2007/09/18

O Canalha

A imprensa faz e desfaz heróis. Yunus hoje não ganharia o Nobel. A ideia subjacente à sua distinção, a da massificação do crédito, passou subitamente ao descrédito. Assim, Yunus hoje não é mais um herói. Basta abrir qualquer jornal para perceber isto.

Yunus é um bandido, um patife usurário que se aproveitou de um dos povos mais miseráveis do planeta para lhes cobrar juros acima do nomal, pelo facto de serem devedores de risco que ninguém aceitaria. E assim enriquecer.

Yunus junta-se assim a Egas Moniz e Yasser Arafat nos malditos infames galardoados pela academia Nobel. O seu retrato irá para a galeria do arrependimento. Assim dita doravante a opinião mainstream. A facilidade de credito é hoje mal vista, e é apontada como responsável pela actual crise financeira. A opinião publica não está interessada em responsabilizar os particulares quando estes contraem um empréstimo. São unicamente os usurários os responsáveis. Afinal, o banco de Yunus provavelmente não provocou uma crise social no Bangladesh por mero acaso. Mas todo o modus operandi está lá.

O canalha foi desmascarado.

4 comentários:

JLP disse...

Faltou, pelo menos, este na lista.

Anónimo disse...

Ou o Filipe está a gozar (creio ser este o caso), ou está a dizer enormes calinadas.

O microcrédito de Muhammad Yunus é tudo menos um "crédito para todos". Muitíssimo pelo contrário. No esquema de Yunus, só pessoas muitíssimo selecionadas, triadas, testadas, recebem crédito. A diferença é que a triagem não é feita em termos de colateral. Não se pede àqueles que pedem microcrédito que dêem garantias monetárias de pagar, mas sim que dêem garantias de personalidade, de boas ideias económicas, de acompanhamento e apoio por outros membros da sociedade, etc.

No esquema de Yunus, tipicamente, uma pessoa só recebe crédito muitos meses depois de começar a frequentar reuniões com outras pessoas envolvidas. As ideias económicas e a personalidade da pessoas são seriamente testadas antes de o crédito lhe ser concedido. Também, a pessoa está inserida num grupo que lhe dá apoio e que se co-responsabiliza pelo crédito concedido e pelo investimento implementado.

E o microcrédito é crédito ao investimento, não é crédito ao consumo (de casas), como o "subprime" norte-americano.

Nada de confusões, portanto.

Luís Lavoura

AMN disse...

Confesso que igualmente não entendo estes posts.

O Banco de Yunus atribui crédito para investimento e não, como acontece por estas bandas, crédito para consumo. Crédito esse que conta com um nível de risco que é reflectido, como nunca foi escondido, nas taxas superiores que são aplicadas.

Não existe aqui nenhum incentivo ao sobreendividamento: trata-se de um banco privado que se limita a estar no mercado e que, pelos vistos, contribuiu no seu país para um aumento do nível de vida.

Anónimo disse...

Ainda outro pormenor: no microcrédito está-se tipicamente perante créditos a curto prazo, que se destinam a ser pagos de volta em dois anos ou coisa assim. Uma mesma pessoa pode pedir muitos micro-créditos, mas tipicamente só pede cada crédito depois de já ter pagado completamente o crédito anterior. Portanto, nunca ficam grandes quantias por pagar. Nada em comum com o crédito hipotecário, no qual uma pessoa recebe de uma só vez uma enorme quantia para as mãos - e o banco se arrisca a "ficar a arder" nessa quantia toda.

LL