2007/05/04

Leituras

Quando, no último Prós&Contras da RTP, um dos intervenientes no debate falou sobre a defesa do património gastronómico português (referindo as virtudes daqueles que preservam receitas seculares da cozinha do país), o Inspector-Geral da ASAE respondeu desta forma: (...) antigamente também andávamos de carroça, agora andamos de carro (...) — cito de memória. Assim se arruma o arroz de cabidela numa prateleira poeirenta da cave do edifício da cultura portuguesa, e assim se denuncia uma agenda de burocrata com tiques de déspota e a arrogância de quem acredita ser um iluminado. (Vale a pena ler a lista de letreiros e avisos que certos estabelecimentos deverão ter afixados, em local bem visível e com caracteres facilmente legíveis pelos utentes; tudo para proteger o consumidor, essa criança desamparada que, sem o Estado, seria uma presa fácil de empresários com poucos escrúpulos!)

Na jornal Expresso do passado fim-de-semana, Miguel Sousa Tavares elenca alguns dos atentados à liberdade a que temos estado sujeitos desde há algum tempo. Perto do final, quando acreditamos que já nada nos pode surpreender, surge esta revelação: (...) E, finalmente, esta pérola de suprema inspiração ditatorial. O legislador quer regular como é que um caçador deve conservar e guardar as armas em casa: dentro de um armário, de características especificadas na lei. Para se certificar que ele assim o faz, a lei conferiu à polícia poderes que lhe permitem, a qualquer hora, bater à porta de casa de um caçador, entrar sem mandado algum e ir vasculhar as suas armas. E não podia faltar: já que ali estão e as armas também, podem fazer ao caçador um teste de álcool na sua própria casa! (...) Há alguém que ainda acredite que vivemos em liberdade? Muita gente. E gente que anda com o cravo vermelho na lapela a gritar impropérios anti-fascistas, mas que nunca soube, nem quis saber, o que é a Liberdade.
Liberdade?, por Carlos Miguel Fernandes, no No Mundo.

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro JLP, é bom saber que não andamos a falar sozinhos!
Um abraço.

JLP disse...

:-)

Nada disso, nada disso...

Abraço!