O melhor foi mesmo ir dormir
Ontem ainda me afoitei a ver o Prós e Contras, que versava sobre as problemáticas do trabalho no nosso país.
A composição das mesas de discussão foi logo sintomática: de um lado, o ministro do trabalho; do outros, as confederações sindicais. O resto seriam, concerteza, pormenores.
O resto, de tão previsível, foi confrangedor. Desde os dirigentes sindicais a abanarem os espectros e demónios do costume, à demonização da flexigurança (vá-se lá até pensar em algo mais), do neo-liberalismo que entra pela janela, aos empresários que são todos uns bandidos-escravizadores-opressores-do-proletariado, aos patrões de mão estendida e plenos de autoproclamada "responsabilidade social", assistiu-se a mais do costume. Esta gente continua toda autísta e de olhos fechados. O barco naufraga e todos estão entretidos a fazer queixas das fugas no convés e de quem é o responsável, e a pedir ao padrinho que tape os buracos.
Houve contudo alguns momentos curiosos e, apesar de tudo, assinaláveis: um foi protagonizado por Carvalho da Silva, que afiançava respeitosamente ao ministro que a greve geral e que a actividade sindical em curso não era "contra o governo", mas sim para forçar à "mudança de políticas". Parece que em governo de esquerda, principalmente quando o partido que o sustenta tem "socialista" no nome, ainda se não mexe. Outro foi o do representante da federação dos contrutores civis, que com ar pesaroso lamentava a falta de obras públicas, e que assim a coisa ficava difícil. Nada como uma boa OTA (cheia de estacas e aterros) ou uma ou outra obra de regime ou rotunda para reabilitar a coisa.
É este o mercado de emprego que temos. It'll end in tears...
Fui para a cama sem acabar o programa. Foi bem melhor.
2 comentários:
Esperemos que na cama tenha tido boa companhia.
Foste tu e eu.:)
Há tanta coisa para discutir no domínio do trabalho e esta gente continua a utilizar os mesmos argumentos fossilizados de sempre. Não há pachorra.
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