2008/03/19

De quem é a culpa?

É importante, no combate ao colectivismo, defendermos as pessoas que vivem dentro e do sistema colectivo. Paradoxal? Não.

O sistema defende-se culpando os indivíduos que o representam ou gerem. O problema, tal qual identificado pelos defensores do colectivismo, será sempre o indivíduo ou um grupo de indivíduos, não o sistema. Esta abordagem garante a perpetuidade do sistema colectivista democrático. A ira do povo quando algo de errado acontece vai de encontro não com o sistema, que quanto muito poderá ser apresentado como insuficiente, mas sim contra indivíduos.

Vemos o dia a dia da política nacional. A oposição pede a demissão de um ou outro ministro. De um ou outro director geral. Pedem a demissão do primeiro-ministro. Não pedem a alteração do sistema. Façam-se alterações de cosmética, mas não de fundo. Eles são a razão do problema, se fossemos “nós” tudo seria diferente. Votem em nós.

Por isto é importante defender os funcionários públicos. Não na perspectiva corporativista que um PC defende. Defender os indivíduos. Lembrar que “eles” não são a razão do problema. O problema é o sistema. O sistema é que tem de ser drasticamente alterado. Pelo caminho da mudança, lembrar os funcionários que, se perdem privilégios, não é por serem os piores ou os “maus da fita”, da mesma forma que se antes os obtiveram também não foi por serem os melhores nem “heróis do povo”.

É claro que para esta abordagem fazer sentido para um partido da nossa realidade política, seria necessário que algum destes partidos quisesse de facto alterar o que são as funções do estado e o seu posicionamento perante os cidadãos. E nenhum quer. Parece que a culpa vai continuar a ser do contínuo da Câmara municipal de Lisboa e do motorista do ministério da Defesa.

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