2007/07/09

Ahmed vs. John ou a Supremacia da Solidariedade

Ahmed Rachid - Olha não me queres transferir uma parte do teu dinheiro para a minha conta?

John Smith - Nem por isso.

Ahmed Rachid - Estou numa situação de necessidade.

John Smith - Certo, mas não tenho culpa. Além disso tenho o direito de não viver para os outros. Ou pelo menos de escolher quem quero ajudar.

Ahmed Rachid - Vou ter de te tirar o dinheiro à força.

John Smith - Não. Não tentes isso. Eu tenho um tanque de combate à porta de casa. Provavelmente acabavas seriamente ferido, ou morto a tentar. Tenta obter dinheiro de outro modo.

Ahmed Rachid - Bom, então se não conseguir obter o dinheiro agindo contra ti, posso atingir outras pessoas.

John Smith - O que vais fazer?

Ahmed Rachid - Se não contribuíres para a minha sobrevivência eu posso vir a tomar acções que colocam em risco a tua vida, assim como a vida da tua família.

John Smith - Como assim?

Ahmed Rachid - Quando menos esperares.. algo acontecerá.

John Smith - Isso não se trata de terrorismo ?

Ahmed Rachid - Sim. Mas não te posso dizer de que forma vou agir, nem quando. Nem quem, se tu ou alguém da tua família será atingido. Se o fizesse, estaria a comprometer a minha probabilidade de sucesso. Apenas te posso dizer que algo de terrível te vai acontecer.

John Smith - O caso muda então de figura.

Ahmed Rachid - Estás interessado no meu conforto?

John Smith - Não. Não mais do que há dois minutos atrás. Apenas sinto receio por mim, e por outras pessoas de quem gosto. Nutro afecto por elas. O tal que não sinto por ti. Se fosse por ti não me importava, mas estás a por em causa a minha família e amigos. E se os ameaças, prefiro dispensar algum dinheiro do que correr o risco.

Ahmed Rachid - Peço-te também que para além de me transferires o dinheiro, que desactives as defesas de tua casa. Não me quero sentir ameaçado quando passar por lá.

John Smith - Eu desactivo-as. Não disparo quando passares por lá. Diz-me: 1.500 € chegam-te para viver dignamente por mês?

Ahmed Rachid - Se me deres 2.500 € vais-te sentir mais seguro.

John Smith - Dou-te 2.500 €.

Ahmed Rachid - Uma última coisa.

John Smith - Diz. Mas, conclui depressa, porque estou a ser coagido a algo que não quero, e isto tudo torna-se muito desagradável para mim.

Ahmed Rachid - Queria ainda dar-te uma lição de moral.

John Smith - Diz.

Ahmed Rachid - Quero que admitas, que o caminho do Diálogo e da Solidariedade é do teu interesse. Quero que digas que o terrorismo não pode ser combatido com a repressão. E que a recusa destes princípios da tua parte apenas vai despertar a minha cólera. Como te recusaste no passado, e ousaste ser mais bem-sucedido do que eu, sem partilhar comigo os frutos do sucesso, és o culpado pela situação. Tenho aqui o manifesto. Assina. E assina o cheque também.

John Smith - Certo. Aqui tens os dois.

Ahmed Rachid - Suponho que é um gesto difícil para ti.

John Smith - É uma factura pesada. Mas uma decisão fácil. Não me deixas alternativas, o que facilita a decisão.

1 comentário:

AchaMesmo? disse...

Bom, o João Miranda do Blasfémias diria que o chequinho e a converseta são o prémio a pagar pela segurança..