2008/01/17

Terrenos à borla para empresas falidas

O ministro da Economia, Manuel Pinho, fez hoje um veemente apelo para que sejam disponibilizados "rapidamente" os terrenos necessários para permitir a expansão da fábrica da Citroën em Mangualde e assim se evite a sua deslocalização para Marrocos.

[...]Em conferência de imprensa, Manuel Pinho advogou que a indústria automóvel "está a viver um bom momento em Portugal" e que ainda na semana passada a Autoeuropa de Palmela anunciou a intenção de produzir um quarto modelo, possibilitando por essa via "uma duplicação da sua produção".

"Isto demonstra que Portugal pode ser competitivo no sector automóvel, (???) não apenas nas marcas, mas também no mercado dos componentes. Nesse sentido foi iniciado um processo de certificação e qualificação da indústria de componentes", disse.

[...] Manuel Pinho disse que "tem havido contactos próximos" entre o seu Ministério e a administração da fábrica de Mangualde, quer em Portugal, quer em França. "Têm sido dadas garantias quanto à unidade actual, mas [a administração] coloca a possibilidade de expansão da sua produção", observou.

Segundo o ministro da Economia, para que haja uma atitude de "competitividade, é essencial darem-se boas condições às empresas" - no caso da Citroën "terrenos para a expansão da fábrica".

Público
Numa sociedade de valores artificiais, como é o caso da nossa agora, qualquer actividade empresarial danosa torna-se lucrativa se o seu break-even estiver 20% aquém do custo actual, e a actividade for comparticipada pelo estado em 20% através de incentivos.

Este é também o modelo da Autoeuropa e da moribunda Opel Azambuja, caso em que os subsídios não impediram deslocalização nenhuma. O governo faz contas com os encargos sociais (subsídios de desemprego) que não vai ter em zonas com alto desemprego. Em vez disso o governo encaixa os impostos desses trabalhadores dependentes, assim como o "lucro" da actividade da empresa.

Isto é um modelo em que:
  1. Se baixa os impostos de maneira selectiva. Apenas as grandes empresas têm privilégios de isenção fiscal (indirectamente, através de ajudas, gastos do estado em formação de empresas privadas, cedências de terrenos, e de modo não transparente. Pagam o imposto, e o Estado devolve de outras formas)
  2. Não existe igualdade de tratamento fiscal perante a lei
  3. Apenas faz bons negócios quem tem amigos no governo
  4. São recompensados os piores empresários
  5. Os melhores empresários são penalizados, e obrigados a pagar os impostos dos restantes
  6. O governo segue uma política económica “visionária” que apenas tapa os buracos do curto prazo, e compromete o futuro do país
  7. A aristocracia do dinheiro (meritocracia) é substituída pela aristocracia do tráfico de influências (máfia, é como lhe chamam na minha terra)
Texto roubado também daqui

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