2007/05/09

Os ganhadores e perdedores de uma lei restritiva em relação ao fumo em estabelecimentos privados

Ganhadores:

  1. Não fumadores, que até agora se recusavam a frequentar estabelecimentos comerciais devido ao fumo e que gostem de os frequentar sozinhos.
  2. Não fumadores, que até agora se recusavam a frequentar estabelecimentos comerciais devido ao fumo cujos amigos também sejam não fumadores.
  3. Não fumadores, que até agora se recusavam a frequentar estabelecimentos comerciais devido ao fumo cujos amigos fumadores não se importem de frequentar esses estabelecimentos não fumando.
Perdedores:
  1. Fumadores, que se recusem a frequentar estabelecimentos comerciais devido à proibição de fumar.
  2. Não fumadores, para quem seja essencial frequentar esses estabelecimentos comerciais com amigos fumadores que se recusam a frequentá-los pela proibição do fumo.
  3. Empresários que abriram estabelecimentos onde é permitido fumar em toda a área porque terão que infringir a lei ou perder os dois tipos de cliente acima referidos.
  4. Empresários que abriram estabelecimentos onde era proibido fumar, porque perderão a vantagem competitiva por si antecipada ao abrirem o estabelecimento com aquela regra específica.
  5. As crianças, filhos de pais fumadores que deixarão de poder fumar nos sítios habituais, passando a fumar em sítios que estes frequentam mais, como a habitação ou o automóvel da família (demagogia pura, concedo, mas não deixará de ser verdade em muitos casos)

4 comentários:

Anónimo disse...

4. Empresários que abriram estabelecimentos onde era permitido fumar, porque perderão a vantagem competitiva por si antecipada ao abrirem o estabelecimento com aquela regra específica.

Desculpa lá, mas sendo hoje todos os estabelecimentos para fumadores, é um bocadinho dificil argumentar que isso poderia constituir uma vantagem competitiva. Podes quanto muito por ao contrário - estabelecimentos onde não era permitido fumar, que agora terão muito mais concorrência (lá se foi a minha oportunidade de negócio - os cafés "no smoke"...

5.As crianças, filhos de pais fumadores que deixarão de poder fumar nos sítios habituais, passando a fumar em sítios que estes frequentam mais, como a habitação ou o automóvel da família (demagogia pura, concedo, mas não deixará de ser verdade em muitos casos)

Também aqui, os pais que têm já a preocupação de não fumar em casa ou no carro, não deixarão de a ter - continua a ser possível fumar na rua. Acho este ponto exagerado...

Mas se a questão são as crianças, faltou-te o inverso - as crianças (que não tem escolha) que vão com os pais aos cafés e restaurantes onde estavam pesssoas a fumar.

Faltam ainda os fumadores que passam a poder ir a cafés com não fumadores que se recusavam a ir a um café porque se fuma em todo o lado.

Estamos também a considerar que todos os fumadores são contra a nova lei (o que não é obrigatoriamente verdade, mas dou de barato - as estatísticas dizem que quase todos os fumadores são contra, e quase todos os não fumadores são a favor).

Se o objectivo era garantir superioridade numérica para algum deles - fica 5/4 por número de alíneas (embora muitos mais grupos possam ser imaginados, e o meu objectivo não seja forçar aqui uma maioria). É que a estatística certa implica contar quantas pessoas ficam em cada alínea...

Carlos Guimarães Pinto disse...

Snowball, hoje em dia já existem estabelecimentos onde é proíbido fumar. São poucos, mas existem. O Pizza HUt por exemplo guarda em alguns restaurantes uma pequena área para fumadores. Em alguns restaurantes, nem isso...
Já abriram bares onde era proíbido fumar que não tiveram grande sucesso.
A intenção aqui não é fazer uma análise custo-benefício. O que está aqui implícito é que vai haver um grupo protegido com uma lei deste género. Grupo esse, que em liberdade de escolha, não tinha imposto a sua vontade.

Anónimo disse...

Tudo bem - o que eu estava a dizer é que alguns dos argumentos não estavam correctos.

De qualquer forma, acho que este é um caso típico da teoria dos jogos, em que cada um individualmente escolhe a solução que menos lhe convém.

A escolha colectiva poderia ser defensável neste caso - mas a ausência de real negociação e consenso entre as partes é lamentável. Era sem dúvida possível chegar a melhores soluções que esta (começando por obrigar todos os estabelecimentos a optar, e não lhes permitir ser omissos quanto ao fumo.)

Afinal, a liberdade de escolha dos empresários reflectiu-se na sua não escolha...

Acredito também que os estabelecimentos para não fumadores tenham muito mercado - mas na economia real a informação perfeita não existe (portanto, poucos sabem desses cafés). Esta informação imperfeita gera um grande custo para a inovação...

Anónimo disse...

A "vantagem" competitiva dos restaurantes passa a ser a esplanada. (Presumindo que ainda seja permitido fumar nas esplanadas ;)). Até pode ser que estas, finalmente, venham a ser tão bem aproveitadas como p.ex. as de Paris, com aqueles corta-ventos e aquecedores exteriores a que sempre achei um piadão. ;)