama-se "The Protect America Act of 2007".

Mentat disse...

Agora uma coisa é curiosa.
É nós, Portugueses, criticarmos legislação aprovada legal e democraticamente pelo Parlamento de outro País, cerceando eventualmente algumas liberdades e garantias ao Povo desse País, liberdades e garantias essas, que nós próprios não possuímos.
Ou seja um Acto Patriótico Português era vazio de sentido, porque cerceava o inexistente.
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Anónimo disse...

Há várias Américas. NY não é a América nem São Francisco.
Crumb não quer lá voltar nem que lhe paguem. Henry Miller chamou-lhe pesadelo de ar condicionado, boa metáfora, que não perdeu actualidade.
Não tem conta o número de escritores americanos que detestam a ideia da America, o que ela é, o que representa, a sua imagem interna e externa, a sua religião económica e a outra, qual delas mais sufocante, segundo eles.

Eu também amo a América, a que fica entre as cidades. E os americanos, os que passaram, além do Burro e do elefante.