Quero andar a 120Km/h na 2ª circular !
Todos temos a noção de que o consumo de combustível do nosso automóvel aumenta com a velocidade. Ao atribuir um valor ao tempo gasto ao volante, deparamos-nos com uma escolha. É mais valioso o tempo poupado ao volante, ou o combustível que podemos poupar reduzindo o velocímetro?
Por falta de ponderação, a decisão acaba por ser tomada de uma das seguintes maneiras:
1) Limitando a velocidade segundo a percepção daquilo que deve ser razoável
2) Limitando a velocidade pelos máximos legais numa determinada estrada
3) O carro não dá mais
O tempo é igualado em termos remuneratórios àquilo que se recebe pelo mesmo despendido, ou seja, o ordenado líquido. Um funcionário dependente irá trabalhar (assumindo a elasticidade da carga horária) um determinado número de horas, em que o dinheiro tem uma utilidade marginal decrescente, e o tempo livre que lhe resta, uma utilidade remanescente crescente. Ambas as funções de valor interceptam-se no valor horário de 40 horas semanais, decreta e postula o nosso governo, aliviando-nos assim (reles cidadãos) da enfadonha tarefa de ter de fazer tais considerações.
Resta-nos então fazer contas, e converter uma velocidade horária para um ordenado mensal. Vamos tomar como exemplo um VW Polo 1.6 a Gasolina. É claro que um VW Polo é mais poupado que um BMW topo de gama. Mas a decisão não depende do consumo, depende do aumento de consumo com a velocidade. O factor de decisão depende do valor marginal de consumo dependendo apenas da velocidade, pois quanto maior a velocidade, maior o esforço que se tem de fazer para vencer o atrito do ar. O factor de consumo basal é assim irrelevante para a análise. O facto de o carro ter um alto consumo, assim como o alto custo de um carro de maior cilindrada são ambos custos afundados. Interessa aqui apenas decidir em função da velocidade.
O motor tem um consumo basal de b L/100Km, ao qual deveremos acrescentar um valor aerodinâmico a que evolui quadraticamente com a velocidade. A função quadrática que depende da velocidade e das duas constantes aqui atrás definidas é:
C(x) = a v 2 + b
C(x) é o consumo (L/100Km) do carro
a é a constante aerodinâmica
b é o consumo basal do carro
Para estimar as constantes a e b no meu carro, vou utilizar o computador de bordo e faço algumas leituras, para de seguida fazer uma interpolação da função. Utilizando o computador de bordo constata-se que o consumo instantâneo do automóvel é de 4,9 a 100 Km/h, e de 6,0 a 120 Km/h.
Concluo portanto que a intenção do Costa em reduzir a velocidade na 2ª Circular não vai de forma alguma no melhor interesse dos Lisboetas, uma vez que de acordo com o salário médio de um automobilista deveria situar-se pelo contrário acima dos 100Km/h.
Nota: este post é uma republicação de um muito parecido há um ano atrás
5 comentários:
Se por tua causa eu tiver um aciedente, quanto é que isso custa em litros de gasolina?
E, já agora, porquê apenas 120km/h?
Já agora...
"Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), referentes ao terceiro trimestre de 2007, o salário líquido mensal dos trabalhadores por conta de outrem, por sectores de actividade, é de 779 euros nos serviços, 636 euros na indústria, construção, energia e água, e 489 euros na agricultura, silvicultura e pesca."
Ora, 100km/h corresponderia a um salário superior à média nacional.
Igor, o post diz explicitamente "eu quero". Cabe aos outros colocar as suas reivindicações em cima da mesa. A ideia do post é mesmo medir financeiramente as concessões que se fazem, nomeadamente em nome da segurança rodoviária.
Bom, quanto aos dados do INE, não representam a população activa Lisboeta com pelo menos 1 carro. Estou a falar da pretensão dos automobilistas.
E ir à merda tambem nao queres?
O Pipi já está na merda. Como não é de certeza milionário e o bem estar e qualidade de vida para ele medem-se em $$, enquanto não fôr tão rico como o gajo mais rico do mundo vai andar frustrado... E como bom português que é, descarrega a sua frustração no acelerador do carro. Daí não ficar rico - sempre a gastar....
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